E quando as pessoas cedem à estupidez, coincidentemente, a democracia torna-se ameaçada.
Esta é a impressão que fica do livro organizado por Hélène Landemore e Jon Elster.
Os autores (16 ao todo) demonstram que os regimes políticos atuais, em grande medida, fragmentam, distorcem e massificam a discussão e a cooperação coletiva, ao invés de promovê-la. Dessa maneira, embora a democracia atual seja ainda baseada no princípio da soberania popular e da decisão da maioria, ela mina as bases coletivas que poderiam torná-la mais protegida de decisões precipitadas e irracionais, motivadas mais por ódios que por argumentos.
A sabedoria coletiva (que é mais que inteligência) significa a construção de noções e conclusões a partir de muitos lados. Já as noções e decisões individualizadas se debruçam sobre processos em que as pessoas só concebem o seu "umbigo".
Contrariando uma milenar teoria política antidemocrática (desde os filósofos da Antiguidade Clássica, à exceção dos sofistas e, em certa medida, de Aristóteles), o livro Sabedoria Coletiva: princípios e mecanismos começa lembrando que James Madison (1751-1836) escreveu:
"Se todo cidadão ateniense fosse Sócrates, toda assembleia ateniense ainda seria uma multidão".
Os autores discutem e, em grande medida, desafiam essa afirmação, considerando as condições sob as quais muitas cabeças podem pensar melhor que uma.
Conforme diz a apresentação da editora (Cambridge):
"Com conhecimentos de economia, ciência cognitiva, ciência política, direito e história, os autores consideram o mercado da informação, a internet, as decisões de tribunais do júri, a deliberação democrática e o uso da diversidade de pontos de vista como mecanismos para melhorar as decisões coletivas.
Ao mesmo tempo, consideram a irracionalidade dos eleitores e os paradoxos da agregação como potenciais fatores que minam a sabedoria dos grupos.
Implícita ou explicitamente, a obra também oferece orientação e conselhos aos preocupados com a engenharia institucional."
Obs: o livro ainda (novembro de 2011) não tem edição em Português.
Hélène Landemore, Jon Elster Publisher: Cambridge University Press, Year: 2012.
James Madison wrote,
"Had every Athenian citizen been a Socrates, every Athenian assembly would still have been a mob."
The contributors to this volume discuss and for the most part challenge this claim by considering conditions under which many minds can be wiser than one.
With backgrounds in economics, cognitive science, political science, law, and history, the authors consider information markets, the Internet, jury debates, democratic deliberation, and the use of diversity as mechanisms for improving collective decisions.
At the same time, they consider voter irrationality and paradoxes of aggregation as possibly undermining the wisdom of groups. Implicitly or explicitly, the volume also offers guidance and warnings to institutional designers.
Jon Elster is Robert K. Merton Professor of Political Science at Columbia University. He was previously a professor at the University of Chicago. From 2005 to 2011, he held the Chaire de Rationalité et Sciences Sociales at the Collège de France in Paris. He is a member of the American Academy of Arts and Sciences, Academia Europaea, and the Norwegian Academy of Science and is a Corresponding Fellow of the British Academy. He holds honorary doctorates from the universities of Valencia, Stockholm, Trondheim, Bogota, Torcuata di Tella, and Louvain-la-Neuve. Elster is the author of twenty-three monographs, which have been translated into eighteen languages. The most recent of these include L’Irrationalite; Alexis de Tocqueville: The First Social Scientist; Le Désintéressement; Explaining Social Behavior; Agir contre soi; Closing the Books; and Alchemies of the Mind.
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