16 julho 2013

Pela 1a vez, Lula analisa os protestos de rua


Diz que o PT precisa de renovação e que as novas gerações mostraram que não são conformistas, apáticas e indiferentes às questões públicas.


Artigo no New York Times, 16/07/2013 (em Inglês).

Resumo feito por por Cristiane Agostine, Valor Online, 16/07/2013:

NYT, Lula recomenda “profunda renovação” ao PT

Ao tentar explicar as recentes manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o PT precisa passar por uma “profunda renovação”. Em artigo publicado nesta terça-feira no site do jornal “The New York Times”, Lula afirmou que o partido, do qual é presidente de honra, precisa recuperar seus laços com os movimentos sociais e “oferecer novas soluções para novos problemas”. O ex-presidente disse ainda que o PT não deve tratar os jovens de forma paternalista.

Em seu artigo como colaborador do jornal americano, Lula explorou o tema das manifestações de junho sob o título “A Mensagem da Juventude  Brasileira”. No texto, ele reafirma os princípios da democracia e defende a política partidária. Os movimentos de rua procuraram excluir os partidos.

Ainda assim,  afirmou que os partidos não estão em sintonia com a sociedade — o povo estaria na era “digital”, enquanto a política estaria na fase “analógica”. Lula defendeu que os partidos se abram a novas tecnologias e novas formas de comunicação para aproximar-se da sociedade.

No artigo, o ex-presidente disse que a “democracia não é um compromisso de silêncio” e que os jovens querem ser ouvidos. “As pessoas simplesmente não querem votar a cada quatro anos. Eles querem interação diária com os governos locais e nacionais, e participar na definição de políticas públicas, oferecendo opiniões sobre as decisões que os afetam cada dia”, escreveu.

Lula afirmou que os protestos não se configuram em uma “rejeição da política”. “Eu acho que é precisamente o oposto: eles [os protestos] refletem um esforço para aumentar o alcance da democracia, para incentivar as pessoas a participar mais plenamente”, disse no artigo.

O ex-presidente afirmou que as preocupações dos jovens manifestantes não são “puramente materiais” e que eles querem serviços públicos com mais qualidade.

“Eles querem maior acesso ao lazer e atividades culturais. Mas acima de tudo, eles exigem instituições políticas que são mais limpos e mais transparente, sem as distorções do sistema político e eleitoral anacrônico do Brasil, que recentemente se mostrado incapazes de gerir a reforma”, afirmou Lula. “A legitimidade dessas demandas não pode ser negada, mesmo que seja impossível encontrá-las rapidamente. É preciso primeiro encontrar fundos, estabelecer metas e definir prazos”, disse o petista.

No artigo, o ex-presidente elogiou a proposta de plebiscito sobre reforma política, feita pela presidente Dilma Rousseff. Lula destacou também outro anúncio feito pela presidente, que defendeu “um compromisso nacional para a educação, saúde e transporte público, em que o governo federal iria fornecer apoio técnico e financeiro substancial para estados e municípios”.

Segundo o ex-presidente, as manifestações “são em grande parte o resultado de sucessos sociais, econômicos e políticos”. Em seguida, enumerou realizações de seu governo e de sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff. “Na última década, o Brasil dobrou o número de estudantes universitários, muitos de famílias pobres. Nós reduzimos drasticamente a pobreza e a desigualdade. Estas são conquistas importantes, no entanto, é completamente natural que os jovens, especialmente aqueles que obtiveram coisas que seus pais nunca tiveram, devem desejar mais”.

Ao final do artigo, direcionado para a juventude brasileira, o ex-presidente disse que os jovens não devem desistir da política. “Mesmo quando você está desanimado com tudo e com todos, não desista na política. Participe! Se você não encontrar em outros, o político que você procura, você pode achá-la em si mesmo”, escreveu Lula.

O texto foi o segundo distribuído pela agência do “The New York Times” desde que o contrato foi fechado em abril.

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