13 dezembro 2013

Colégio na Bahia troca nome de general presidente pelo de guerrilheiro

Declarado "inimigo número 1" do regime militar em 1968, o militante comunista e guerrilheiro Carlos Marighella (1911-1969) irá substituir o presidente do período da ditadura Emílio Garrastazu Médici (1905-1985) como nome de um colégio estadual em Salvador.

Iniciativa de estudantes da escola, a mudança foi referendada nesta quinta-feira (12) pela comunidade do colégio estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, que fica em um bairro de classe média da cidade.

Entre os dias 30 de novembro e 10 de dezembro, pais, alunos e professores votaram pela escolha de um novo nome. Na votação, as opções eram os nomes de Marighella e do geógrafo baiano Milton Santos (1926-2001). O guerrilheiro obteve 69% dos 586 votos.

A escola ainda irá submeter a proposta de mudança ao governo da Bahia. Mas o secretário da Educação, Osvaldo Barreto, disse que a mudança deverá ser acatada "respeitando a decisão da comunidade".

"Estimulamos que a comunidade opine na escolha dos nomes das escolas. Já tivemos outros casos de mudança, mas essa teve mais repercussão porque leva o nome de um ex-presidente", afirmou Barreto.

A alteração era também uma demanda antiga dos professores do colégio, sobretudo os da área de ciências humanas.

A proposta ganhou força com o apoio dos estudantes após a realização de um trabalho escolar. A exposição feita pelos alunos foi batizada de "A vida em preto e branco: Carlos Marighella e a ditadura militar".
Vice-diretora do colégio, Maria das Graças Passos afirmou que a direção do colégio já havia tentado trocar o nome da instituição outras vezes, mas esbarrava em trâmites burocráticos. Desta vez, contudo, ela disse acreditar que a mudança se concretizará pela mobilização dos estudantes.

"Havia um incômodo em ter a nossa escola batizada com o nome de um ditador. A mudança vem em boa hora, ainda mais com a escolha do nome de um baiano que combateu à ditadura", afirmou Passos.

MORTE E ANISTIA

O general Médici ficou notabilizado por comandar o país durante um dos períodos mais duros do último regime militar.

Foi durante seu governo que Marighella foi morto em São Paulo por agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de repressão do regime.

Em 1996, o governo brasileiro reconheceu a responsabilidade do Estado na morte de Marighella. No ano passado, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, oficializou a anistia post mortem do ex-deputado federal baiano.

Fonte: JOÃO PEDRO PITOMBO, Folha de S. Paulo
 
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