Se uma evidência é de tal forma robusta, por que muitas vezes leva tanto tempo para que o Estado e o mercado a adotem em suas práticas? Para encontrar respostas a esse que é um problema típico das mais diversas políticas públicas, selecionamos um caso clássico e significativo capaz de reunir as variáveis-chave de análise: o experimento de James Lind para a cura do escorbuto, no século XVIII.
Lind sistematizou seu experimento e o publicou no livro Um Tratado sobre o Escorbuto (A Treatise of the Scurvy – Lind, 1753). No entanto, a evidência só foi adotada como regra 42 anos depois (1795) e, ainda assim, de modo restrito à marinha de guerra britânica. A marinha mercante não o faria a não ser depois de mais de um século, em 1865. A pergunta que paira é: por quê?
Submetemos o caso a tratamento pela metodologia de experimentos naturais em história. A principal conclusão é que a evidência, por si só, é um elemento importante, mas frágil diante de fatores político-institucionais adversos e quando a própria autoridade científica (ou “sistema perito”) é fonte de ambiguidades em sua aplicação. O custo e, mais ainda, a logística de implementação se mostram também elementos decisivos para uma solução viável e rápida. Palavras-chave: políticas públicas baseadas em evidências; escorbuto; experimentos naturais em história; metodologia científica
Para citar:
LASSANCE, Antonio. A Longa Jornada da Evidência: a batalha contra o escorbuto. Boletim de Análise Político-Institucional: governança e cultura do uso de evidências no Brasil : experiências, desafios e temas emergentes. Rio de Janeiro: Ipea ; Brasília, DF: Cepal, n. 37, mar. 2024, p. 107-117. ISSN 2237-6208. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/13474/11/BAPI_37_Artigo_9.pdf
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