A trajetória do partido desde sua criação até hoje.
PMDB consolida papel de escudo de governo
Fernando Rodrigues, Folha de S. Paulo, 3/02/2013
Criado pela ditadura militar para ser um grupo de oposição consentida, o Movimento Democrático Brasileiro nasceu de forma anômala. Foi formado em 1966 e passou a abrigar uma frente de políticos expelidos dos partidos proscritos pelo regime.
Esse agrupamento desengonçado estava em todo o país, mas cada facção local tinha seus interesses. A falta de sintonia persiste até hoje.
Quando a ditadura extinguiu todas as siglas políticas, o Brasil passou a ter só duas agremiações legais. De um lado ficou a governista e pró-ditadura Arena. Do outro, o MDB, no papel de oposição emasculada.
A Arena e o MDB foram forjados da mesma matéria-prima. Herdaram políticos de todas as siglas extintas.
Em 1980, com a falência iminente da ditadura, o multipartidarismo voltou. O MDB incorporou a palavra "partido" à sigla e virou PMDB.
Tanto no regime de exceção como no retorno à democracia, a legenda funcionou como um grande amortecedor de mudanças bruscas.
O partido sempre foi do diálogo e da conciliação. Sua maior estrela, Ulysses Guimarães (1916-1992), era um grande negociador.
Logo depois do golpe de 1964, os moderados no Congresso se apressaram para encontrar uma forma de legitimar o novo governo. Uma lei começou a ser preparada, mas não foi votada.
Na proposta dos congressistas, entre os quais Ulysses, abria-se a possibilidade de cassar direitos políticos por 15 anos. No AI-1 os militares foram mais modestos e fixaram a as cassações em 10.
Em 1973, os militares preparavam a eleição indireta de mais um general. Seria a vez de Ernesto Geisel no Colégio Eleitoral, dominado pelo regime. Para contestar o processo, o MDB decidiu lançar Ulysses como anticandidato.
A combinação era renunciar antes da votação, denunciando o processo. Ulysses foi até o fim. Acabou chancelando a escolha de Geisel na votação indireta, em 1974.
Como se fosse um ônibus no qual todos entravam, o PMDB passou a acumular vitórias com a fragilização da ditadura --mas sempre infenso a radicalismos.
Em 1984, na campanha das diretas, muitos peemedebistas não fizeram o esforço devido para que a Constituição fosse alterada. Nesse episódio, Ulysses foi voto vencido.
O momento de ouro do PMDB foi em 1985, quando chegou ao Planalto. Mas foi por meio de José Sarney, que só se filiou à legenda para ser candidato a vice de Tancredo Neves --que morreu sem tomar posse.
O partido tentou duas vezes eleger um dos seus para o Planalto. Fracassou com Ulysses, em 1989, e com Orestes Quércia, em 1994. Tiveram desempenhos de nanicos.
A partir daí, o PMDB se resignou à condição de partido de feudos regionais. Só que facções da sigla passaram a disputar o controle nacional.
Dividido nas cidades e no Estados, descobriu sua vocação maior: servir aos governos no Congresso. Apoiou sucessivamente Itamar Franco, FHC, Lula e Dilma Rousseff.
Agora, volta a comandar o Senado com Renan Calheiros (AL), eleito na sexta, e deve conquistar o comando da Câmara amanhã com Henrique Eduardo Alves (RN).
Quando políticos em Brasília fazem análises sobre 2014, ninguém menciona o PMDB como partido que possa ter candidato ao Planalto. Nem dentro do PMDB essa possibilidade é cogitada.
PMDB consolida papel de escudo de governo
Fernando Rodrigues, Folha de S. Paulo, 3/02/2013
Criado pela ditadura militar para ser um grupo de oposição consentida, o Movimento Democrático Brasileiro nasceu de forma anômala. Foi formado em 1966 e passou a abrigar uma frente de políticos expelidos dos partidos proscritos pelo regime.
Esse agrupamento desengonçado estava em todo o país, mas cada facção local tinha seus interesses. A falta de sintonia persiste até hoje.
Quando a ditadura extinguiu todas as siglas políticas, o Brasil passou a ter só duas agremiações legais. De um lado ficou a governista e pró-ditadura Arena. Do outro, o MDB, no papel de oposição emasculada.
A Arena e o MDB foram forjados da mesma matéria-prima. Herdaram políticos de todas as siglas extintas.
Em 1980, com a falência iminente da ditadura, o multipartidarismo voltou. O MDB incorporou a palavra "partido" à sigla e virou PMDB.
Tanto no regime de exceção como no retorno à democracia, a legenda funcionou como um grande amortecedor de mudanças bruscas.
O partido sempre foi do diálogo e da conciliação. Sua maior estrela, Ulysses Guimarães (1916-1992), era um grande negociador.
Logo depois do golpe de 1964, os moderados no Congresso se apressaram para encontrar uma forma de legitimar o novo governo. Uma lei começou a ser preparada, mas não foi votada.
Na proposta dos congressistas, entre os quais Ulysses, abria-se a possibilidade de cassar direitos políticos por 15 anos. No AI-1 os militares foram mais modestos e fixaram a as cassações em 10.
Em 1973, os militares preparavam a eleição indireta de mais um general. Seria a vez de Ernesto Geisel no Colégio Eleitoral, dominado pelo regime. Para contestar o processo, o MDB decidiu lançar Ulysses como anticandidato.
A combinação era renunciar antes da votação, denunciando o processo. Ulysses foi até o fim. Acabou chancelando a escolha de Geisel na votação indireta, em 1974.
Como se fosse um ônibus no qual todos entravam, o PMDB passou a acumular vitórias com a fragilização da ditadura --mas sempre infenso a radicalismos.
Em 1984, na campanha das diretas, muitos peemedebistas não fizeram o esforço devido para que a Constituição fosse alterada. Nesse episódio, Ulysses foi voto vencido.
O momento de ouro do PMDB foi em 1985, quando chegou ao Planalto. Mas foi por meio de José Sarney, que só se filiou à legenda para ser candidato a vice de Tancredo Neves --que morreu sem tomar posse.
O partido tentou duas vezes eleger um dos seus para o Planalto. Fracassou com Ulysses, em 1989, e com Orestes Quércia, em 1994. Tiveram desempenhos de nanicos.
A partir daí, o PMDB se resignou à condição de partido de feudos regionais. Só que facções da sigla passaram a disputar o controle nacional.
Dividido nas cidades e no Estados, descobriu sua vocação maior: servir aos governos no Congresso. Apoiou sucessivamente Itamar Franco, FHC, Lula e Dilma Rousseff.
Agora, volta a comandar o Senado com Renan Calheiros (AL), eleito na sexta, e deve conquistar o comando da Câmara amanhã com Henrique Eduardo Alves (RN).
Quando políticos em Brasília fazem análises sobre 2014, ninguém menciona o PMDB como partido que possa ter candidato ao Planalto. Nem dentro do PMDB essa possibilidade é cogitada.
Editoria de Arte/Folhapress |
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