Quem explica é Marilena Chauí, a mais importante filósofa brasileira.
Diz a filósofa:
"Eu sou contra o uso, da expressão autocrítica. Eu vou explicar por que.
A minha minha razão é uma razão histórica.
A expressão autocrítica entrou para o vocabulário da política quando foram instalados os tribunais do stalinismo E os membros do partido eram chamados perante tribunal para realizar a autocrítica.
O sistema da autocrítica consistia em fazer O indivíduo ir perante um tribunal pergunte qual ele já estava julgado, pois nós estamos diante daquilo que se chama o terror de estado.
Quem melhor caracterizou a figura do teor de estado foi o Hegel. O Hegel disse que caracteriza o terror de estado é o seguinte: alguém é considerado suspeito. Por ser considerado suspeito, é visto, imediatamente, como culpado. E na medida em que é considerado culpado, é condenado. É isso. E o universo da autocrítica no terror totalitário foi isso.
Então, não vamos usar esse termo. Ele é um termo que a esquerda não pode usar. Deixa a direita usar. Nós da esquerda, jamais!"
O vídeo é um trecho da fala de Chauí no II Salão do Livro Político, ocorrida 2016 no Centro Cultural São Paulo.
A filósofa não defende que erros não devam ser examinados, revistos e superados. Apenas repudia o uso que é feito de uma expressão que está intimamente associada a processos pelos quais uma pessoa, diante do terror de Estado, assume não apenas culpas pessoais, mas o papel de bode expiatório.
A autocrítica corresponde, modernamente, ao "mea culpa" da Inquisição.
No fundo, a filósofa alerta para os riscos de distorcermos processos históricos e reputarmos problemas politicos mais amplos de forma maniqueísta.
O Brasil precisa de uma opinião pública melhor informada, atenta e democrática.
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