07 abril 2013

Aliança do PSOL com o PSDB e DEM em Macapá

Não é diferente do que ocorre no Congresso, onde andam de mãos dadas na oposição ao governo Dilma.
Tanto que o líder do PSOL no Congresso diz que "não tem nada que está acontecendo na prefeitura de Macapá que contrarie a orientação do partido".
Parece ser preciso complementar a frase célebre segundo a qual "não existe pecado do lado de baixo do Equador". Do lado de cima, agora parece que também não tem.


Após 100 dias, PSOL tem ajuda do DEM para governar Macapá
Sérgio Roxo, O Globo, 7/4/2013.


Partido radical de esquerda, o PSOL conta com ajuda de políticos ligados ao PSDB e ao DEM em sua primeira gestão à frente de uma capital. Mas nos cem primeiros dias no comando da prefeitura de Macapá, no Amapá, Clésio Luís não conseguiu, segundo admitem até aliados, mudar a situação de caos administrativo pela qual passa a cidade de 415 mil habitantes. O titular da pasta de Administração, justamente responsável por reverter esse panorama, inclusive já foi trocado.

O novo prefeito não chegou a nomear secretários filiados aos dois partidos, que o apoiaram no segundo turno da eleição. Apenas PCdoB, PPS, PV e os nanicos PCB e PRTB foram contemplados na formação do primeiro escalão, mas o ex-deputado estadual Jorge Amanajás, presidente do PSDB por cinco anos no Amapá e que no final do ano mudou para o PPS, indicou o secretário de Educação, Saul Peloso da Silva.

- Ele não é filiado. É um técnico que eu conheço e indiquei ao prefeito - admite.

O deputado federal Davi Alcolumbre (DEM), derrotado no primeiro turno da eleição para prefeito, ano passado, nega ter indicado secretários, mas admite que colabora com a pasta de Obras porque ocupou o posto na gestão passada.

- Destinei R$ 10 milhões da minha cota de emendas para a secretaria de Obras.

A ajuda tem causado desconforto dentro do PSOL. A ex-deputada federal Luciana Genro não se entusiasma com a gestão do colega de partido em Macapá.

- Não tenho recebido muitas informações, o que não é bom porque indica que não estão sendo tomadas medidas de impacto em Macapá.

Luciana critica as indicações políticas, mas diz que, pelo menos, foram evitadas nomeações de filiados aos partidos que apoiaram o PSOL no segundo turno, o que, na sua visão, seria "o pior dos mundos".

- A pressão interna evitou que fosse formado um governo de coalizão.

No segundo turno da eleição, 35 membros da sigla - muitos deles integrantes da Executiva Nacional - divulgaram nota repudiando a adesão de políticos do DEM e do PSDB à candidatura de Clésio. O grupo também tentou levar o prefeito eleito ao conselho de ética por causa dos apoios, mas a Executiva Nacional rejeitou o pedido numa votação apertada.

O presidente nacional do PSOL, o deputado Ivan Valente (SP), contemporiza o desconforto e defende a gestão do prefeito da legenda na capital do Amapá.

- Não tem nada que está acontecendo na prefeitura de Macapá que contrarie a orientação do partido - diz Valente.

Independentemente da ajuda de outros partidos, a população de Macapá sofre. Por exemplo, as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), paradas na cidade desde novembro, só voltaram a funcionar quase três meses depois de iniciado o mandato.

- O governo está com dificuldade de engrenar. A população não consegue ver grandes mudanças. As ruas continuam muito esburacadas - diz o aliado Amanajás, que reconhece, porém, o empenho do novo prefeito para colocar as contas nos trilhos.

Clésio culpa a gestão antecessor, Roberto Góes (PDT), seu adversário no segundo turno da eleição, pelo caos. Afirma que encontrou a prefeitura com salários atrasados. Ele reconhece que a população ainda não sentiu a diferença.

- Não foi feita a maquiagem que os prefeitos comumente fazem quando entram.

O ex-prefeito Góes foi procurado, mas não retornou a ligação.


 
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