“A taxa de homicídios no Brasil é de 26 por cem mil habitantes, porém esse
número poderia estar em torno de 13, não fosse a corrida armamentista dos anos
90”, afirmou Daniel Cerqueira, diretor de Estudos e Políticas do Estado, das
Instituições e da Democracia do Ipea.
Cerqueira apresentou
nesta segunda-feira, dia 1°, no Rio de Janeiro, o estudo Mapa das Armas de
Fogo nas Microrregiões Brasileiras.
O pesquisador alertou que a difusão da arma de fogo concorre para o aumento da taxa de homicídios nas localidades. “Segundo nossas estimativas, o aumento de 1% de armas de fogo eleva em até 2% a taxa de homicídio. Por outro lado, a difusão de armas nas cidades não possui efeito sobre a taxa de crimes contra a propriedade. O uso defensivo da arma de fogo para conter crimes contra a propriedade é na verdade uma lenda que não reflete a realidade”, criticou.
O estudo destinou-se a analisar diversas microrregiões no país a partir da sua taxa de homicídios e difusão de armas de fogo. Nos rankings, destacam-se as microrregiões de Itamaracá (PE) e Barreiras (BA), por serem respectivamente as com maior e menor difusão de armas. Foi também constatado que, ao se comparar a taxa média de homicídio, as microrregiões com maior difusão de armas de fogo apresentam uma taxa 7,4 vezes maior que as de menor difusão.
Outro resultado da pesquisa aponta que, apesar das taxas de homicídio agregada e por subgrupos populacionais terem permanecido estáveis ao longo dos anos 2000, a taxa de homicídio com arma de fogo dentro das residências apresentou um aumento de 44%. Segundo Cerqueira, “este indicador traz profundas implicações para as políticas de segurança pública no Brasil, pois se sabe, com base em inúmeras evidências internacionais, que cerca de 95% dos homicídios dentro dos lares são perpetrados por cônjuges, familiares ou conhecidos da vítima. Portanto, a combinação de violência doméstica e disponibilidade da arma de fogo, além de gerar inúmeras tragédias no país, reproduz uma cultura da violência que sai das residências para as ruas.”
O autor discorreu ainda sobre o Estatuto do Desarmamento (ED) no Brasil, revelando que, de fato, o ED produziu efeitos positivos, conseguindo reduzir a difusão de armas de fogo e, consequentemente, a taxa de homicídios. Porém, ressaltou que o efeito do Estatuto não se deu de forma homogênea no país e a eficácia variou entre estados.
Leia mais: Marcelo Neri, presidente do Ipea, apresentou o estudo "Impactos do Estatuto do Desarmamento sobre a Demanda Pessoal por Armas de Fogo"
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