05 janeiro 2014

Erundina e seu trombone


Alianças do PSB não têm coerência

"Mantemos regras, normas e sistemas partidários e eleitorais defasados, sem identidade, e isso explica esse caos que existe nas políticas de alianças locais. A certeza que tenho é que não há coerência política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser reproduzidas no resto do país".



"A lógica eleitoral se superpõe a tudo. Somos vítimas dessa lógica".
 
 
Frases da entrevista concedida a Marina Dias, da Folha de S. Paulo, publicada em 5/1/2014:

Alianças do PSB não têm coerência, diz ErundinaPara a deputada, falta sentido político nos acordos regionais de seu partido
Semana passada, PSB anunciou a entrada do PSDB no governo de PE, o que desagradou aliados de Campos

A deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) diz que não existe 'coerência política' nas alianças regionais que seu partido tem fechado para fortalecer a pré-candidatura do governador Eduardo Campos à Presidência.

'A certeza que tenho é que não há coerência política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser reproduzidas no resto do país', disse à Folha.

Na semana passada, o PSDB de Pernambuco aderiu ao governo de Campos. Erundina critica a natureza das decisões e afirma que elas não passaram pela Executiva Nacional do PSB. Apesar das ressalvas, ela diz que Campos 'tem o desejo de fazer as coisas de maneira diferente'.

Folha - Em que medida a entrada do PSDB no governo de Eduardo Campos altera o acordo entre PSB e Rede?

Luiza Erundina - Cada caso é fruto do sistema político exaurido, esgotado em responder às demandas da sociedade. Mantemos regras, normas e sistemas partidários e eleitorais defasados, sem identidade, e isso explica esse caos que existe nas políticas de alianças locais. A certeza que tenho é que não há coerência política a ponto de se conseguir dar unidade a alianças que podem ser reproduzidas no resto do país.

PSDB e PSB acordaram possíveis alianças em Pernambuco, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Sul e São Paulo. Qual é o limite para esses acordos acontecerem?

Isso já está dado. O processo já andou tanto, as conversas já se deram com tanta frequência e não passaram pelas direções partidárias. Marina Silva insiste em encaminhar as coisas de outra forma, mas é uma tentativa muito recente. A junção entre PSB e Rede é salutar, é a construção coletiva de um processo novo e vamos acumular para, se não for nessa eleição, introduzir algo novo num futuro que espero ser próximo.

O presidente estadual do PSB-SP, Márcio França, articula há meses um acordo para ser vice na chapa de Geraldo Alckmin. Mas interlocutores dizem que Marina e Campos conversaram e que essa possibilidade agora 'tende a zero'.

A partir da aliança PSB-Rede esse quadro se encontra mais complicado.

É mais importante o PSB ter um candidato próprio ou se aliar ao PSDB de Alckmin?

Defendo candidatura própria junto com a Rede para construir uma nova força política e quebrar a polarização PT-PSDB, que é artificial, já que os dois partidos têm muita identidade do ponto de vista de alianças e propostas políticas. Precisamos introduzir novos elementos para renovar a política brasileira. Essa história de palanque duplo, palanque triplo, é um absurdo, é contribuir para esse quadro político caótico.

A senhora está disposta a ser candidata ao governo de SP?

É um processo complexo, e não podemos colocar as coisas nesses termos, para não quebrar a unidade PSB-Rede.

As posturas de Marina e Campos frente à política de alianças não são contraditórias?

Não. Há uma intenção de Campos em contribuir para que as coisas se deem de maneira diferente, mas a lógica eleitoral se superpõe a tudo. Somos vítimas dessa lógica.

 
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