20 novembro 2019

Uma democracia é mais sábia do que qualquer ditadura

E quando as pessoas cedem à estupidez, coincidentemente, a democracia torna-se ameaçada. 

Esta é a impressão que fica do livro organizado por Hélène Landemore e Jon Elster.


Os autores (16 ao todo) demonstram que os regimes políticos atuais, em grande medida, fragmentam, distorcem e massificam a discussão e a cooperação coletiva, ao invés de promovê-la. Dessa maneira, embora a democracia atual seja ainda baseada no princípio da soberania popular e da decisão da maioria, ela mina as bases coletivas que poderiam torná-la mais protegida de decisões precipitadas e irracionais, motivadas mais por ódios que por argumentos.

A sabedoria coletiva (que é mais que inteligência) significa a construção de noções e conclusões a partir de muitos lados. Já as noções e decisões individualizadas se debruçam sobre processos em que as pessoas só concebem o seu "umbigo".

Contrariando uma milenar teoria política antidemocrática (desde os filósofos da  Antiguidade Clássica, à exceção dos sofistas e, em certa medida, de Aristóteles), o livro Sabedoria Coletiva: princípios e mecanismos começa lembrando que James Madison (1751-1836) escreveu: 


"Se todo cidadão ateniense fosse Sócrates, toda assembleia ateniense ainda seria uma multidão". 

Os autores discutem e, em grande medida, desafiam essa afirmação, considerando as condições sob as quais muitas cabeças podem pensar melhor que uma. 

Conforme diz a apresentação da editora (Cambridge):
"Com conhecimentos de economia, ciência cognitiva, ciência política, direito e história, os autores consideram o mercado da informação, a internet, as decisões de tribunais do júri, a deliberação democrática e o uso da diversidade de pontos de vista como mecanismos para melhorar as decisões coletivas.
Ao mesmo tempo, consideram a irracionalidade dos eleitores e os paradoxos da agregação como potenciais fatores que minam a sabedoria dos grupos. 
Implícita ou explicitamente, a obra também oferece orientação e conselhos aos preocupados com a engenharia institucional."


Obs: o livro ainda (novembro de 2011) não tem edição em Português.


Collective Wisdom: Principles and Mechanisms

Hélène Landemore, Jon Elster Publisher: Cambridge University Press, Year: 2012.  

James Madison wrote, 


"Had every Athenian citizen been a Socrates, every Athenian assembly would still have been a mob." 

The contributors to this volume discuss and for the most part challenge this claim by considering conditions under which many minds can be wiser than one. 

With backgrounds in economics, cognitive science, political science, law, and history, the authors consider information markets, the Internet, jury debates, democratic deliberation, and the use of diversity as mechanisms for improving collective decisions. 

At the same time, they consider voter irrationality and paradoxes of aggregation as possibly undermining the wisdom of groups. Implicitly or explicitly, the volume also offers guidance and warnings to institutional designers.




Hélène Landemore is a graduate of the "École Normale Supérieure", in Paris, Sciences Po Paris, and Harvard University (PhD 2008). After holding postdoctoral positions at the Collège de France in Paris, Brown University, and MIT, she is now an assistant professor of political science at Yale University. She is the author of Hume: probabilité et choix raisonnable and Democratic Reason: Politics, Collective Intelligence, and the Rule of the Many. Her work has appeared in the Journal of Moral Philosophy, Raison Publique, Synthese, Journal of Public Deliberation, Critical Review, and Political Psychology. 

Jon Elster is Robert K. Merton Professor of Political Science at Columbia University. He was previously a professor at the University of Chicago. From 2005 to 2011, he held the Chaire de Rationalité et Sciences Sociales at the Collège de France in Paris. He is a member of the American Academy of Arts and Sciences, Academia Europaea, and the Norwegian Academy of Science and is a Corresponding Fellow of the British Academy. He holds honorary doctorates from the universities of Valencia, Stockholm, Trondheim, Bogota, Torcuata di Tella, and Louvain-la-Neuve. Elster is the author of twenty-three monographs, which have been translated into eighteen languages. The most recent of these include L’Irrationalite; Alexis de Tocqueville: The First Social Scientist; Le Désintéressement; Explaining Social Behavior; Agir contre soi; Closing the Books; and Alchemies of the Mind.










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Uma História da Desigualdade: a Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil - 1926-2013

Livro trata da história política da desigualdade no Brasil, que produziu o fosso de uma concentração de renda que está entre as maiores do mundo

De acordo com o autor, Pedro Herculano Guimarães Ferreira de Souza, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o estudo representa a mais longa e completa série histórica para a desigualdade de renda brasileira já elaborada, reunindo estimativas para nove décadas.

O trabalho é resultado da tese de doutoramento (A desigualdade vista do topo: a concentração de renda  entre os ricos no Brasil, 1926-2013), que foi apresentada por Pedro Herculano em 2016, na Universidade de Brasília (UnB), orientada pelo professor Marcelo Medeiros Coelho de Souza, também do Ipea. Herculano ganhou o Prêmio Capes de tese na área de sociologia de 2017. 

Agora, a obra, publicada também pela editora Hucitec, está concorrendo ao 61º Prêmio Jabuti, a mais tradicional premiação literária do Brasil, concedida pela Câmara Brasileira do Livro. 

O livro Uma História da Desigualdade: a Concentração de Renda entre os Ricos no Brasil - 1926-2013 é uma das 10 publicações finalistas na categoria Humanidades do Jabuti, que analisa livros sobre temas relacionados principalmente à sociologia, antropologia, história, política e economia.




Fonte desta matéria: http://www.ipea.gov.br/portal/






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07 novembro 2019

Eles se juntaram para despolitizar a sociedade, radicalizar a defesa dos ricos e atacar direitos humanos, supostamente, homenageando-os




Ludwig von Mises e Hayek em ação


A moral do mercado: direitos humanos e a ascensão do neoliberalismo. 
Livro de Jessica Whyte.

O abraço fatal dos direitos humanos e do neoliberalismo

Em uma pesquisa detalhada sobre as histórias paralelas que relacionam direitos humanos e neoliberalismo, Jessica Whyte descobre o lugar dos direitos humanos nas tentativas neoliberais de desenvolver um arcabouço moral para uma sociedade de mercado. 

Após a Segunda Guerra Mundial, os neoliberais viram demandas por novos direitos ao bem-estar social e à autodeterminação como ameaças à "civilização". No entanto, em vez de rejeitar direitos, eles desenvolveram uma abordagem distinta dos direitos humanos de modo a despolitizar a sociedade civil, proteger investimentos privados e moldar sujeitos liberais.





The Morals of the Market
Human Rights and the Rise of Neoliberalism
by Jessica Whyte.

The fatal embrace of human rights and neoliberalism


Drawing on detailed archival research on the parallel histories of human rights and neoliberalism, Jessica Whyte uncovers the place of human rights in neoliberal attempts to develop a moral framework for a market society. In the wake of the Second World War, neoliberals saw demands for new rights to social welfare and self-determination as threats to “civilisation”. Yet, rather than rejecting rights, they developed a distinctive account of human rights as tools to depoliticise civil society, protect private investments and shape liberal subjects.







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