12 agosto 2011

Cenários da segunda onda da crise mundial

Durante anos, uma das frases prediletas dos analistas econômicos era: “É a economia, estúpidos!”. 
Hoje em dia, 9 entre 10 analistas mudaram a frase: “é a política, estúpido!”.
 
Enviado por luisnassif, qui, 11/08/2011 - 08:00

Coluna Econômica
Durante anos, uma das frases prediletas dos analistas econômicos era: “É a economia, estúpidos!”. Foi aplicada nas eleições norte-americanas de 1992, na qual o favorito George Bush foi derrotado pelo novato Bill Clinton, devido à situação econômica do país.
Hoje em dia, 9 entre 10 analistas mudaram a frase: “é a política, estúpido!”.
O cenário da economia mundial está estreitamente amarrado ao jogo político nos Estados Unidos e Europa.
Só nos EUA, são três cenários a se analisar, gerando incertezas para 2013.
1.    Vitória de Obama com maioria republicana no Congresso.
2.    Vitória de Obama com maioria democrata.
3.    Vitória republicana alucinada.
Cada cenário traz uma perspectiva diferente para a economia em 2013. O cenário 1 mantém o impasse; o 2 permite apostar em medidas revitalizadoras da economia; e o 3 traz uma névoa impenetrável.
Também será ano de eleições ne Europa, com o acirramento dos impasses entre medidas duras de ajuste fiscal e resistência do eleitorado, além da radicalização entre ricos e pobres, xenófobos x imigrantes.
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Apesar dessas incertezas, o quadro é relativamente tranquilo para o Brasil na opinião de Nelson Barbosa, Secretário Executivo do Ministério da Fazenda.
Para ele, existem três canais de transmissão da crise para o Brasil:
1.    A atividade econômica mundial. É cedo para saber se há risco de recessão na Europa ou nos Estados Unidos. Mas é clara a desaceleração do crescimento nos Estados Unidos, afetando as exportações brasileiras. Mas o foco comercial do Brasil, hoje em dia, está mais focado na Ásia/China do que nos EUA e Europa. Além disso, se a desaceleração da economia dos EUA for de 2,5% para 1,5% os efeitos não serão muito fortes.
2.    A incerteza financeira, se a crise das dívidas soberanas afetar o balanço dos bancos franceses e alemães, mais expostos a Itália e Espanha. Recentemente foi feito um teste de estresse (para avaliar a capacidade dos bancos de suportar níveis de calote). Mas o Banco Central Europeu (BCE) deixou claro que, a exemplo de 2008, não vai deixar que aumentos de risco bancário se transforme em crise financeira.
3.    Preço de commodities. A taxa de câmbio brasileira é muito influenciada pelas cotações de commodities, mas nunca na mesma proporção. Quando subiram as cotações, o real se apreciou. Só que a subida foi muito maior do que a depreciação do real, gerando alguma inflação. Agora, se houver queda, haverá impacto negativo na inflação. Por outro lado, antes de ontem, o Departamento de Tesouro anunciou que manterá taxas de juros reduzidas por mais tempo. O que significa que irá manter a política de recompra de títulos públicos injetando dólares na economia. Ocorrendo isso, haverá um gás adicional nas cotações de commodities. E também no fluxo de dólares para o país.
Segundo Barbosa, enquanto não ficarem claros os próximos movimentos, não se saberá qual o rumo a se tomar na política econômica.
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No plano fiscal, em janeiro haverá um bom aumento no salário mínimo, seguindo a regra fixada alguns anos antes. Esse será o impulso fiscal para segurar o nível da atividade.

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