IPEA apresenta dados e referências para a análise de um fenômeno controverso.
Boletim Radar (21°
edição, setembro 2012) sobre tecnologia, produção e comércio exterior
reúne cinco trabalhos que trazem contribuições para o debate sobre um
eventual processo de desindustrialização da economia brasileira.
Tema é
controverso
Não há um conceito único e consagrado de
desindustrialização. Apesar disso, é indiscutível que aspectos como a
sobrevalorização cambial têm sido apontados como fatores que trazem
dificuldades para o setor manufatureiro no Brasil.
Gabriel Coelho
Squeff apresenta os indicadores clássicos de desindustrialização e as
principais causas teóricas para a ocorrência deste fenômeno. O autor
reafirma a dificuldade de se obter um consenso a respeito do tema e a
ambiguidade dos indicadores que permitiriam afirmar ou refutar a
hipótese de desindustrialização da economia brasileira.
O estudo de Gabriel Coelho Squeff e Mauro Oddo Nogueira examina a evolução da
produtividade do trabalho ao longo da última década. Estes resultados
são confrontados com dados de emprego visando delinear uma visão da
dinâmica da estrutura produtiva a partir do ponto de vista do trabalho.
Luís Fernando Tironi
argumenta que deficiências de capacidade competitiva face aos parceiros
externos são um dos determinantes do processo de desindustrialização
que estaria acometendo a economia brasileira. Isto o leva a resgatar
elementos sobre aquilo que denomina “movimentos pela competitividade”,
que envolvem ações voltadas para a qualidade e produtividade, o apoio
aos arranjos produtivos locais e o incentivo à inovação.
Bruno
César Araújo e Fabiano Mezadre Pompermayer analisa os possíveis
impactos da desoneração da contribuição patronal sobre folha salarial em
setores selecionados pelo Plano Brasil Maior. Os autores ressaltam que
as medidas adotadas não necessariamente garantem a recomposição das
margens nos setores beneficiados, uma vez que fatores como as condições
de demanda e concorrência do setor ou o poder de negociação dos
trabalhadores podem afetar a maneira por meio da qual a redução do
imposto previdenciário
é apropriada. Contudo, ressaltam a capacidade que tem a medida de equalizar a incidência deste tributo entre os produtos nacionais e os importados.
é apropriada. Contudo, ressaltam a capacidade que tem a medida de equalizar a incidência deste tributo entre os produtos nacionais e os importados.
Mansueto Almeida
retoma o debate sobre a ocorrência ou não de desindustrialização no
Brasil. O autor reúne dados sobre a redução da participação da indústria
no PIB, sobre o aumento da participação das commodities na pauta de
exportações e sobre o aumento das importações de manufaturados, mas
argumenta que estes movimentos ocorreram em um momento no qual: a
economia passou a crescer mais rapidamente, o país teve expressivo
ganhos de termos de troca, o rendimento real dos trabalhadores aumentou
de forma expressiva, a formalização aumentou e a taxa de desemprego
chegou a mínimos históricos.
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