Um dos "pais" do Plano Real acha que o grande problema do Brasil é a ausência de um liberalismo forte.
Acha que os Estados Unidos são um modelo.
Diz que a sociedade norte-americana reagiu à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro.
Diz que a sociedade norte-americana reagiu à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro.
Na defesa de algo que não existe (um liberalismo forte), Pérsio Arida faz um malabarismo teórico, historiográfico e sociológico, onde aparecem coisas do tipo:
"Ninguém é contra os pobres".
[Ninguém?]
"Existe um pacto entre Estado e grupos empresariais e elites no Brasil que é um pacto antiliberal".
[Adam Smith dizia isso em 1776 com relação à Inglaterra, mas dava nome aos bois. Citava que esse pacto beneficiava as Companhias Comerciais britânicas que praticavam o monopólio comercial. Dizer que existe esse pacto e não apontar quem se beneficiar dele é, no mínimo, um raciocínio pela metade].
Houve uma nítica "reação da sociedade norte-americana à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro".
[Então acabaram com Guantánamo e se esqueceram de nos avisar?]
A entrevista é um exemplo da pobreza do liberalismo no Brasil, que continua defendendo teses difíceis de engolir.
Trechos da entrevista de Pérsio Arida, ao jornalista Nelson Ching, da agência Bloomberg*.
Como explicar isso [o atraso do Brasil em conseguir alguns avanços]?
Existe um pacto entre Estado e grupos empresariais e elites no Brasil que é um pacto antiliberal. Liberal no sentido norte-americano, que é o da plataforma, cronicamente fraca no Brasil, da diminuição da intervenção estatal e das liberdades civis.
O Brasil tem muitas similaridades com os EUA, mas, contrariamente a eles, aqui o liberalismo foi sempre fraco. Se olharmos para a escravidão, o FGTS ou a hiperinflação, há um denominador comum: os mais prejudicados são os mais pobres, sempre. O país tem um pacto entre elites e governo antiliberal.
É um pacto a favor do Estado e que sempre se pautou por uma certa repressão de liberdades civis.
É um pacto contra os mais pobres?
Ninguém é contra os pobres. Pacto é feito para tentar beneficiar. Quando se fazem políticas protecionistas, créditos direcionados, privilégios a determinados grupos, quem está implementando e quem recebe benefícios genuinamente pensa que está fazendo o bem comum.
A fraca tradição liberal se expressa nas dimensões econômica e política. Isso se aplica também para liberdades civis. O caso da Comissão da Verdade é um exemplo.
Basta comparar com a reação da sociedade norte-americana à violação das liberdades civis em Guantánamo em pleno contexto do 11 de Setembro.
O sr. leu o "Privataria Tucana"?
Não falo sobre isso.
Como está o seu indiciamento na Operação Satiagraha?
Não quero falar sobre isso.
E sobre Daniel Dantas, seu ex-sócio?
Não quero falar sobre isso.
*Publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 16/01/2012.
________________
Na foto desta postagem, um escravo. As referências mais fortes do liberalismo no Brasil, no Império, justo no auge do liberalismo, eram grandes senhores de escravos. Ou seja, a permanência da escravidão até as vésperas do século XX não ocorreu em razão da fraqueza do liberalismo, mas, antes, por sua influência política.
Siga o blog e receba postagens atualizadas. Clique na opção "seguir", ao lado.
A única parte mais interessante da entrevista foi essa aqui:
ResponderExcluir"O sr. leu o "Privataria Tucana"?
Não falo sobre isso.
Como está o seu indiciamento na Operação Satiagraha?
Não quero falar sobre isso.
E sobre Daniel Dantas, seu ex-sócio?
Não quero falar sobre isso.".
Ao não falar sobre nada disso, Pérsio Arida disse tudo...