Artigo discute a comunicação feita pelo poder público, aquela que ficou estigmatizada como "chapa branca" e que tem como maior emblema "A Voz do Brasil".
Passadas duas décadas e meia desde o fim da ditadura militar, a comunicação produzida diretamente pelo Estado ainda carrega essa imagem negativa, como uma herança maldita, ou um fantasma a assombrá-la.
Publicada pelo IPEA no "Panorama da comunicação e das telecomunicações no Brasil", a análise propõe organizar a comunicação do Estado como uma forma de serviço público.
Faço uma dura crítica tanto à mania de imitar a comunicação da mídia tradicional privada e aos "maneirismos" do marketing comercial (empregado na publicidade do setor público) quanto à concepção de comunicação pública. Largamente disseminada no debate acadêmico, comunicação pública representa um conceito vazio, sem lastro teórico, inconsistente.
Considero ainda mais grave o fato de que parte significativa da comunicação produzida, veiculada e financiada pelo Poder Executivo não se assumir enquanto tal, simulando uma pretensa independência e isenção, o que na verdade é uma forma de dissimulação. Isso descumpre uma regra básica do ato comunicativo: a de que se deve deixar claro quem é o emissor, ou seja, com quem se está falando.
Se o modelo da ditadura faliu, o fato é que nenhum outro modelo se apresentou para por de pé um novo formato da comunicação do poder público, democrático, participativo e republicano. Este é o desafio.
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