"O Parlasul é a alma do Mercosul, não uma aliança de Executivos trabalhando com interesses empresariais exclusivos".Senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul).
Fonte: Agência Senado
21/12/2011 - 15h17
O presidente da Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), senador Roberto Requião (PMDB-PR), criticou duramente nesta a tentativa dos governos de Argentina, Brasil e Uruguai de apressar o ingresso da Venezuela no bloco.
"Desprezo" e "trapalhada"
Durante reunião de cúpula do Mercosul (20/12), em Montevidéu, os presidentes de Argentina, Brasil e Uruguai decidiram criar uma comissão de "alto nível" destinada a acelerar a adesão da Venezuela. A proposta foi formulada por Mujica, presidente anfitrião do encontro, e bem recebida por Cristina Kirchner e Dilma Rousseff.
Ocorre que o ingresso de um novo país no Mercosul tem de ser ratificado pelos parlamentos de todos os países-membros - e não pela reunião dos chefes de governo desses mesmos países. No momento, o assunto está sendo debatido no Parlamento do Paraguai, onde há resistências ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
Confirmando decisão da Câmara dos Deputados, o Senado brasileiro aprovou a adesão da Venezuela em dezembro de 2009, em votação apertada (35 votos a 27). Argentina e Uruguai já tinham aprovado então a entrada do quinto integrante do bloco.
No entender de Requião, na reunião de terça, os representantes dos três governos teriam demonstrado "desprezo" pelo Parlamento do Paraguai,
- O que ocorreu foi uma trapalhada dos governos dos países do Mercosul. Quem aprova [agora] a entrada da Venezuela no Mercosul é o Parlamento paraguaio. E eles esqueceram que existe o Parlasul. Nós sequer fomos instados a participar desse processo. Estavam lá os burocratas do Itamaraty, os ministros do governo acompanhando a presidente da República, quando, na verdade, quem vai decidir é o Congresso do Paraguai - afirmou Requião.
Segundo a Agência Brasil, Hugo Chávez, que participou da cúpula como presidente de um país associado, classificou a adesão da Venezuela ao bloco de "importante demais para ser deixada na mão de cinco pessoas que não [a] querem". A representação do Paraguai no Parlasul é composta de 18 parlamentares.
Histórico
Para recuperar a iniciativa do Legislativo nessa questão, Requião pretende conversar em janeiro com parlamentares da Argentina e do Uruguai sobre a possibilidade de uma visita conjunta ao Senado do Paraguai.
- Nós pretendemos fazer uma viagem ao Paraguai para conversar com os parlamentares paraguaios. A entrada da Venezuela é fundamental, amplia o mercado, nos fortalece nessa crise da economia global. Mas não é desprezando os parlamentos que o governo do Brasil e os outros governos vão resolver esse problema - disse Requião.
O senador defendeu ainda o fortalecimento do Parlasul dentro do bloco. Para ele, o órgão legislativo regional é o melhor local para o debate de medidas de incentivo à integração regional.
- O Parlasul é a alma do Mercosul, não uma aliança de Executivos trabalhando com interesses empresariais exclusivos - definiu.
Marcos Magalhães / Repórter da Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
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