A campanha nos EUA pode se concentrar em uma questão chave: quanto os ricos devem pagar em impostos?
Wall Street já entendeu isso.
Wall Street já entendeu isso.
Wall Street apoia Romney para a Presidência dos EUA
Kevin Drawbaugh*
Os figurões de
Wall Street já escolheram um candidato na eleição deste ano para a
Presidência dos Estados Unidos. Os registros das doações de campanha
mostram que ele não é Barack Obama, e sim o republicano Mitt Romney.
Os
dados divulgados na terça-feira pela Comissão Eleitoral Federal dos EUA
ilustram uma mudança fundamental nas doações políticas no nível
presidencial feitas pela elite financeira do país.
Após um flerte
com Obama - o carismático democrata apoiado quatro anos atrás durante a
grave crise de crédito eclodida durante a gestão do presidente George W.
Bush -, Wall Street está apoiando Romney, fazendo uma volta à sua
inclinação majoritariamente republicana.
As seis maiores fontes de
contribuição à campanha de Romney em 2011 foram executivos, parentes e
comitês de ação política (PAC) ligados a Goldman Sachs, J. P. Morgan
Chase, Morgan Stanley, Credit Suisse, Citigroup e Bank of America, de
acordo com o Center for Responsive Politics, um grupo sediado em
Washington que monitora as finanças das campanhas.
O grupo afirma
que os líderes dos seis gigantes de Wall Street - que foram salvos da
ruína pelos contribuintes americanos há cerca de três anos - deram US$
1,8 milhão à campanha de Romney.
Do lado de Obama, a Goldman Sachs
foi a única grande financeira entre as suas 20 maiores fontes de
contribuição em 2011 - com doações de apenas US$ 64 mil, contra US$ 496
mil para Romney.
Ao se alinharem com Romney, os bancos e as firmas
de investimentos estão na companhia de uma nova geração de gerentes de
fundos hedge e de private equity com bolsos recheados. Eles estão
apoiando o candidato que vem de suas fileiras - Romney presidiu uma
empresa de private equity.
"A indústria financeira escolheu Romney
desde o início, quando ele começou sua campanha", diz Viveca Novak,
porta-voz do Center for Responsive Politics. "[Romney] faz parte do
mundo deles. Eles acreditam que Romney os compreende. Dessa maneira,
pouco surpreendente, eles o preferem."
Newt Gingrich, Rick
Santorum e Ron Paul, os demais três pré-candidatos republicanos,
receberam um apoio bastante limitado do setor financeiro.
Quando
Obama chegou ao poder, a indústria financeira achou que teria bons laços
com ele, assim como ocorrera com o presidente Bill Clinton nos anos 90.
Inicialmente, foi assim. Mas aí a economia afundou e Obama passou a
criticar os banqueiros por seu papel na crise do crédito. Essas críticas
foram um choque para banqueiros de destaque, que estavam acostumados a
ser lisonjeados por Washington.
"São pessoas que se afastaram
totalmente de Obama quando ele parou de exaltá-las. Alguns ficaram
ressentidos. São pessoas com ego enorme que gostam de ser afagadas",
disse Leonard Steinhorn, ex-consultor político que hoje é professor da
Escola de Comunicações da Universidade Americana.
Outro ponto de
atrito com Obama é tributário. O presidente quer taxar mais os ricos
para reduzir o déficit fiscal e pode aumentar os imposto sobre ganhos de
capital.
Para analistas, muitos banqueiros ficaram incomodados
nos últimos anos com os conservadores sociais, que ganharam poder dentro
do Partido Republicano e sentem que podem se identificar com Romney,
mais moderado. "Romney é um deles", afirmou Steinhorn. "Assim, eles se
sentem confortáveis com ele."
* Reuters. Tradução publicada no Valor, 3/2/2012.
Siga o blog e receba postagens atualizadas. Clique na opção "seguir", ao lado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por comentar.