29 junho 2013

Se eleições presidenciais fossem hoje, PSDB estaria fora do 2o. turno

Dilma teria caído de 51% das intenções de voto para 30%, segundo o DataFolha, mas continua liderando as intenções de voto.
Sua adversária seria Marina Silva, que subiu de 16% para 23%.
Aécio Neves não conseguiu mais do que oscilar dentro da margem de erro, passando de 14% para 17%.
Eduardo Campos, governador de Pernambuco, idem. Oscilou de 6% para 7%.

Tanto Aécio quanto Eduardo Campos já haviam detectado dificuldades em  pesquisas internas.
No caso de Eduardo Campos, o fato de estar empacado abaixo dos 10% explica a posição assumida pelo PSB de defender a questão do fim da reeleição no plebiscito. Seria sua saída honrosa. Se o plebiscito decidisse pelo fim da reeleição, Dilma estaria impedida de concorrer e o candidato natural seria Lula, desculpa suficiente para Campos deixar a disputa.




Em cenário com Lula e Joaquim Barbosa, Lula venceria no primeiro turno

O Datafolha fez uma variação de cenários, incluindo Lula e Joaquim Barbosa nas simulações.
Se Lula fosse o candidato do PT, venceria no primeiro turno, segundo o Datafolha. Lula teria 45% dos votos, enquanto Juntando Marina, Barbosa, Aécio e Campos somariam 43%.
Em um cenário sem Barbosa, Lula teria 46% das intenções, contra 37% de Marina, Aécio e Campos, de novo, vitória no primeiro turno.

Sobre o plebiscito
73% dos brasileiros querem reforma política e 68% aprovam a proposta de plebiscito para fazê-la.
 
Para seguir o blog e receber postagens atualizadas, use a opção "seguir", ao lado.

28 junho 2013

Quem mandou mexer com quem estava quieto?

Lula: “se a direita quer luta de massas, vamos fazer luta de massas”

Fonte: Escrevinhador  via : Lula sai da toca: “se a direita quer luta de massas, vamos fazer luta de massas”. 
Publicada sexta-feira, 28/06/2013 às 00:51 e atualizada sexta-feira, 28/06/2013 às 00:53
A Eliane Cantanhêde, da Folha, está com saudade dele. Andou “cobrando”, na coluna do jornal, que Lula fale sobre as manifestações nas ruas. Fez até um contraponto com FHC – este sim, diz a colunista,  participa do debate público. Cantanhêde ainda acha que só participa do debate quem dá entrevista para “Folha” e outros jornais. Os caminhos de Lula são outros.
O ex-presidente já atua firmemente nos bastidores, consulta lideranças, articula movimentos e põe o bloco na rua.
Um dos participantes desses encontros – que acontecem no bairro do Ipiranga, em São Paulo – revela o que Lula anda dizendo sobre as manifestações pelo Brasil: “é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças, enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda.”
Lula também teria dito algo como: “se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”. (Rodrigo Vianna)
do Correio do Brasil
Ex-presidente da República e um dos principais atores políticos da esquerda brasileira, Luiz InácioLula da Silva assume, definitivamente, o seu papel de liderança nos movimentos sociais que tomaram as ruas do país, em uma série de manifestações que chega à sua segunda semana. De sua base, na sede do Instituto Lula, nesta capital, o principal aliado da presidenta Dilma Rousseff na elaboração de uma agenda política para a realização de um plebiscito, provavelmente em agosto, intensifica os encontros com os movimentos sociais mais próximos do Partido dos Trabalhadores (PT).
No mais recente encontro, na véspera, com jovens de grupos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a União da Juventude Socialista (UJS), o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), Lula ofereceu o diapasão para afinar o discurso dos movimentos sociais. Em lugar da esperada mensagem de conciliação e o pedido de calma aos manifestantes, o momento é de “ir para a rua”, afirmou o ex-presidente. A reunião, no bairro do Ipiranga, em São Paulo não contou com a presença do Movimento Passe Livre (MPL), nem do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
– O (ex-)presidente queria entender essa onda de protestos e avaliou muito positivamente o que está acontecendo nas ruas – disse a jornalistas André Pereira Toranski, dirigente da UJS, que conta majoritariamente com militantes do PCdoB.
Outro participante do encontro, que preferiu o anonimato, afirma que Lula “colocou que é hora de trabalhador e juventude irem para a rua para aprofundar as mudanças. Enfrentar a direita e empurrar o governo para a esquerda. Ele agiu muito mais como um líder de massa do que como governo. Não usou essas palavras, mas disse algo com ‘se a direita quer luta de massas, vamos fazer lutas de massas”.
Em nota publicada em seu perfil na rede social Facebook, na última quinta-feira, Lula já se mostrava favorável às manifestações ocorridas desde o último dia 13 em várias cidades do Brasil: “Ninguém em sã consciência pode ser contra manifestações da sociedade civil, porque a democracia não é um pacto de silêncio, mas sim a sociedade em movimentação em busca de novas conquistas”, declarou.
Em São Paulo, Lula apoiou a negociação entre o governo e os manifestantes, que reclamavam do aumento no preço da passagem de ônibus. Na ocasião, o ex-presidente demonstrou confiança no trabalho do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ministro da Educação durante seu governo.
– Estou seguro, se bem conheço o prefeito Fernando Haddad, que ele é um homem de negociação. Tenho certeza que dentre os manifestantes, a maioria tem disposição de ajudar a construir uma solução para o transporte urbano – afirmou. Apenas alguns dias depois, Haddad revogou o aumento de R$ 0,20 no preço da passagem.
Plebiscito
De sua parte, a presidenta Dilma também seguiu os conselhos do amigo e antecessor no cargo e vem promovendo, desde o início desta semana, uma série de encontros com os movimentos sociais. Na véspera, Dilma recebeu os representantes de oito centrais sindicais e dedicou 40 minutos da reunião para explicar aos dirigentes como serão norteadas as ações para os cinco pactos anunciados pelo governo – com vistas à melhoria dos serviços públicos – e destacou a importância de ser convocado um plebiscito no país para discussão da reforma política. Embora a presidenta não tenha sido explícita no apelo às centrais, a sua fala na abertura do encontro foi vista pela maior parte dos presentes como uma forma de pedir o apoio das entidades para as medidas divulgadas nos últimos dias.
A presidenta admitiu que é preciso aprimorar a interlocução com as centrais e disse concordar com as críticas das ruas sobre a qualidade dos serviços públicos. Afirmou, ainda, que a pressão das mobilizações está correta e ajuda na transformação do país. Participaram do encontro representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Força Sindical, bem como Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CSP-Conlutas e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), além de técnicos do Dieese.
Os sindicalistas apresentaram os principais itens definidos na pauta traçada nos últimos dias com solicitações ao governo, tais como melhorias na qualidade do transporte público e redução das tarifas, mais investimentos na educação e na saúde, retirada de tramitação, no Congresso, do Projeto de Lei 4.330 – referente à regulamentação das atividades de terceirização, fim do fator previdenciário e aumento dos valores das aposentadorias, reforma agrária e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais. Dilma deixou claro que essa pauta será negociada como um todo e que o governo apresentará uma resposta até agosto.
Mesmo lembrando que alguns desses temas precisam ser discutidos e negociados no Congresso e ressaltando a importância de as centrais participarem dessas negociações, a presidenta assegurou, no que se refere ao PL 4.330, que embora não possa vir a vetar o projeto inteiro, não deixará que sejam retirados direitos dos trabalhadores. Além disso, ela enfatizou que não aprovará qualquer projeto sem que exista acordo entre trabalhadores, empregadores e governo e que atenderá à reivindicação das centrais de estabelecer um canal de diálogo permanente, conforme relatou, ao final do encontro, o presidente da CUT, Vagner Freitas.
– A reunião não teve o objetivo de discutir a pauta dos trabalhadores e sim o atual momento político do Brasil. Colocamos para a presidenta que é preciso levar em consideração, nesse debate, os interesses dos trabalhadores organizados. Foi um espaço para que discutíssemos o que está acontecendo e como devemos fazer para que o movimento crie propostas progressistas – afirmou Freitas.
Durante sua fala à presidenta no encontro, o dirigente da CUT ponderou que as melhorias nos serviços pleiteados pela população só existirão com o investimento na rede pública.
– O governo tem de se debruçar sobre a saúde, transporte, educação e segurança pública de qualidade. Não adianta querer melhorar privatizando. Apontamos que a resposta tem de vir do Estado e ela (a presidenta) concordou – disse, ao sair do Palácio do Planalto.
No próximo dia 11, as centrais prometem ir às ruas em todo o país pela aprovação de sua pauta de reivindicações.
Das ruas às urnas
Para Luiz Carlos Antero, jornalista e escritor, colunista e membro da Equipe de Pautas Especiais do sítio Vermelho.org, o plebiscito pela reforma política é uma das propostas que “podem surtir um maior impacto”. Em um debate mais amplo, segundo o analista, “pode contribuir para uma maior participação popular e para aprofundar a democracia no Brasil, destacando-se em especial aspectos como o do financiamento público de campanhas”.
“Entretanto, ainda mais que compreender o que se passa no Brasil no atual momento, é indispensável e urgente o esforço da apresentação de um afirmativo e unitário programa popular e democrático enquanto fio condutor das lutas de rua — para as quais qualquer pauta institucional e toda pausa na movimentação terá um sentido provisório e cumulativo, distante do improvável êxito do pensamento ou desejo de uma nova acomodação” afirma.

 
Para seguir o blog e receber postagens atualizadas, use a opção "seguir", ao lado.

Carta de Conjuntura #IPEA

Documento avaliou o cenário econômico atual e seus indicadores

A Carta de Conjuntura 19 destacou que a economia permanece em ritmo moderado de crescimento, sobressaindo a alta dos investimentos e a recuperação da produção industrial, em contraste com a desaceleração do setor de serviços e a perda de ímpeto do consumo.

Publicação trimestral, a Carta de Conjuntura tem como objetivo acompanhar a conjuntura econômica brasileira por meio de seus principais indicadores.

Leia a síntese da Carta de Conjuntura nº 19

Leia a íntegra da Carta de Conjuntura nº 19 

Veja a apresentação da Carta de Conjuntura nº 19

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou a Carta de Conjuntura nº 19 nesta quinta-feira, 27, às 11h.
 
 
Para seguir o blog e receber postagens atualizadas, use a opção "seguir", ao lado.

Renda dos 10% mais pobres cresceu 91% nos últimos 10 anos #ipea


Renda dos 10% mais ricos também aumentou: 17%.
Os dados são do IBGE e foram apresentados pelo IPEA.

IBGE revela que renda dos 10% mais pobres cresceu 91%Fonte: Repórter Brasil Noite, EBC.

APRESENTADORA FERNANDA ISIDORO: A renda dos 10% mais pobres cresceu 91% nos últimos dez anos, enquanto que entre os 10% mais ricos, aumentou 17%. Os dados são do IBGE e foram apresentados hoje [27/6/2013] pelo ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, o presidente do Ipea, Marcelo Neri.

REPÓRTER: Os dados mostrados no Centro de Mídia são do IBGE e da PNAD, a Pesquisa Nacional por Domicílio, de 2001 a 2011, e, segundo os números, o Brasil teve conquistas sociais significativas, a partir do crescimento da renda, associada ao aumento de salários. Em dez anos, a renda dos 10% mais pobres cresceu 91%, enquanto que entre os 10% mais ricos, cresceu 17%.

Nas seis maiores regiões metropolitanas do país, houve aumento dos postos de trabalho, considerando a ocupação informal, mas com destaque para as vagas com carteira assinada. Para ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, a desigualdade caiu na última década. A economia brasileira vive fase de queda nos juros e está em vantagem em relação a outros países com a democracia e o mercado interno fortalecidos.

Sobre os benefícios que os grandes eventos podem trazer para a população, o ministro disse que em cidades como Barcelona, na Espanha, e Seul, na Coréia, houve grandes avanços e que o momento favorável da economia brasileira é bem diferente de lugares como a Grécia, que enfrenta índice de desemprego de 27%, enquanto aqui, não passa de 5%. Diante dos números, o ministro disse que não acredita que os protestos nas ruas sejam feitos pelos mais pobres e que vê como positivas as manifestações da sociedade.

MINISTRO INTERINO DA SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS/MARCELO NERI: O Brasil tem um quadro de educação e saúde fraco, menos fraco – bem menos fraco – do que era há dez anos atrás. Agora, há muito para avançar. Esse é o lado positivo desses protestos: se levar a investir mais e melhor em educação e saúde. Eu acho que a gente sai melhor do que entrou nessa fase de protestos.

27 junho 2013

FHC na ABL, segundo o visionário Millor Fernandes

FhC (superlativo de PhD), "espécie de Sarney barroco-rococó", "deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta)".

Dependência e Desenvolvimento na América Latina, de FhC

LIÇÃO PRIMEIRA
De uma coisa ninguém podia me acusar — de ter perdido meu tempo lendo FhC (superlativo de PhD). Achava meu tempo melhor aproveitado lendo o Almanaque da Saúde da Mulher. Mas quando o homem se tornou vosso Presidente, achei que devia ler o Mein Kampf (Minha Luta, em tradução literal) dele, quando lutava bravamente, no Chile, em sua Mercedes (“A mais linda Mercedes azul que vi na minha vida”, segundo o companheiro Weffort, na tevê, quando ainda não sabia que ia ser Ministro), e nós ficávamos aqui, numa boa, papeando descontraidamente com a amável rapaziada do Dops-DOI-CODI.

Quando, afinal, arranjei o tal Opus Magno — Dependência e Desenvolvimento na América Latina — tive que dar a mão à palmatória. O livro é muito melhor do que eu esperava. De deixar o imortal Sir Ney morrer de inveja. Sem qualquerpartipri, e sem poder supervalorizar a obra, transcrevo um trecho, apanhado no mais absoluto acaso, para que os leitores babem por si:

“É evidente que a explicação técnica das estruturas de dominação, no caso dos países latino-americanos, implica estabelecer conexões que se dão entre os determinantes internos e externos, mas essas vinculações, em que qualquer hipótese, não devem ser entendidas em termos de uma relação “casual-analítica”, nem muito menos em termos de uma determinação mecânica e imediata do interno pelo externo. Precisamente o conceito de dependência, que mais adiante será examinado, pretende outorgar significado a uma série de fatos e situações que aparecem conjuntamente em um momento dado e busca-se estabelecer, por seu intermédio, as relações que tornam inteligíveis as situações empíricas em função do modo de conexão entre os componentes estruturais internos e externos. Mas o externo, nessa perspectiva, expressa-se também como um modo particular de relação entre grupos e classes sociais de âmbito das nações subdesenvolvidas. É precisamente por isso que tem validez centrar a análise de dependência em sua manifestação interna, posto que o conceito de dependência utiliza-se como um tipo específico de “causal-significante’ — implicações determinadas por um modo de relação historicamente dado e não como conceito meramente “mecânico-causal”, que enfatiza a determinação externa, anterior, que posteriormente produziria ‘conseqüências internas’.”

Concurso – E-mail:
Qualquer leitor que conseguir sintetizar, em duas ou três linhas (210 toques), o que o ociólogo preferido por 9 entre 10 estrelas da ociologia da Sorbonne quis dizer com isso, ganhará um exemplar do outro clássico, já comentado na primeira parte desta obra: Brejal dos Guajas — de José Sarney.
LIÇÃO SEGUNDA
 Como sei que todos os leitores ficaram flabbergasted (não sabem o que quer dizer? Dumbfounded, pô!) com a Lição primeira sobre Dependência e Desenvolvimento da América Latina, boto aqui outro trecho — também escolhidoabsolutamente ao acaso — do Opus Magno de gênio da “profilática hermenêutica consubstancial da infra-estrutura casuística”, perdão, pegou-me o estilo. Se não acreditam que o trecho foi escolhido ao acaso, leiam o livro todo. Vão ver o que é bom!

Estrutura e Processo: Determinações Recíprocas
 “Para a análise global do desenvolvimento não é suficiente, entretanto, agregar ao conhecimento das condicionantes estruturais a compreensão dos ‘fatores sociais’, entendidos estes como novas variáveis de tipo estrutural. Para adquirir significação, tal análise requer um duplo esforço de redefinição de perspectivas: por um lado, considerar em sua totalidade as ‘condições históricas particulares’ — econômicas e sociais — subjacentes aos processos de desenvolvimento no plano nacional e no plano externo; por outro, compreender, nas situações estruturais dadas, os objetivos e interesses que dão sentido, orientam ou animam o conflito entre os grupos e classes e os movimentos sociais que ‘põem em marcha’ nas sociedades em desenvolvimento. Requer-se, portanto, e isso é fundamental, uma perspectiva que, ao realçar as mencionadas condições concretas — que são de caráter estrutural — e ao destacar os móveis dos movimentos sociais — objetivos, valores, ideologias —, analise aquelas e estes em suas relações e determinações recíprocas. (…) Isso supõe que a análise ultrapasse a abordagem que se pode chamar de enfoque estrutural, reintegrando-a em uma interpretação feita em termos de ‘processo histórico’ (1). Tal interpretação não significa aceitar o ponto de vista ingênuo, que assinala a importância da seqüência temporal para a explicação científica — origem e desenvolvimento de cada situação social — mas que o devir histórico só se explica por categorias que atribuam significação aos fatos e que, em conseqüência, sejam historicamente referidas.
 (1)  Ver, especialmente, W. W. Rostow, The Stages of Economic Growth, A Non-Communist Manifest, Cambridge, Cambridge University Press, 1962; Wilbert Moore, Economy and Society, Nova York, Doubleday Co., 1955; Kerr, Dunlop e outros, Industrialism and Industrial Man, Londres, Heinemann, 1962.”

Comentário do Millôr, intimidado:
 A todo momento, conhecendo nossa precária capacitação para entender o objetivo e desenvolvimento do seu, de qualquer forma, inalcançável saber, o professor FhC faz uma nota de pata de página. Só uma objeçãozinha, professor. Comprei o seu livro para que o senhor me explicasse sociologia. Se não entendo o que diz, em português tão cristalino, como me remete a esses livros todos? Em inglês! Que o senhor não informa onde estão, como encontrar. E outra coisa, professor, paguei uma nota preta pelo seu tratado, sou um estudante pobre, não tenho mais dinheiro. Além  do que, confesso com vergonha, não sei inglês. Olha, não vá se ofender, me dá até a impressão, sem qualquer malícia, que o senhor imita um velho amigo meu, padre que servia na Paróquia de Vigário-Geral, no Rio. Sábio, ele achava inútil tentar explicar melhor os altos desígnios de Deus pra plebe ignara do pequeno burgo e ensinava usando parábolas, epístolas, salmos e encíclicas. E me dizia: “Millôr, meu filho, em Roma, eu como os romanos. Sendo vigário em Vigário-Geral, tenho que ensinar com vigarice”.

LIÇÃO TERCEIRA
 Há vezes, e não são poucas, em que FhC atinge níveis insuperáveis. Vejam, pra terminar esta pequena explanação, este pequeno trecho ainda escolhido ao acaso. Eu sei, eu sei — os defensores de FhC, a máfia de beca, dirão que o acaso está contra ele. Mas leiam:

“É oportuno assinalar aqui que a influência dos livros como o de Talcot Parsons, The Social System, Glencoe, The Free Press, 1951, ou o de Roberto K. Merton, Social Theory and Social Structure, Glencoe, The Free press, 1949, desempenharam um papel decisivo na formulação desse tipo de análise do desenvolvimento. Em outros autores enfatizaram-se mais os aspectos psicossociais da passagem do tradicionalismo para o modernismo, como em Everett Hagen, On the Theory of Social Change, Homewood, Dorsey Press, 1962, e David MacClelland, The  Achieving Society, Princeton, Van Nostrand, 1961. Por outro lado, Daniel Lemer, em The Passing of Traditional Society: Modernizing the Middle East, Glencoe, The Free Press, 1958, formulou em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento, o enfoque do tradicionalismo e do modernismo como análise dos processos de mudança social”.

Amigos, não é genial? Vou até repetir pra vocês gozarem (no bom sentido) melhor: “formulou (em termos mais gerais, isto é, não especificamente orientados para o problema do desenvolvimento) o enfoque (do tradicionalismo e do modernismo) como análise (dos processos de mudança social)”.

Formulou o enfoque como análise!
 É demais! É demais! E sei que o vosso sábio governando, nosso FhC, espécie de Sarney barroco-rococó, poderia ir ainda mais longe.
 Poderia analisar a fórmula como enfoque.
 Ou enfocar a análise como fórmula.
 É evidente que só não o fez em respeito à simplicidade de estilo.
 Tópico avulso sobre imodéstia e pequenos disparates do eremita preferido dos Mamonas Assassinas.
 Vaidade todos vocês têm, não é mesmo? Mas há vaidades doentias, como as das pessoas capazes de acordar às três da manhã para falar dois minutos num programa de tevê visto por exatamente mais ou menos ninguém. Há vaidades patológicas, como as de Madonas e Reis do Roque, só possíveis em sociedades que criaram multidões patológicas.

Mas há vaidades indescritíveis. Vaidade em estado puro, sem retoque nem disfarce, tão vaidade que o vaidoso nem percebe que tem, pois tudo que infla sua vaidade é para ele coisa absolutamente natural. Quem é supremamente vaidoso, se acha sempre supremamente modesto. Esse ser existe materializado em FhC (superlativo de PhD). Um umbigo delirante.
 O que me impressiona é que esse homem, que escreve mal — se aquilo é escrever bem o meu poodle é bicicleta — e fala pessimamente — seu falar é absolutamente vazio, as frases se contradizem entre si, quando uma frase não se contradiz nela mesma, é considerado o maior sociólogo brasileiro.

Nunca vi nada que ele fizesse (Dependência e Desenvolvimento na América Latina, livro que o elevou à glória, é apenas um Brejal dos Guajas, mais acadêmico) e dissesse que não fosse tolice primária. “Também tenho um pé na cozinha”, “(os brasileiros) são todos caipiras”, “(os aposentados) são uns vagabundos”, “(o Congresso) precisa de uma assepsia”, “Ser rico é muito chato”, “Todos os trabalhadores deviam fazer checape”, “Não vou transformar isso (a moratória de Itamar) num fato político”. “Isso (a violência, chamada de Poder Paralelo) é uma anomia”. E por aí vai. Pra não lembrar o vergonhoso passado, quando sentou na cadeira da prefeitura de São Paulo, antes de ser derrotado por Jânio Quadros, segundo ele “um fantasma que não mete mais medo a ninguém”.

Eleito prefeito, no dia seguinte Jânio Quadros desinfetou a cadeira com uma bomba de Flit.
 E, sempre que aproxima mais o país do abismo no qual, segundo a retórica política, o Brasil vive, esse FhC (superlativo de PhD) corre à televisão e deita a fala do trono, com a convicção de que, mais do que nunca, foi ele, the king of the black sweetmeat made of coconuts (o rei da cocada preta), quem conduziu o Brasil à salvação definitiva e à glória eterna. E que todos querem ouvi-lo mais uma vez no Hosana e na Aleluia. Haja!

Millôr Fernandes

Reproduzido a partir do VioMundo e Esquerdopata.
 
Para seguir o blog e receber postagens atualizadas, use a opção "seguir", ao lado.

Reforma política: uma história sem fim?

Um panorama dos processos de reforma política no Brasil em texto do professor David Fleischer (Universidade de Brasília).

Fleischer apresenta as principais inovações introduzidas desde a transição da ditadura para a democracia (com maior intensidade a partir de 1985) para contextualizar o debate em curso no momento.
A opinião do professor é a de que a chamada Lei da Ficha Limpa terá um profundo impacto na forma como se faz política no Brasil, principalmente quando produzir plenamente seus efeitos, a partir de 2014.
O tema teve agora uma reviravolta com a proposta de plebiscito, proposto pela presidenta Dilma Rousseff (em 24 de junho de 2013).

Leia o texto na íntegra (em Inglês)...

“Attempts at Political Reform in Brazil: a never-ending story”
by David Fleischer
Emeritus Professor of Political Science,
University of Brasilia.

"Ever since the end of the military regime in 1985, Brazil has been attempting to implement changes to its political system – especially concerning elections and political parties".
"The Ficha Limpa Law ('Clean Records'), when it takes effect in the 2014 elections, will be a revolutionary change in how politics are conducted in Brazil."
Read the paper...

Charge: Cícero.

Também sobre o assunto:

O Parlasul como experimento de reforma política 

Discussão sobre reforma política está indo por água abaixo
Reforma política cogita 2° turno em cidades acima de 100 mil habitantes 

Câmara dos Deputados: página sobre o tema.

Recomende a um(a) amigo(a)

Siga o blog e receba postagens atualizadas. Clique na opção "seguir", ao lado.