05 dezembro 2010

A Revolução de 1930

Além de dar fim ao regime que apelidou de "República Velha", a Revolução de 1930 marcou profundamente a formação do Estado brasileiro.

Mesmo passados 80 anos de sua eclosão (em 3 de outubro de 1930), muitas de suas inovações passaram a fazer parte de uma longa trajetória da política e das políticas públicas no Brasil.

O evento marca o aparecimento de uma figura fundamental para a política brasileira: Getúlio Vargas.

O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDoc/FGV) organizou um portal que apresenta um rico acervo de documentos (escritos e audiovisuais), depoimentos, artigos e livros sobre o tema, de acesso público e gratuito.

Vale a pena conferir, por exemplo,

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3 comentários:

  1. Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo post histórico de um fato tão importante para a memória política de nosso país, que deve ser sim rememorado, suscitando novas questões e compreensões.
    Nesse sentido peço a permissão para fazer uma ressalva sobre o termo Revolução de 1930 que ao meu vê de historiadora deve ser chamada de golpe de 1930,assim como a revolução de 1964 deve ser chamada,também, de golpe de 1964, afinal nestes dois momentos não houve nada que caracterizasse revolução nos termos que se entende tal questão, já que seu significado, grosso modo, significa transformação radical na infra e super- estrutura de uma país, como bem aponta Leandro Konder no seu livro A dialética.
    Feitas as considerações, gostaria, ainda, de contribui fazendo alguma sugestão bibliográfica para aqueles que almejam pesquisar esse importante período e para além dele, deve ter em mãos a coleção Brasil Republicano organizado por Jorge Ferreira e Lucilia de Almeida N. Delgado.
    É uma coleção de 4 volumes.Para o atendimento das discussões acerca desta temática, os artigos foram divididos cronologicamente em quatro períodos, seguindo a tradicional divisão proposta pela História Política Brasileira: primeiro volume: O tempo do liberalismo excludente(1889-1930); segundo volume: O tempo do nacional-estatismo (1930-1945); terceiro volume: O tempo da experiência democrática (1945-1964); e quarto volume: O tempo da ditadura (de 1964 a fins do século XX). A opção pela divisão tradicionalmente usada como referência se justifica,conforme argumenta os organizadores, pelo público alvo ao qual se destina a obra: alunos de graduação e alunos e professores de ensino médio. Não só os programas ou matrizes de competência do ensino médio se organizam a partir dessa cronologia republicana, como também, a maior parte dos nossos currículos de graduação o faz.

    Alanna Souto
    Doutoranda em História-UFPR
    alannasouto@yahoo.com.br

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  2. Cara Alanna,
    Seus comentários são mais que pertinentes. De fato, o portal do CPDoc tem um caráter marcadamente memorialístico, fornecendo muitas fontes para a pesquisa. A própria entrevista do Boris Fausto, em 5 partes, tem 3 delas dedicadas à memória da vida do Boris Fausto. Os livros citados acima fazem a discussão sobre o significado da revolta de 1930 e problematizam o termo "revolução". O Boris Fausto considera a discussão sobre isso "bizantina". Acho que ele minimiza uma polêmica que é importante, mas creio que o termo "revolução" faz sentido em termos históricos pelo processo de longo prazo que o movimento de 1930 encetou.
    Suas indicações de leitura (a do Lenadro Konder seria "A derrota da dialética", não é mesmo?) são excelentes, principalmente a coleção Brasil Republicano. Nunca é demais lembrar do clássico História Geral da Civilização Brasileira (a HGCB), cuja parte republicana foi organizada pelo próprio Boris Fausto.
    Meu doutorado (em curso também, mas em Ciência Política) é um estudo comparativo sobre Vargas e Campos Sales, ou, "latu sensu", entre a "República Velha" e a "Era Vargas". Suas sugestões são muito bem vindas.

    Obrigado pelo seu comentário.

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  3. Bom dia querido!
    Obrigada pelo contato...troca de idéias é sempre bem vindos.
    Na verdade o livro que Leandro Konder debate um pouco sobre esse termo "revolução", se não me falha a memória, é o livrinho de bolso da coleção primeiros passos chamado O que é dialética?.
    Revolução(análise marxista)-Mudança radical na vida da sociedade que conduz à derrota do regime social explorador e ao estabelecimento de um novo regime progressista e sem exploração e transfere o poder das mãos de uma classe (reacionária) às mãos de outra classe (progressista). A Revolução é a forma superior da luta de classes, embora nem toda derrota violenta de uma classe por outra possa ser chamada de revolução. Este conceito só é válido para a chegada ao poder de uma classe avançada, que abre caminho ao desenvolvimento progressista da sociedade. O caráter da revolução é determinado de acordo com as contradições existentes, com as tarefas sociais que deve realizar, com a classe que está à testa da Revolução.

    Mas, de fato, ainda rola muito polêmica no círculo de historiadores em chamar Revolução de 1930, alguns nem fazem essa menção na verdade a crítica parte da de historiadores mais ligados ao Marxismos, como Nelson Werneck Sodré, contudo até mesmo Boris Fauto faz uma análise que ele mesmo chama de revolução intra-Oligárquica na Obra A revolução de 1930, que ele não deixa tão claro se houve uma revolução, de fato, ou se foi apenas um rearranjo de poder...há, ainda, a corrente liderada por Edgard de Decca que diz a Revolução de 1930 foi a construção da memória do vencedor em sua obra clássica O silêncio dos vencidos.Para ele a Revolução foi na verdade uma contra-revolução ao processo revolucionário iniciado de 1928 quando se explicitou institucionalmente a luta de classes com a criação do Bloco Operário e Camponês – BOC, organizado pelo Partido Comunista. No mesmo ano foi criado o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, enrijecendo sua postura repressiva com relação ao operariado.A consagração do golpe de 1930 seria o resultado da produção do discurso vitorioso, tentando apagar a memória da verdadeira luta de classes.

    De qualquer forma o termo a Revolução de 1930, ainda, é usado...e o critério de usá-lo ou não vai da filiação teórica de cada um.

    Não sou especialista da temática,e você deve ter muito mais cabedal pra discuti tal temática, já que estuda sobre isso...
    Meu doutorado é História da população na Amazônia Colonial, precisamente a Capitania do Pará...enfim, mas como somos historiadores devemos saber um pouco de Historia do Brasil.

    O que eu puder ajudar e contribuir seria uma honra, admiro muito seu trabalho...e as tuitadas gentis é de alguém que ler com muita atenção o que está sendo escrito e refletido.

    Saudações

    Alanna Souto

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