30 abril 2020

Bolsonaro e o Centrão: tudo a ver


Se engana quem pensa que Bolsonaro e o famigerado Centrão são como água e óleo. 
Em seus quase 30 anos como deputado federal, Bolsonaro passou por seis partidos, todos do Centrão, antes de pular para o PSL

Leia o artigo completo de Antonio Lassance no Jornal GGN, do jornalista Luís Nassif


A foto que estampa esta postagem é do grande fotógrafo Wilson Dias, da ABr, a partir da página do Congresso em Foco.











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29 abril 2020

Armas da democracia


Propaganda, progressismo e opinião pública americana


Um livro de Jonathan Auerbach. 
Editora Johns Hopkins University.




Ainda no início do século XX, Walter Lippmann temia que os cidadãos mantivessem crenças imprecisas e mal informadas, devido à maneira como as informações eram produzidas, circuladas e recebidas em uma sociedade de massas mediada pela imprensa. Lippmann chamou a esse processo manipulador da opinião de "fabricação de consentimento".

Como e por que a opinião pública - há muito acalentada como fundamento do governo democrático - se tornou uma fonte crescente de preocupação para os progressistas americanos?

Após a Primeira Guerra Mundial, o analista político Walter Lippmann temia que os cidadãos mantivessem crenças imprecisas e mal informadas, devido à maneira como as informações eram produzidas, circuladas e recebidas em uma sociedade de massas mediada pela imprensa. Lippmann chamou a esse processo manipulador da opinião de "fabricação de consentimento. Um termo muito familiar para esse tipo de persuasão propagandística em larga escala. 

Em Armas da democracia, Jonathan Auerbach explora como a crítica severa de Lippmann deu voz a um conjunto de dúvidas que incomodavam os reformadores sociais americanos desde o final do século XIX.

Progressistas, cientistas sociais e muckrakers [literalmente, "revolvedores de estrume", apelido dado a jornalistas investigativos orientados a levantar acusações sobre o conluio entre governos e grandes grupos econômicos] inicialmente se basearam na persuasão como parte do esforço para mobilizar a opinião pública em favor de reformas, incluindo regular monopólios, proteger consumidores e promover um governo isento e eficiente. 

A "propaganda" foi associada à educação pública e à conscientização para o bem do todos. Na segunda década do século XX, a necessidade de reunir apoio ao envolvimento americano na Grande Guerra produziu o Comitê de Informação Pública, que zelosamente espalhou o evangelho da democracia americana no exterior e trabalhou para reprimir a dissidência em casa. Após a guerra, empresas de relações públicas - que tratavam a publicidade como um fim em si - proliferaram.

Armas da democracia traça o destino da opinião pública americana na teoria e na prática de 1884 a 1934 e explica como a propaganda continua a moldar a esfera pública de hoje. O livro analisa de perto o trabalho de líderes políticos proeminentes, jornalistas, intelectuais, romancistas e publicitários corporativos, incluindo Woodrow Wilson, Theodore Roosevelt, Mark Twain, George Creel, John Dewey, Julia Lathrop, Ivy Lee e Edward Bernays. 

Verdadeiramente interdisciplinar no escopo e no método, este livro atrairá estudantes e acadêmicos em estudos americanos, história, teoria política, mídia e comunicação e estudos literários e de retórica.



Weapons of Democracy
Propaganda, Progressivism, and American Public Opinion
Jonathan Auerbach

How and why did public opinion—long cherished as a foundation of democratic government—become an increasing source of concern for American Progressives?

Following World War I, political commentator Walter Lippmann worried that citizens increasingly held inaccurate and misinformed beliefs because of the way information was produced, circulated, and received in a mass-mediated society. Lippmann dubbed this manipulative opinion-making process "the manufacture of consent." A more familiar term for such large-scale persuasion would be propaganda. In Weapons of Democracy, Jonathan Auerbach explores how Lippmann’s stark critique gave voice to a set of misgivings that had troubled American social reformers since the late nineteenth century.

Progressives, social scientists, and muckrakers initially drew on mass persuasion as part of the effort to mobilize sentiment for their own cherished reforms, including regulating monopolies, protecting consumers, and promoting disinterested, efficient government. "Propaganda" was associated with public education and consciousness raising for the good of the whole. By the second decade of the twentieth century, the need to muster support for American involvement in the Great War produced the Committee on Public Information, which zealously spread the gospel of American democracy abroad and worked to stifle dissent at home. After the war, public relations firms—which treated publicity as an end in itself—proliferated.

Weapons of Democracy traces the fate of American public opinion in theory and practice from 1884 to 1934 and explains how propaganda continues to shape today’s public sphere. The book closely analyzes the work of prominent political leaders, journalists, intellectuals, novelists, and corporate publicists, including Woodrow Wilson, Theodore Roosevelt, Mark Twain, George Creel, John Dewey, Julia Lathrop, Ivy Lee, and Edward Bernays. Truly interdisciplinary in both scope and method, this book will appeal to students and scholars in American studies, history, political theory, media and communications, and rhetoric and literary studies.













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27 abril 2020

Printing the revolution: The Business and Politics of Printing the News (1763–1789)

Revolutionary Networks
The Business and Politics of Printing the News, 1763–1789
by Joseph M. Adelman, Johns Hopkins.

An engrossing and powerful story about the influence of printers, who used their commercial and political connections to directly shape Revolutionary political ideology and mass mobilization.

Honorable Mention for the St. Louis Mercantile Library Prize by the Bibliographical Society of America

During the American Revolution, printed material, including newspapers, pamphlets, almanacs, and broadsides, played a crucial role as a forum for public debate. In Revolutionary Networks, Joseph M. Adelman argues that printers—artisans who mingled with the elite but labored in a manual trade—used their commercial and political connections to directly shape Revolutionary political ideology and mass mobilization. Going into the printing offices of colonial America to explore how these documents were produced, Adelman shows how printers balanced their own political beliefs and interests alongside the commercial interests of their businesses, the customs of the printing trade, and the prevailing mood of their communities.

Adelman describes how these laborers repackaged oral and manuscript compositions into printed works through which political news and opinion circulated. Drawing on a database of 756 printers active during the Revolutionary era, along with a rich collection of archival and printed sources, Adelman surveys printers' editorial strategies. Moving chronologically through the era of the American Revolution and to the war's aftermath, he details the development of the networks of printers and explains how they contributed to the process of creating first a revolution and then the new nation.

By underscoring the important and intertwined roles of commercial and political interests in the development of revolutionary rhetoric, this book essentially reframes our understanding of the American Revolution. Printers, Adelman argues, played a major role as mediators who determined what rhetoric to amplify and where to circulate it. Offering a unique perspective on the American Revolution and early American print culture, Revolutionary Networks reveals how these men and women managed political upheaval through a commercial lens.













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Robinson Crusoé visto por Buñuel



Nas águas abismais do YouTube, existem jóias escondidas que valem a pena expor. 



Em tempos de confinamento, trancado em casa como náufragos em uma ilha deserta, não há melhor aposta do que aproveitar Robinson Crusoé, na versão dirigida por Luis Buñuel em 1954, e que pode ser acessada aqui com legendas em espanhol

Por que este Robinson Buñuel filmou em inglês? 


Foi seu primeiro filme completo nesse idioma e seu primeiro filme em cores. Para o protagonista, os produtores lutaram para emplacar Orson Welles, algo que assustou Buñuel, que pensava que Welles poderia ser um intérprete preguiçoso, além de estar acima do peso para o personagem. 


Então eles o forçaram a ver Macbeth para convencê-lo, e Buñuel respondeu: Welles, não, mas Dan O'Herlihy, que interpreta Macduff naquele filme, parecia a opção perfeita. 


Finalmente, foi O'Herlihy quem interpretou Robinson Crusoé e ganhou a indicação ao Oscar com seu trabalho. Ao filmar no México, Buñuel teve Jaime Fernández (o irmão de Indio Fernández) como Sexta-Feira. 


Clássico e curioso, eis a visão buñueliana do romance de Daniel Defoe.








Robinson Crusoe visto por Buñuel
(El País)

En las aguas abismales de YouTube hay joyas escondidas que merece la pena sacar a la luz. En tiempos de confinamiento, encerrados en casa como náufragos en una isla desierta, no hay mejor apuesta que disfrutar de Robinson Crusoe, en la versión que dirigió en 1954 Luis Buñuel, y a la que se puede acceder aquí con subtítulos en español. Porque este Robinson Buñuel lo rodó en inglés: fue su primera película completa en ese idioma y su primer filme en color. Para el protagonista, los productores lucharon por imponerle a Orson Welles, algo que asustó a Buñuel, que pensaba que Welles podía ser un intérprete perezoso, además de pasado de peso para el personaje. Así que le obligaron a ver Macbeth para convencerle, y Buñuel contraatacó: Welles no, pero Dan O’Herlihy, que en esa película encarna a Macduff, le parecía la opción perfecta. Finalmente fue O’Herlihy quien interpretó a Robinson Crusoe, y obtuvo con su trabajo la candidatura al Oscar. Al rodarse en México, Buñuel contó con Jaime Fernández (el hermano del Indio Fernández) como Viernes. Clásica y curiosa, ahí está la visión buñueliana de la novela de Daniel Defoe.












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26 abril 2020

O que há de tão especial e pouco conhecido na canção "Bella Ciao"?




"Bella Ciao" ("Querida, Adeus") é uma canção anônima e muito popular internacionalmente.

Na Itália, é um hino antifascista


"É um hino dos Partisans [membros da resistência]”, afirma com segurança Carlo Ghezzi, da Associação Nacional dos Partisans da Itália (ANPI). A resistência era formada pelas diversas correntes do antifascismo: havia democratas-cristãos, comunistas, socialistas, monarquistas e republicanos, entre outros. Um conglomerado de ideias diferentes que superaram suas discrepâncias ante a necessidade de combater “o invasor”. “O comandante da resistência era Raffaele Cadorna, um monarquista, e seu vice-comandante Luigi Longo, comunista. O antifascismo representou a página mais importante deste país, e Bella Ciao dá voz a tudo isso”" diz Ghezzi ao jornalista Alessandro Leone, do jornal El País.



Só a extrema direita é quem não gosta dessa festa.

"Nas últimas duas décadas, Bella Ciao se tornou símbolo da esquerda comunista, sobretudo do ponto de vista da direita. Matteo Salvini, líder da Liga, e sua companheira de coalizão, Giorgia Meloni, do partido Irmãos da Itália, criticam com frequência sua representação. Por exemplo, quando alguns socialistas a entoaram no Parlamento da União Europeia. Meloni escreveu no Twitter que aquilo era “escandaloso” e “ridículo”, e falou de “União Soviética Europeia”. Sobre essa questão, para Ghezzi não há dúvida. “Está claro que a direita não gosta em absoluto dos valores do antifascismo, mas essas polêmicas começaram no dia seguinte à libertação. Nós não discutimos sobre isso desde 25 de abril de 1945." (da matéria Alessandro Leone ao El País).

Muito antes de se tornar trilha sonora do seriado "La Casa de Papel", já era internacionalmente conhecida.

Manu Chão, Woody Allen e Tom Waits e outros já haviam gravado suas versões. 

Uma das mais célebres é a de Yves Montand, que gravou a música em 1963. Aliás, uma curiosidade é a de que um dos mais célebres cantores da França era, de fato, italiano. Yves Montand, naturalizado francês, na verdade, era Ivo Livi. Livi (vulgo Montand) cantou Bella Ciao sob o título de "Chant des Partisans" ("Canto dos Militantes").

Leia a matéria completa de Alessandro Leone no El País.


Bella Ciao
Alla mattina appena alzata
o bella ciao bella ciao bella ciao, ciao, ciao
alla mattina appena alzata
in risaia mi tocca andar.

E fra gli insetti e le zanzare
o bella ciao bella ciao bella ciao ciao ciao
e fra gli insetti e le zanzare
un dur lavoro mi tocca far.

Il capo in piedi col suo bastone
o bella ciao bella ciao bella ciao ciao ciao
il capo in piedi col suo bastone
e noi curve a lavorar.

O mamma mia o che tormento
o bella ciao bella ciao bella ciao ciao ciao
o mamma mia o che tormento
io t'invoco ogni doman.

Ed ogni ora che qui passiamo
o bella ciao bella ciao bella ciao ciao ciao
ed ogni ora che qui passiamo
noi perdiam la gioventù.

Ma verrà un giorno che tutte quante
o bella ciao bella ciao bella ciao ciao ciao
ma verrà un giorno che tutte quante
lavoreremo in libertà.

Bella Ciao
Uma manhã, eu acordei
Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Uma manhã, eu acordei
E encontrei um invasor
Oh, partigiano (membro da Resistência), leve-me embora
Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
Oh, membro da Resistência, leve-me embora
Porque sinto que vou morrer
E se eu morrer como partigiano,
Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
E se eu morrer como partigiano,
Você deve me enterrar
E me enterre no alto das montanhas
Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
E me enterre no alto das montanhas
Sob a sombra de uma bela flor
E todas as pessoas que passarem
Bela, tchau! Bela, tchau! Bela, tchau, tchau, tchau!
E todas as pessoas que passarem
Te dirão: Que bela flor!
E essa será a flor da Resistência
Daquele que morreu pela liberdade
E essa será a flor da Resistência
Daquele que morreu pela liberdade.






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