Isso mesmo. O Centrão deu palco à extrema direita e são esses que roubaram o espaço dos evangélicos. ("Crie corvos e eles te comerão os olhos").
A análise, na ponta do lápis, é do pesquisador Guilherme Galvão, da FGV, e autor do livro "Evangélicos, Mídia e Poder."
BANCADA EVANGÉLICA A PARTIR DE 2023
Guilherme Galvão.
https://twitter.com/ggalvaolopes/status/1577461905379102720?t=ANRs_5j9NfifEeBAYHD-zA&s=19
Realizei um levantamento preliminar, e pelo visto os evangélicos terão uma das menores representações na Câmara dos Deputados nos últimos 20 anos, chegando ao patamar de eleitos próximo ao de 1999.
Nas duas últimas legislaturas (2015 e 2019), eles alcançaram seu maior patamar histórico: 89 deputados federais exerceram mandatos, entre titulares, suplentes e suplentes efetivados.
Em 2018, ano da eleição de Bolsonaro, 84 evangélicos foram eleitos para a Câmara - um recorde.
Neste ano, o crescimento da extrema-direita retirou votos dos evangélicos, considerada a principal base social do bolsonarismo. Podemos considerar que houve migração do voto deste segmento para as candidaturas mais identificadas com Bolsonaro, independentemente da religião.
O bolsonarismo abarca inúmeras pautas que antes eram prioritárias dos religiosos: combate ao aborto, à "ideologia de gênero", restrição às drogas e aos jogos de azar, redução da maioridade penal, dentre outras questões morais e comportamentais.
Hoje, o bolsonarismo tomou para si estas pautas, somando a elas questões armamentistas e teorias conspiratórias sobre terraplanismo, liberdade religiosa e globalismo. Bolsonaro assume para si o maniqueísmo cristão: o mal precisa ser combatido, até com armas, se preciso.
O fato, portanto, está confirmado: os evangélicos, estimados em mais de 60 milhões de brasileiros, consolidaram-se como base socioeleitoral do bolsonarismo e do ultraconservadorismo político. Em 2018, o Datafolha apontou que quase 70% estiveram com Bolsonaro.
O Republicanos, partido do vice-presidente Mourão, concentrou os eleitos: 18, sendo 13 da Igreja Universal. Logo atrás vem o PL, partido de Bolsonaro, com 13 eleitos por diversas igrejas, principalmente a Assembleia de Deus, denominação com a maior representação: 21 deputados.
Apenas 2 parlamentares foram eleitos por partidos de esquerda, sendo 1 do PT e 1 do PSOL. Em 2018, foram 8 deputados eleitos por PT, PDT e PSB. A redução da fragmentação da Câmara também se refletiu neste segmento: em 2018, evangélicos se espalhavam por 23 partidos. Hoje, em 15.
A diminuição da bancada evangélica, ao contrário do que se pensa, não é uma demonstração de fraqueza, mas da força deste fenômeno político, mesmo que isto seja um desafio eleitoral para as lideranças evangélicas. Para Bolsonaro, o quadro não poderia ser melhor.
PS: Esqueci completamente da @MarinaSilva! 🤦🏼♂️ Então são 3 da esquerda.