A disputa em Campinas virou uma página não só da história pessoal do candidato a prefeito, mas do PT de Campinas.
Leia a matéria e a entrevista com Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA e candidato do PT que disputou o segundo turno em Campinas.
Pochmann é visto como o homem que virou a página do PT local
O candidato derrotado Marcio Pochmann, do PT, foi recebido no comitê eleitoral do partido, no bairro Castelo, por cerca de 200 militantes que entoaram o refrão: “Oh, Marcio, cê pode crer, recuperou o nosso orgulho do PT (sic)”. A frase dita em coro reflete o momento pelo qual passa o partido, segundo o próprio candidato e lideranças políticas, sobre o resgate da força da sigla na cidade, considerada perdida desde o governo de Izalene Tiene (2001-2004). De março até agora, cerca de 650 pessoas se filiaram ao PT. O número total chega a 5 mil filiados.
Diante da derrota nas urnas, o partido assumirá a postura de oposição ao governo do futuro prefeito Jonas Donizette (PSB) na Câmara — o PT conseguiu eleger quatro vereadores — e se articulará para evitar um racha na bancada, como ocorreu no último mandato.
Pochmann chegou no comitê por volta das 19h junto com a vice, Adriana Flosi, pouco antes de 100% das urnas estarem apuradas. Ele acompanhou o processo em sua casa. Discursou aos militantes e estava um pouco emocionado. No caminho, telefonou para Jonas e afirmou ter dito que o PT assumirá papel de fiscalizador de seu governo e de suas propostas feitas durante a campanha.
Logo após o resultado da pesquisa boca de urna, do Ibope/EPTV, o clima no comitê era de derrota. Aos poucos, o local encheu de petistas que demonstraram apoio ao candidato, mas poucos políticos apareceram.
Pochmann disse que não se sente derrotado diante de sua projeção durante a campanha — ele começou com 1% nas primeiras pesquisas — e acredita no resgate do PT campineiro. “Se observarmos como nós começamos e como nós saímos dessa eleição, não pode dizer que é uma derrota, nós saímos mais ampliados dos que éramos.”
Desconhecido na cidade e candidato pela primeira vez, sua candidatura mobilizou lideranças nacionais, o que contribuiu para o resgate da militância que trabalhou principalmente na campanha de rua.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou seu nome para a disputa, a presidente da República, Dilma Rousseff, ministros e políticos nacionais subiram no palanque para anunciar o apoio ao petista. No entanto, um “passado negro” do PT com o governo Izalene, mal avaliado pela população, e a presença na sua campanha de pessoas ligadas à ex-prefeita pode ter sido mais forte do que os apoios que recebeu e os projetos apresentados. “Ainda é preciso avaliar melhor, ainda é muito cedo para dizer se erramos.”
O presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes, disse que a candidatura de Pochmann serviu para virar a página da história do partido na cidade. Uma página, segundo ele, que começou com o assassinato do prefeito Antonio da Costa Santos (PT), em 2001, e prosseguiu com as divergências internas do partido que, segundo ele, resultaram em dificuldades no governo de Izalene. “Mas acho que nós fomos muito além do que, politicamente, esperávamos. A militância está com a moral em alta.” Fernandes disse que é preciso assumir os erros do PT no passado, mas virar, definitivamente, a página.
Câmara
Nos próximos dias serão realizadas reuniões para tratar da postura que será adotada pelos vereadores eleitos para ocupar uma vaga na Câmara no próximo mandato. O PT quer fortalecer a bancada de oposição e impedir que haja um racha no partido. “Temos uma postura de um projeto político, mas criticamos o projeto do governo do Estado, que passará a ser o projeto político do futuro prefeito”, disse Fernandes, referindo-se à coligação de Jonas com PSDB, que compõe sua chapa com a vaga de vice. As conversas serão feitas também com os partidos coligados para reforçar a oposição ao futuro governo.
Entrevista
Pochmann diz que não vai abandonar o papel de político
Correio Popular — O senhor está decepcionado?
Marcio Pochmann — Eu estou orgulhoso. Em primeiro lugar, como cidadão por ter essa experiência de participar de um processo eleitoral. Em segundo, de ter participado de um segundo turno. Campinas teve a presença de grandes personalidades nacionais. Campinas se apresentou para o Brasil de uma forma diferente. Saio tranquilo e feliz. Foi uma campanha alegre. Temos aqui, em um momento de resultado, a militância presente, muito senhora de si, muito diferente de quando nós começamos a campanha.
Depois dessa primeira experiência, pretende uma nova candidatura?
Eu, possivelmente, volto para a universidade (Unicamp, onde é professor de Economia) porque eu tenho uma opção profissional. Obviamente, não vou abandonar a política, tenho um papel de cidadão e ao mesmo tempo uma contribuição que espero dar para que Campinas seja uma cidade melhor do que temos atualmente.
A aliança com o PDT e o governo Izalene contribuíram para sua derrota?
Jonas nos atacou em relação ao passado. Desde o início, eu disse que é necessário virar uma página da história do PT de Campinas, para que a gente pudesse construir uma nova página, que está aberta e precisa ser escrita. Não acho que se escreva uma história com o passado, que precisa ser analisado. Se houve erros, eles não podem ser repetidos.
Os ataques por parte do PT no segundo turno podem ter prejudicado?
Eu discordo. O Jonas foi muito mais agressivo do que nós. A novidade das questões que nós trouxemos contra ele foi muito mais em relação ao trabalho infantil. Em relação à privatização da saúde, em relação à participação dele no PSDB, tudo isso nós havíamos feito no primeiro turno. Eu não entendo que possa ser essa explicação por nós não termos a maior parte dos votos. Nós fomos exitosos, nós saímos de 28% para uma coisa acima de 48%, nosso crescimento foi acima de 50%. O Jonas cresceu 25%. Nós fomos felizes nesse resultado.
O senhor era presidente do Ipea. Volta para o governo federal?
Imediatamente, vou assumir minhas funções na universidade. Não vou abandonar o papel político que essa candidatura me abriu. Vou ver o melhor encaminhamento, ter uma conversa dentro do partido.
Fonte: Correio Popular.
Leia a matéria e a entrevista com Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA e candidato do PT que disputou o segundo turno em Campinas.
Pochmann é visto como o homem que virou a página do PT local
O candidato derrotado Marcio Pochmann, do PT, foi recebido no comitê eleitoral do partido, no bairro Castelo, por cerca de 200 militantes que entoaram o refrão: “Oh, Marcio, cê pode crer, recuperou o nosso orgulho do PT (sic)”. A frase dita em coro reflete o momento pelo qual passa o partido, segundo o próprio candidato e lideranças políticas, sobre o resgate da força da sigla na cidade, considerada perdida desde o governo de Izalene Tiene (2001-2004). De março até agora, cerca de 650 pessoas se filiaram ao PT. O número total chega a 5 mil filiados.
Diante da derrota nas urnas, o partido assumirá a postura de oposição ao governo do futuro prefeito Jonas Donizette (PSB) na Câmara — o PT conseguiu eleger quatro vereadores — e se articulará para evitar um racha na bancada, como ocorreu no último mandato.
Pochmann chegou no comitê por volta das 19h junto com a vice, Adriana Flosi, pouco antes de 100% das urnas estarem apuradas. Ele acompanhou o processo em sua casa. Discursou aos militantes e estava um pouco emocionado. No caminho, telefonou para Jonas e afirmou ter dito que o PT assumirá papel de fiscalizador de seu governo e de suas propostas feitas durante a campanha.
Logo após o resultado da pesquisa boca de urna, do Ibope/EPTV, o clima no comitê era de derrota. Aos poucos, o local encheu de petistas que demonstraram apoio ao candidato, mas poucos políticos apareceram.
Pochmann disse que não se sente derrotado diante de sua projeção durante a campanha — ele começou com 1% nas primeiras pesquisas — e acredita no resgate do PT campineiro. “Se observarmos como nós começamos e como nós saímos dessa eleição, não pode dizer que é uma derrota, nós saímos mais ampliados dos que éramos.”
Desconhecido na cidade e candidato pela primeira vez, sua candidatura mobilizou lideranças nacionais, o que contribuiu para o resgate da militância que trabalhou principalmente na campanha de rua.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou seu nome para a disputa, a presidente da República, Dilma Rousseff, ministros e políticos nacionais subiram no palanque para anunciar o apoio ao petista. No entanto, um “passado negro” do PT com o governo Izalene, mal avaliado pela população, e a presença na sua campanha de pessoas ligadas à ex-prefeita pode ter sido mais forte do que os apoios que recebeu e os projetos apresentados. “Ainda é preciso avaliar melhor, ainda é muito cedo para dizer se erramos.”
O presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes, disse que a candidatura de Pochmann serviu para virar a página da história do partido na cidade. Uma página, segundo ele, que começou com o assassinato do prefeito Antonio da Costa Santos (PT), em 2001, e prosseguiu com as divergências internas do partido que, segundo ele, resultaram em dificuldades no governo de Izalene. “Mas acho que nós fomos muito além do que, politicamente, esperávamos. A militância está com a moral em alta.” Fernandes disse que é preciso assumir os erros do PT no passado, mas virar, definitivamente, a página.
Câmara
Nos próximos dias serão realizadas reuniões para tratar da postura que será adotada pelos vereadores eleitos para ocupar uma vaga na Câmara no próximo mandato. O PT quer fortalecer a bancada de oposição e impedir que haja um racha no partido. “Temos uma postura de um projeto político, mas criticamos o projeto do governo do Estado, que passará a ser o projeto político do futuro prefeito”, disse Fernandes, referindo-se à coligação de Jonas com PSDB, que compõe sua chapa com a vaga de vice. As conversas serão feitas também com os partidos coligados para reforçar a oposição ao futuro governo.
Entrevista
Pochmann diz que não vai abandonar o papel de político
Correio Popular — O senhor está decepcionado?
Marcio Pochmann — Eu estou orgulhoso. Em primeiro lugar, como cidadão por ter essa experiência de participar de um processo eleitoral. Em segundo, de ter participado de um segundo turno. Campinas teve a presença de grandes personalidades nacionais. Campinas se apresentou para o Brasil de uma forma diferente. Saio tranquilo e feliz. Foi uma campanha alegre. Temos aqui, em um momento de resultado, a militância presente, muito senhora de si, muito diferente de quando nós começamos a campanha.
Depois dessa primeira experiência, pretende uma nova candidatura?
Eu, possivelmente, volto para a universidade (Unicamp, onde é professor de Economia) porque eu tenho uma opção profissional. Obviamente, não vou abandonar a política, tenho um papel de cidadão e ao mesmo tempo uma contribuição que espero dar para que Campinas seja uma cidade melhor do que temos atualmente.
A aliança com o PDT e o governo Izalene contribuíram para sua derrota?
Jonas nos atacou em relação ao passado. Desde o início, eu disse que é necessário virar uma página da história do PT de Campinas, para que a gente pudesse construir uma nova página, que está aberta e precisa ser escrita. Não acho que se escreva uma história com o passado, que precisa ser analisado. Se houve erros, eles não podem ser repetidos.
Os ataques por parte do PT no segundo turno podem ter prejudicado?
Eu discordo. O Jonas foi muito mais agressivo do que nós. A novidade das questões que nós trouxemos contra ele foi muito mais em relação ao trabalho infantil. Em relação à privatização da saúde, em relação à participação dele no PSDB, tudo isso nós havíamos feito no primeiro turno. Eu não entendo que possa ser essa explicação por nós não termos a maior parte dos votos. Nós fomos exitosos, nós saímos de 28% para uma coisa acima de 48%, nosso crescimento foi acima de 50%. O Jonas cresceu 25%. Nós fomos felizes nesse resultado.
O senhor era presidente do Ipea. Volta para o governo federal?
Imediatamente, vou assumir minhas funções na universidade. Não vou abandonar o papel político que essa candidatura me abriu. Vou ver o melhor encaminhamento, ter uma conversa dentro do partido.
Fonte: Correio Popular.
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