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20 julho 2022

As revistas do modernismo: digitalizadas e online


Seis revistas fundamentais da primeira fase do movimento modernista no Brasil, marcada pela Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo em 1922, estão sendo documentadas e indexadas de maneira inédita e inovadora em um trabalho de pesquisa que produz dados analíticos e documentais capazes de ampliar o conhecimento dessas publicações, do papel de seus principais colaboradores e das repercussões que tiveram ao longo da história.

As revistas Klaxon (SP, 1922-23), Estética (RJ, 1924-25), A Revista (Belo Horizonte, 1925-26), Terra Roxa e Outras Terras (SP, 1926), Verde (Cataguases, 1927-29) e Revista de Antropofagia (SP, 1928-29) são as primeiras publicações brasileiras a integrarem a plataforma, iniciativa mantida como uma atividade científica do Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. O Portal Revistas de Ideias e Cultura não se limita a realizar a digitalização dos periódicos, e faz uma indexação minuciosa de cada um dos textos publicados, identificando conceitos, assuntos, autores, obras, lugares citados, o que torna mais ágil o levantamento de informações e a produção de dados numéricos para os interessados na temática. Cada periódico também é acompanhado de um “magasin”, indexador de fontes que ajuda na contextualização da revista em questão.

A iniciativa é liderada por docente da Unesp, em parceria com universidade portuguesa e a BBM-USP, expande possibilidades de análises e releituras desses periódicos clássicos.

Leia a matéria completa de Fabio Mazzitelli para o Jornal da Unesp














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10 junho 2021

O sucesso individual consegue contornar uma injustiça coletiva?



Hattie McDaniel nasceu em 10 de junho 1893, em Wichita, Kansas (Estados Unidos). 

Ela começou a carreira como cantora e, segundo se tem registro, foi a primeira afro-americana a cantar em uma estação de rádio e ter sua voz transmitida por aquela novidade tecnológica de então. 

Passou a atuar no cinema nas décadas de 1930 e 40 e tornou-se a primeira atriz preta a ganhar um Oscar.  

Sua performance premiada foi no  papel da empregada doméstica escravizada, Mammy, no clássico "E o Vento Levou", filme de 1939

Na chamada "Meca do Cinema" (Hollywood), o código de autocensura, feito pelas grandes produtoras de cinema - chamado de Código Hays, em homenagem a seu criador, Will H. Hays – proibia cenas de romances interraciais e era recomendado que negros não fossem escalados para papéis violentos  – pelo menos, não aqueles em que batessem, ao invés de apanhar. 

Salvo raras exceções, os papéis "para negros" eram bastante específicos.

Mesmo com a fama, Hattie McDaniel foi impedida de estar com os demais atores durante a cerimônia de estreia de "E o Vento levou", em 15 de dezembro de 1939, no Loew's Grand Theatre, na cidade de Atlanta, Geórgia (cidade que é a retratada no filme). A lei de segregação racista impedia negros e brancos de frequentarem os mesmos espaços. O Grande Teatro de Atlanta era espaço exclusivo para brancos . 

Conta-se que o astro do filme, Clark Gable, ao saber da proibição, anunciou que não compareceria à estreia, mas acabou convencido do contrário pela pela própria Hattie McDaniell. 

O troco viria no ano seguinte, quando McDaniell ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo filme que ela estrelou.


Discurso proferido por Hattie McDaniel na cerimônia de entrega do Oscar:
“Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, membros da indústria cinematográfica e convidados de honra: este é um dos momentos mais felizes de minha vida, e quero agradecer cada um de vocês que me selecionaram a um dos seus prêmios por sua gentileza. Isso me fez sentir muito, muito humilde; e sempre o erguerei como um farol para qualquer coisa que eu possa fazer no futuro. Espero sinceramente ser sempre motivo de orgulho para a minha raça e para a indústria cinematográfica. Meu coração está pleno demais para lhes dizer como me sinto, e posso dizer obrigada e que Deus os abençoe.”

Apesar do papel estereotipado, Mammy dava ordens, ralhava e exercia alguma autoridade sobre seus patrões. Esta não seria uma maneira bastante sutil e, de certa forma, até perversa de se dizer uma grande mentira? 

Por exemplo, a mentira de que, não importa o que aconteça lá fora, no mundo que nos rodeia, entre quatro paredes você pode ser o que bem quiser e pode obter respeito até estando escravizado. A dúvida é: em regimes de exploração e injustiça institucionalizada, o respeito e a autoridade conquistados por alguns poucos não seriam uma exceção que confirma a regra?

O sucesso de Hattie no papel de Mammy levou a que a personagem de "E o Vento Levou" se tornasse a inspiração de outra figura popular: Mammy "Two Shoes" ("Dois Sapatos"). 

Mammy Two Shoes era a empregada doméstica que, vez ou outra, aparecia em episódios do desenho animado "Tom e Jerry".

A referência aos "Dois Sapatos" vinha do fato de que a personagem sempre aparecia da cintura para baixo, com destaque apenas para seus sapatos ou pantufas e meias. 

O recurso, aparentemente para dar destaque ao plano inferior onde perambulavam os personagens principais (o gato e o rato), é o mesmo utilizado em "cartoons" posteriores, como "A Vaca e o Frango", em que os pais da vaca e do frango sempre aparecem "sem cabeça".

No vídeo abaixo, Whoopi Goldberg apresenta o relançamento da coleção "Tom e Jerry - The MGM Hanna-Barbera Classics" e explica o contexto de fanatismo racista da época e o quanto isso se refletia em muitos estereótipos dos desenhos. A atriz faz uma justa homenagem à dubladora Lillian Randolph



Hattie McDaniel pode ser vista em todo o seu glamour e cantando com sua voz potente no filme "Thank Your Lucky Stars", de 1943, com Willie Best. A canção é "Ice Cold Katie".



Ao final de seus dias, diagnosticada com câncer, a atriz deu instruções para ser enterrada no cemitério "Hollywood Forever". Seu desejo não foi atendido. O cemitério também seguia a proibição racista de não aceitar negros, o que demonstra o quanto o racismo é uma instituição eternizada nas mais inimagináveis 
maneiras

Hattie McDaniel morreu em 1952 e seu corpo acabou sendo enterrado no campo de Angelus-Rosedalena cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA. 

As agruras da atriz e o último episódio que experimentou, mesmo morta, recolocam a pergunta: o sucesso individual consegue realmente contornar uma injustiça coletiva?  


Fontes:
https://en.wikipedia.org/wiki/Hattie_McDaniel
https://www.youtube.com/watch?v=k_oEOdIBOpU
https://brasil.elpais.com/brasil/2019/12/13/cultura/1576235728_595044.html
https://www.adorocinema.com/personalidades/personalidade-71723/biografia/
https://en.wikipedia.org/wiki/Lillian_Randolph










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24 maio 2021

Como uma viagem de ácido pela Califórnia tornou Michel Foucault um neoliberal



O tratamento dado ao neoliberalismo por Foucault (além de sua reportagem estranhamente entusiástica sobre a Revolução Iraniana) "revela a pobreza em alguns temas-chave" de seu legado.
Ele falhou em prever como uma filosofia da "autonomia" pôde criar uma cultura do privilégio disfarçada de meritocracia. 

O livro que conta essa história é "The Last Man Takes LSD: Foucault and the End of Revolution
("O Último Homem Toma LSD: Foucault e o Fim da Revolução"), de Mitchell Dean e Daniel Zamora
Editora Verso, 256 páginas, US$ 27

Jonathan Russell Clark para o Los Angeles Times.
24 de maio de 2021.

Em 1978 e 1979, o filósofo francês Michel Foucault deu uma série de palestras sobre o neoliberalismo, o conjunto de doutrinas econômicas voltadas para o livre mercado, pró-empresarial, redução do tamanho do Estado e autonomia individual. Foucault não estava interessado nos detalhes do governo real. "Não estudei e não quero estudar", anunciou na primeira palestra, "o desenvolvimento de uma prática governamental real". Em vez disso, ele estava interessado na "arte do governo".

Um livro baseado nessas palestras, "The Birth of Biopolitics", não seria publicado em inglês até 2008, bem no meio de uma crise financeira histórica claramente causada pelo neoliberalismo. Foi, para seu legado, um momento infeliz. O flerte de Foucault com a ideologia dominante desafiou sua reputação acadêmica incólume, e vários artigos tentaram defendê-lo contra sua própria transformação tardia. Mas as consequências foram claras, independentemente do pequeno papel que desempenhou: não muito depois de suas palestras, Thatcher e Reagan deram a largada no neoliberalismo pelo mundo, e estamos revirando escombros até hoje.

Tudo remonta, estranhamente, a uma visita que o pensador francês fez à esquerdista Califórnia - e a uma viagem que fez assim que chegou lá. 

O novo livro de Mitchell Dean e Daniel Zamora, "The Last Man Takes LSD", enfoca a década final de Foucault, de 1975, quando ele tomou o alucinógeno na Califórnia pela primeira vez, até sua morte, em 1984, por complicações da AIDS. 

Durante este período, Foucault mudou de lado na política, da esquerda, desde os anos 60, para uma posição mais centrista, uma tendência dificilmente rara para sua geração durante a Guerra Fria. Como Dean e Zamora colocaram, "Foucault e muitos outros intelectuais pós-68 participaram do processo de pensar sobre uma esquerda que não era socialista; uma esquerda que eliminaria o legado do socialismo pós-guerra."

Nessa visão, um governo com muito poder sobre seus cidadãos invariavelmente levaria ao totalitarismo. O socialismo era visto como "cripto-totalitário". Para Foucault, tais regimes não apenas controlavam sua população, eles os definiam. 

Assim como ele defendeu, perante Roland Barthes, que a interpretação dos textos é a "morte do autor", Foucault queria destituir o Estado de seu poder de determinar o significado de seus cidadãos. Era necessária uma nova concepção radical da individualidade, que substituísse as ideias anteriores de resistência política. Inventar a si próprio foi, para Foucault, a nova forma de revolução.

Ironicamente, foi a experiência de Foucault com LSD em Zabriskie Point no Vale da Morte, um local bem conhecido por suas associações com a  contracultura (principalmente, pelo filme de Michelangelo Antonioni de 1970, "Zabriskie Point") que o encaminhou para a direita. 

A Califórnia nos anos 1960 e 1970 foi um viveiro de ativismo esquerdista - dos protestos de Berkeley aos Merry Pranksters e os Panteras Negras. Foucault, por outro lado, descobriu um tipo diferente de radicalismo. Sua viagem de LSD reforçou sua oposição à "hermenêutica de si", ou seja, interpretar a si como se houvesse alguma verdade fundamental e fixa de sua identidade.

Em vez disso, Foucault acreditou na noção de “prova” - provação -, uma técnica que criaria a verdade interior, em vez de desnudá-la. A identidade de uma pessoa, segundo Foucault, deve ser construída por meio de julgamentos pessoais não contaminados por interferências externas, incluindo - e  principalmente - a de um Estado. 

Foucault mergulhou fundo no coração do individualismo americano e do anti-establishment, mas suas realizações subsequentes mostraram o quão tênue é a linha entre a autossuficiência e o egoísmo.

O neoliberalismo rapidamente se transformou de um conjunto de práticas econômicas que promoveriam a liberdade individual no que o escritor George Monbiot descreveu como “um tipo de extorção self-service”, enriquecendo os ricos e institucionalizando a desigualdade sistêmica. 

Já na década de 70, escrevem Dean e Zamora, o neoliberalismo "foi revelado não apenas como totalmente compatível com regimes autoritários e ditatoriais, em vários países, mas, em muitos casos, como um de seus requisitos". 

O que começou como uma reação ao socialismo “cripto-totalitário” se transformou exatamente no tipo de ideologia restritiva que afirmava combater. Friedrich Hayek, o autor do discurso proto-neoliberal "The Road to Serfdom" ("O Caminho da Servidão"), afirmou certa vez em uma entrevista que preferia um "ditador liberal" a uma "democracia sem liberalismo".

Para os autores, o tratamento dado ao neoliberalismo por Foucault (além de sua reportagem estranhamente entusiástica sobre a Revolução Iraniana) “revela a pobreza em alguns temas-chave” de seu legado. 

Em primeiro lugar, "a abordagem de Foucault parece ter comprometido sua capacidade de abordar a questão da desigualdade." Em segundo lugar, ele falhou em prever como uma filosofia da “autonomia” pôde criar uma cultura do privilégio disfarçada de meritocracia. 

A competição econômica sugere que vencedores e perdedores merecem estar nos lugares onde estão. Na retórica de Newt Gingrich e Bill Clinton nos anos 90, os cidadãos de baixa renda precisavam apenas assumir "responsabilidade pessoal", enquanto o governo se afastava de suas obrigações cívicas.

“The Last Man Takes LSD” não é tão narrativo quanto seu título e premissa podem sugerir - isso não é “Medo e aversão na pós-modernidade”*. Mas Dean, um professor de política, e Zamora, co-autor de “Foucault e o Neoliberalismo”, fazem um excelente trabalho contextualizando as pesquisas e ideias de Foucault em seus anos finais. 

Eles traçam metodicamente as nuances do clima político espinhoso da Era, criando um retrato da promoção simpático de Foucault em uma virada filosófica prejudicial a um pensador que explorou com sucesso o poder e a exploração - uma virada filosófica autodestrutiva. 

Os autores não são tímidos, entretanto, em condenar suas deficiências intelectuais durante esse período. As práticas que ele exaltou em suas palestras, concluem Dean e Zamora, “contribuíram para aumentar a desigualdade, as políticas ditas de austeridade e de controle da dívida pública, mas que aceleraram a corrosão dos serviços públicos, a destruição de empregos públicos e minaram a confiança no Estado, a tal ponto que reduziu a capacidade das democracias reais existentes de resolver problemas da economia, da saúde, segurança e meio ambiente que os confrontam. ”

Mesmo que a viagem de LSD de Foucault não tenha sido a única causa de suas tendências neoliberalistas, ela serve como um simbolismo útil. Os psicodélicos podem promover revelações que expandem a mente, mas implementar novas políticas governamentais requer muito mais do que considerações abstratas. 

Foucault era conhecido por seu envolvimento com o ativismo político (descrito por Colin Gordon como um “homem de ação em um mundo de pensamento”), mas sua miopia tardia reside em sua falta de vontade de explorar suas consequências práticas. Uma ideia que nutre a mente ainda pode destruir o corpo ou corromper a alma. O problema com a ideia de neoliberalismo é que ela soava muito bem em teoria.



* A expressão "fear and loathing" ("medo e aversão") se refere a um estilo editorial de livros muito vendidos que começam justamente com essas palavras e a elas se acrescenta o tema que será tratado no livro.

A foto que estampa esta postagem retrata Michel Foucault e o pianista Michael Stoneman justamente no Vale da Morte, Califórnia, em junho de 1975. Tirada pelo fotógrafo David Wade.

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06 maio 2020

Bobby Hackett And His Orchestra, "That Old Gang Of Mine"





Bobby Hackett And His Orchestra, Aquela Minha Velha Gangue.
Experience jazz in your life at Archive.org 

"That Old Gang Of Mine", com Bobby Hackett e The Tempo Twisters, é uma música de um disco de 1940 intitulado Horace Heidt Presents: Bobby Hackett And His Orchestra and The Tempo Twisters.

Bobby Hackett (Robert Leo Hackett, 31 de janeiro de 1915 - 7 de junho de 1976) foi um grande músico de jazz, trompetista, que também tocava Cornet ("corneta") e, às vezes, violão.

Hackett tocou em bog bands como as de Glenn Miller e Benny Goodman, no final das décadas de 1930 e 1940, e foi o solista mais importante dos discos de jazz melódico da Orchestra de Jackie Gleason, na década de 1950.

The Tempo Twisters foi um grupo vocal sobre o qual se tem poucas informações. Provavelmente é uma formação feita apenas para este disco, juntando alguns membros do Tune Twisters (talvez apenas dois deles), grupo vocal que começou como The Freshmen (os calouros). Originalmente fundado em 1934, os Tune Twisters eram Andy Love, Robert "Bob" Wacker e Jack Lathrop. Hackett e Lathrop tocaram juntos na orquestra de Glenn Miller.

Possivelmente, o próprio Bobby Hackett tenha dado uma palhinha, cantando como o terceiro membro do trio. Hackett também era um bom cantor, mas apenas casualmente, como parece ser o caso. 
Horace Heidt tinha sua própria orquestra e era grande amigo de Bobby.

As cenas deste vídeo mostram os duros tempos da Grande Depressão da década de 1930:

0:00 - Policiais disparando armas como se estivessem perseguindo criminosos.

0:11 - Carro queimado.

0:16 - Uma greve de trabalhadores é brutalmente reprimida durante a Grande Depressão. Os policiais apontam metralhadoras e os trabalhadores são espancados pelos seguranças da empresa.

0:38 - Um homem procura comida nas latas de lixo, mas só encontra jornais.

0:43 - Ruas de Chicago, início dos anos 30.

0:58 - Funcionários da alfândega executam a proibição à venda e consumo de álcool destruindo barris de bebidas.

1:08 - Gângsteres capturados pela polícia.

1:13 - Al Capone saindo da corte. As crianças assistem a cena.

1:21 - Tiros de metralhadora Thompson, calibre .45, e de revólveres.

1:26 - Reconstituição de um sequestro.

1:41 - Reconstituição do assassinato de Bonnie e Clyde (dois dias depois do ocorrido).

1:56 - Carro de Clyde e Bonnie crivado de balas.

2:10 - Cenas reais do carro de Clyde e Bonnie, com Bonnie morta (Clyde estava a seu lado, dirigindo o carro), a 23 de maio de 1934.

"That Old Gang of Mine" é uma canção popular de 1923 composta por Ray Henderson com letras de Billy Rose e Mort Dixon e publicada por Irving Berlin, Inc.

Hoje (2020), quase um século desde que a música surgiu, 80 anos após a gravação de Bobby Hackett e quase 90 anos após essas cenas dos anos 30, nada disso é de domínio público. 

A música e as imagens continuam de uso restrito por conta de direitos autorais em benefício de alguém que não é o autor da música, nem das filmagens, nem mesmo ajudou a criar a gravadora, que aliás não existe mais. Alguém que apenas comprou esses direitos. Absurdo absoluto.


Lado A: That Old Gang Of Mine
Música de Ray Henderson e letra Billy Rose e Mort Dixon.

Lado B:  (What Can I Say) After I Say I'm Sorry [(O que posso dizer) Depois de dizer que sinto muito?]
Selo: Vocalion
Número do disco 5620
Formato: Disco de cera (ou disco de goma-laca), 10 polegadas (diâmetro), 78 rotações por minuto (RPM).
Gravado e produzido em Los Angeles, Estados Unidos, em 25 de janeiro de 1940.


Gênero: Jazz, Swing, Big Band.

Fontes:
https://www.discogs.com/Horace-Heidt-Presents-Bobby-Hackett-And-His-Orchestra-That-Old-Gang-Of-Mine-After-I-Say-Im-Sorry/release/9454217
https://en.wikipedia.org/wiki/Bobby_Hackett
https://www.discogs.com/pt_BR/artist/254893-Bobby-Hackett
https://en.wikipedia.org/wiki/Bonnie_and_Clyde
https://en.wikipedia.org/wiki/Tune_Twisters
http://petekellysblog.blogspot.com/2009/08/bobby-hackett-bix-session-1940.html
https://www.youtube.com/watch?v=ukDOptE5ryM
https://en.wikipedia.org/wiki/That_Old_Gang_of_Mine_(song)
Baixe a música em https://ia902803.us.archive.org/25/items/experience_jazz_in_your_life/%281%29%20Bobby_Hackett_That_Old_Gang_Of_Mine_%28vocal_The_Tempo_Twisters%29%281940%29.mp3

"That Old Gang Of Mine"
"That Old Gang Of Mine", by Bobby Hackett and The Tempo Twisters, is a music from the disc intitled Horace Heidt Presents: Bobby Hackett And His Orchestra ‎and The Tempo Twisters.

Side A That Old Gang Of Mine
Written by Rose, Dixon and Henderson.
Side B (What Can I Say) After I Say I'm Sorry
Written by Lyman and Donaldson.
Label Vocalion ‎– number of the disc 5620
Format Shellac, 10", 78 RPM
Recorded and produced in Los Angeles, United States, 25 January 1940. 
Genre:
Jazz, Swing, Big Band

Bobby Hackett  (Robert Leo Hackett,January 31, 1915 – June 7, 1976) was a great jazz musician, trumpet player, who also used to play the cornet and, sometimes, the guitar.
He played with the big bands of Glenn Miller and Benny Goodman, in the late 1930s and 1940s, and was the most important soloist of the melodical jazz discs of the Jackie Gleason Orchestra, in the 1950s.
It's a little difficult to know who were "The Tempo Twisters", but they probably are some members of the Tune Twisters (perhaps only two of them). Originally founded in 1934 as The Freshmen, the Tune Twisters were Andy Love, Robert "Bob" Wacker, and Jack Lathrop (famous guitar player).

Perhaps Bobby Hackett himself was the third vocal member of the trio. Hackett was a fine singer, but only casually he used to sing, as it seems to be the case. 
Horace Heidt had his own orchestra and was a close friend of Bobby.

The scenes in this video show the hard times of the 1930s:
0:00 - Policemen firing guns as if they were chasing criminals. 
0:11 - Burnt out car.
0:16 - Workers' strike is brutally repressed during the Great Depression: the police officers use machine guns and the workers are beaten by company security men.
0:38 - A man looks for food in the trash of garbage cans, but only finds newspapers.
0:43 - Chicago streets, early 1930s.
0:58 - Customs officials enforcing prohibition smashing barrels of alcohol.
1:08 - Gangsters captured by police.
1:13 - All Capone leaving court. Kids watch the scene. 
1:21 - Machine gun (Thompson Submachine Gun, Caliber .45) and revolvers shots. 
1:26 - The reconstitution of a kidnappin. 
1:41 - The reconstitution of Bonnie and Clyde assassination (two days latter).
1:56 - Clyde and Bonnie's car riddled with bullets.
2:10 - The real scenes of Clyde and Bonnie's car, with Bonnie dead (Clyde was at her side, driving the car), May 23 1934.

"That Old Gang of Mine" is a 1923 popular song composed by Ray Henderson with lyrics by Billy Rose and Mort Dixon, and published by Irving Berlin, Inc. 
From now, 2020, almost a century since, 80 years after Bobby Hackett's recording, and almost 90 years after these footages were made, unfortunately they are still not in public domain. The music and the images are protected by copyright rights for the benefit of someone who is not the author of the music, nor of the filming, nor even helped to create the record company, which incidentally does not exist any more. Absolute nonsense.

Sources:
https://www.discogs.com/Horace-Heidt-Presents-Bobby-Hackett-And-His-Orchestra-That-Old-Gang-Of-Mine-After-I-Say-Im-Sorry/release/9454217
https://en.wikipedia.org/wiki/Bobby_Hackett
https://www.discogs.com/pt_BR/artist/254893-Bobby-Hackett
https://en.wikipedia.org/wiki/Bonnie_and_Clyde
https://en.wikipedia.org/wiki/Tune_Twisters
http://petekellysblog.blogspot.com/2009/08/bobby-hackett-bix-session-1940.html
https://www.youtube.com/watch?v=ukDOptE5ryM
https://en.wikipedia.org/wiki/That_Old_Gang_of_Mine_(song)
Download at https://ia902803.us.archive.org/25/items/experience_jazz_in_your_life/%281%29%20Bobby_Hackett_That_Old_Gang_Of_Mine_%28vocal_The_Tempo_Twisters%29%281940%29.mp3










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02 maio 2020

Buck Clayton with Buddy Tate, Buck & Buddy Blow The Blues




Buck Clayton With Buddy Tate – Buck & Buddy Blow The Blues
Prestige Swingville 

00:00 A1 Rompin' At Red Bank (Buddy Tate)
06:36 A2 Blue Creek (Buddy Tate)
13:08 A3 A Swinging Doll (Buck Clayton)
17:04 A4 Dallas Delight (Buck Clayton)
21:40 B1 Don't Mind If I Do (Buddy Tate)
29:45 B2 Blue Breeze (Buck Clayton)
33:58 B3 Blue Ebony (Buck Clayton)

Bass – Gene Ramey
Clarinet – Buddy Tate (tracks: A2)
Drums – Gus Johnson
Piano – Sir Charles Thompson
Tenor Saxophone – Buddy Tate
Trumpet – Buck Clayton

Recorded September 15,1961 Van Gelder Studio ,Emglewood Cliffs, NJ.


 
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05 dezembro 2019

Experience Jazz in Your Life

The Duke Ellington Orchestra performs 'Take the A Train' with singer Bette Roche in the film Reveille with Beverly, January 1943.

A jukebox of big bands, jazz orchestras and jazz vocalists.

Welcome to the club!

Enjoy, have your party and spread the news.

Open the Winamp player (use this link) if you prefer to use the "shuffle" option.

Listen to the music
Click the "play" button (below). Any time you don't like the music, skip it.



Photo:
The Duke Ellington Orchestra performs 'Take the A Train' with singer Bette Roche in the film Reveille with Beverly, January 1943.

Something to remember about jukeboxes:
When Homer Capehart invented and sold his record changer mechanism to the Wurlitzer Company, in 1933, it was a great revolution in music listening habits. The mechanism was adapted by Wurlitzer to produce what would be known as  jukeboxes.
When jukeboxes entered the scene, big bands and swing jazz music were in the top hits. Jukeboxes became common in bars, ballrooms, ice cream parlors, barbershops, restaurants, and drugstores.
At first, the great record companies worried that jukeboxes would provoke a decline in record sales, but just the opposite happened.
The intention of this jukebox is to show some kind of music that many people simply don't know.
Once big bands, jazz orchestras and jazz vocalists were everywhere.
Here they ride again.
Thank you for listening.


24 julho 2018

Centenário de Antonio Candido

Antonio Candido de Mello e Souza (Rio de Janeiro, 24 de julho de 1918 – São Paulo, 12 de maio de 2017) foi o maior crítico literário brasileiro e um ativista político de esquerda durante toda a sua vida. 






 
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Principais obras de Antonio Candido:
  • Formação da literatura brasileira: momentos decisivos, Livraria Martins Editora, 1959.
  • Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida, publicado pela editora José Olympio, em 1964. Foi também sua tese de doutoramento.
O reconhecimento à sua obra lhe rendeu o Prêmio Jabuti em 1965 e em 1993, o Prêmio Machado de Assis, também em 1993, o Prêmio Anísio Teixeira, em 1996, e o Prêmio Camões, em 1998.

Professor Antonio Candido

Principais títulos acadêmicos

    1944 – Livre-docente em Literatura Brasileira – FFCL-USP
    1954 – Doutor em Ciências Sociais – FFCL-USP
    1964-1966 – Professor-associado da Universidade de Paris
    1968 – Professor-visitante da Universidade de Yale
    1974 – Professor titular de Teoria Literária – FFLCH-USP
    1984 – Professor emérito da USP
    1987 – Professor honoris causa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
    1988 – Professor emérito da Faculdade de Ciências e Letras de Assis (Unesp)
    2005 – Doutor honoris causa da Universidade Estadual Paulista (Unesp)
    2006 – Professor honoris causa da Universidade da República do Uruguai

Principais prêmios

    1960 – Prêmio Jabuti - Categoria: História Literária - Livro: Formação da Literatura Brasileira
    1965 – Prêmio Jabuti - Categoria: Poesia - Livro: Os Parceiros do Rio Bonito
    1966 – Prêmios Jabuti - Categoria: Personalidade Literária do Ano/ Categoria: Estudos Literários (Ensaios) - Livro: Literatura e Sociedade
    1978 – Prêmio Jabuti - Categoria: Personalidade Literária do Ano
    1993 – Prêmio Jabuti - Categoria: Estudos Literários (Ensaios) - Livro: Brigada Ligeira e Outros Escritos
    1993 – Prêmio Machado de Assis - Academia Brasileira de Letras
    1994 – Prêmio Jabuti - Categoria: Estudos Literários (Ensaios) - Livro: O Discurso e a Cidade
    1996 – Prêmio Anísio Teixeira - Capes/ MEC
    1998 – Prêmio Camões de Literatura
    2000 – Prêmio Jabuti - Categoria: Amigo do Livro
    2005 – Prêmio Internacional Alfonso Reyes
    2007 – Prêmio Intelectual do Ano - Troféu Juca Pato - União Brasileira de Escritores

Principais obras publicadas (1ªs edições)

    Brigada Ligeira. Livraria Martins Editora, [1945].
    Introdução ao método crítico de Sílvio Romero. Revista dos Tribunais, 1945 [tese de livre-docência].
    Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus meios de vida. José Olympio, 1964 [tese de doutoramento].
    Ficção e confissão: estudo sobre a obra de Graciliano Ramos. José Olympio, 1956.
    Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Livraria Martins Editora, 1959 [dois volumes].
    O observador literário. Conselho Estadual de Cultura, 1959.
    Tese e antítese: ensaios. Companhia Editora Nacional, 1964.
    Literatura e sociedade: estudos de teoria e história literária. Companhia Editora Nacional, 1965.
    Vários escritos. Duas Cidades, 1970.
    Teresina etc. Paz e Terra, 1980.
    Na sala de aula: caderno de análise literária. Ática, 1985.
    A educação pela noite e outros ensaios. Ática, 1987.
    O estudo analítico do poema. FFLCH-USP, [1987?]
    Recortes. Companhia das Letras, 1993.
    O discurso e a cidade. Duas Cidades, 1993.
    Lembrando Florestan Fernandes. Fundação Perseu Abramo, 2001.
    Iniciação à literatura brasileira (Resumo para principiantes). Humanitas, 1997.
    O Romantismo no Brasil. Humanitas, 2002.
    Um funcionário da Monarquia: ensaio sobre o segundo escalão. Ouro sobre Azul, 2002.
    A personagem de ficção. Perspectiva, 1968 [em coautoria].
    Presença da literatura brasileira: história e antologia. Difel, 1964 [três volumes]- [em coautoria].
    Política cultural. Mercado Aberto/ Fundação Wilson Pinheiro, 1984 [em coautoria].
    USP: 1968-1969. Hélio Lourenço de Oliveira. Edusp, 1995 [em coautoria].
    Antonio Candido: Remate de Males [número especial]. Unicamp, 1999 [antologia].
    Textos de intervenção. Duas Cidades/ Editora 34, 2002 [antologia].
 


Fontes:
https://www.youtube.com/watch?v=I_3flaRAkrg
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa378/antonio-candido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Candido
Fonseca, Maria Augusta. Antonio Candido: pensamento crítico - dez sugestões de leituras para iniciantes  https://www.fflch.usp.br/sites/fflch.usp.br/files/2017-11/Antonio%20Candido.pdf
















O Brasil precisa de uma opinião pública melhor informada, atenta e democrática.
As manifestações presentes neste blog são de caráter estritamente pessoal. 

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09 outubro 2017

Centenário de Violeta Parra (1917-1967)


Em 2017, cantora chilena faria 100 anos. Pesquisadora da cultura popular, sua música influenciou diversas gerações. 


Errata: o vídeo diz que Violeta inspirou o movimento Nuevo Cancionero, quando na verdade foi o movimento Nueva Canción. O Nuevo Cancionero era argentino; o Nueva Canción, chileno.  

Fonte: Nexo Jornal no Youtube.


















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07 setembro 2016

Hino popular brasileiro

Mais conhecido como Aquarela do Brasil.

Composto por Ary Barroso em 1939, cantado pela primeira vez por Francisco Alves, a música ganhou versões de Carmem Miranda, Elis Regina, João Gilberto e Gal Costa. No exterior, foi executado por Xavier Cougat, Frank Sinatra, Ray Conniff e no desenho animado da Disney, com o Zé Carioca.

Ouça "Aquarela do Brasil" (programa Curta Musical, da Rádio Senado).

A música é exemplo do chamado samba-exaltação, o que rendeu a Barroso acusações de fazer apologia não do Brasil, mas do presidente Getúlio Vargas, que governou o país ditatorialmente durante o regime apelidado de "Estado Novo". As críticas a Ary caíram por terra e foram enterradas pelo passado. Basta ver que a Aquarela de Ary Barroso tornou-se um verdadeiro hino popular do Brasil.

Versão original, com Francisco Alves (1939)



Letra:
Brasil
Meu Brasil brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Ah, abre a cortina do passado
Tira a Mãe Preta,do serrado
Bota o Rei Congo, no congado
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Deixa, cantar de novo o trovador
A merencória luz da lua
Toda canção do meu amor
Quero ver a Sa Dona, caminhando
Pelos salões arrastando
O seu vestido rendado
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Brasil
Terra boa e gostosa
Da morena sestrosa
De olhar indiscreto
Ô Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
Ô Brasil, do meu amor
Terra de Nosso Senhor

Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim
Oh, esse coqueiro que dá coco
Onde eu amarro a minha rede
Nas noites claras de luar
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Ah, ouve essas fontes murmurantes
Aonde eu mato a minha sede
E onde a lua vem brincar
Ah, este Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil, brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Brasil, Brasil
Pra mim, pra mim

Fonte: Vagalume


Biografia de Ary Barroso (1903-1964)


Fonte: Livro 100 Brasileiros (2004) 
O compositor mais representativo da era do rádio e o maior nome do samba-exaltação teve um começo difícil. Filho de um advogado e cantor de modinhas, Ary Barroso ficou órfão aos 7 anos e foi criado pelas tias-avós, que queriam fazê-lo pianista de concerto, obrigando o menino a praticar três horas por dia. Aos 12, em 1915, já trabalhava no cinema de Ubá (MG), acompanhando ao piano os filmes mudos exibidos. Aos 18, ganhou uma pequena herança e partiu da cidadezinha mineira para estudar Direito no Rio de Janeiro. Levou nove anos para se formar e nunca exerceu a profissão. Para se sustentar, tocava piano em cinemas e cabarés, na época em que o teatro musical estava em ascensão. Acabou seduzido pela boemia carioca.

Em 1930, Ary ganhou o primeiro prêmio de concurso carnavalesco com a marcha Dá Nela. Nos anos seguintes, compôs Vamos deixar de intimidade, Faceira, Rancho Fundo (com letra de Lamartine Babo) e Camisa Amarela. Depois veio a fase em que recorreu ao pitoresco e ao sentimento patriótico, em composições de grande sucesso no exterior, como Na Baixa do Sapateiro e No Tabuleiro da Baiana.
Ary Barroso (1903-1964), foi um dos maiores compositores de MPB e escreveu músicas que se tornaram eternas.

    Ary Barroso (1903-1964), foi um dos maiores compositores de MPB e escreveu músicas que se tornaram eternas

Composto em 1939, em pouco tempo o samba-exaltação, Aquarela do Brasil passou a figurar como hino nacional alternativo. Foi gravado centenas de vezes em todo o mundo, a primeira delas, na voz de Francisco Alves, com arranjo de Radamés Gnattali.

Em 1933, Ary conseguiu emprego na Rádio Philips e descobriu sua vocação para comandar programas de sucesso, o que faria mais tarde também na televisão, com Calouros em Desfile e Encontro com Ary. Intransigente com quem tivesse gosto ou opinião musical diferentes dos seus, seus programas revelaram nomes que fariam história na música brasileira, como Lúcio Alves, Luiz Gonzaga, Elza Soares e Elizeth Cardoso.

Ary era temido pelos calouros, de quem exigia que só cantassem músicas nacionais, a única exceção foi Dolores Duran, que cantou em inglês na Hora do Calouro. Ainda na década de 30, Ary Barroso começou a trabalhar como locutor esportivo, profissão até então enfadonha e burocrática, que nunca mais foi a mesma depois que Ary deu um tom emocional à transmissão dos jogos, sem disfarçar sua torcida pelo Flamengo, cujos gols comemorava, no ar, com uma gaitinha de boca.

Em 1944, visitou os Estados Unidos, musicando o filme Você já foi à Bahia?, de Walt Disney, o que lhe valeu o diploma da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood. Como compositor, retornou, nos últimos anos, aos temas familiares e cotidianos de sua primeira fase, em sambas como, Folha Morta, Ocultei e Risque. Em 1955, junto com Heitor Villa-Lobos, recebeu a Ordem Nacional do Mérito. Ao todo, Ary Barroso compôs 264 canções.


 
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06 setembro 2016

Meu caro amigo me perdoe, por favor


mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá de TEMER
a gente vai levando de teimoso e de pirraça






     

Meu Caro Amigo - Chico Buarque de Hollanda

( Francis Hime / Chico Buarque )

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra 'tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n' roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal
Adeus







 
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19 junho 2016

The great jazz royalty

A sensational parade of great "classic" jazz musicians and their unforgettable standards.

The Queen of Jazz, Ella Fitzgerald, Duke Ellington, Count Basie, Benny Goodman (the "King of Swing"), Gene Krupa, Lionel Hampton, Dizzie Gillespie, Dave Brubeck, Earl Hines, Joe Williams, Bobby Hackett, and Doc Severinsen (master of cerimony).
Recorded in 1972.



















13 maio 2016

O que não tem vergonha, nem nunca terá/ O que não tem governo, nem nunca terá/ O que não tem juízo

Chico Buarque

O Que Será (À Flor da Pele)






O Que Será (À Flor da Pele)
Chico Buarque

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores me vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus nervos estão a rogar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo


https://www.vagalume.com.br/chico-buarque/o-que-sera-a-flor-da-pele.html












O Brasil precisa de uma opinião pública melhor informada, atenta e democrática. Ou será um país de Estado ineficiente, capturado por interesses escusos, com governos fracos, oposição golpista, imprensa hipócrita e pessoas egoístas e intolerantes.
 
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12 maio 2016

Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair


Deus lhe pague

[...]

E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague









Construção
Chico Buarque de Hollanda

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair,
Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague








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20 fevereiro 2016

Viva Umberto Eco


Morreu aquele que dizia:



"O que é a vida, senão a sombra de um sonho fugaz?" (no livro Baudolino

"O amor é mais sábio que a sabedoria". (no romance célebre, O Nome da Rosa)

"Todos os poetas escrevem poseia ruim. Os maus poetas as publicam. Os bons as queimam".

“não são as notícias que fazem o jornal, e sim, o jornal que faz as notícias. E saber pôr juntas quatro notícias diferentes significa propor ao leitor uma quinta notícia” (em seu último livro, Número Zerosobre a canalhice no jornalismo). 

No jornalismo, “insinuar não significa dizer algo preciso, serve só para lançar uma sombra de suspeita sobre o desmentidor” (Número Zero).


"Há quatro tipos de pessoas neste mundo: cretinos, tolos, parvos e lunáticos".
(em O Pêndulo de Foucault).





Umberto Eco nasceu em 5 de janeiro de 1932 
e morreu em 19 de fevereiro de 2016.











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16 janeiro 2016

Leila Maria canta Billie Holiday in Rio pela @biscoito_fino A ousadia brasileira com canções da diva


Um tributo ao jazz de Billie Holiday. 


"Deep rhythm captivates me".




Leila Maria canta Swing, Brother, Swing




Billie Holiday (1915-1959)
http://www.billieholiday.com/





Leila Maria faz homenagem aos 100 anos de Billie Holiday em disco
Carioca conseguiu abrasileirar 13 temas do repertório mais significativo da diva americana sem abusar de cacoetes da bossa nova

Matéria de Kiko Ferreira no portal Uai.
 
Às vezes, um atraso pode gerar “a” oportunidade. Em 2012, a cantora Leila Maria produziu e gravou o disco Leila Maria canta Billie Holiday in Rio, tributo à americana considerada a melhor cantora de jazz do mundo. A iniciativa surgiu da sugestão do empresário Pedro Lazera, dono de uma rede farmácias no Norte e Nordeste. Fã de jazz, ele pretendia criar um selo e diversificar o leque de produtos de suas lojas, vendendo música de qualidade. Saiu a primeira leva de 5 mil discos, mas, antes que eles pudessem ser comercializados, o dono da ideia faleceu. No processo de inventário, o projeto ficou no limbo, aguardando decisões jurídicas para ser enviado ao mercado.

Apesar de ter recebido o Prêmio de Música Brasileira em 2014 na categoria álbum em língua estrangeira – a partir de uma cópia enviada a José Maurício Machline, idealizador do evento –, o CD só pôde ser vendido agora, com distribuição da gravadora Biscoito Fino. A oportunidade está no fato de ele sair justamente quando se celebra o centenário de nascimento de Billie Holiday (1915-1959). Esse é um dos raros projetos brasileiros a festejar a carreira de Lady Day.

O disco começou a ser esboçado em 2005, quando Lazera viu a cantora em um show do trio de Durval Ferreira, no Rio de Janeiro. Ideia proposta e aceita, Leila, que já havia apresentado versões para temas como You’ve changed e Embraceable you no Bar do Tom, em 2003, passou a reunir o grupo de 40 músicos que a ajudaram a dar consistência e variedade ao processo.

Com sete arranjadores-pianistas (Délia Fischer, Sheila Zagury, Cristóvão Bastos, Fernando Costa, Itamar Assiére, Rodrigo Braga e Paulo Midosi) e repertório de ualidade, Leila construiu um tributo de alto teor emocional.

Com três ótimos discos no currículo – o atemporal Off key (2005), o temático Canções de amor de iguais (2007) e sua estreia promissora, Da cabeça aos pés (1997) –, essa carioca conseguiu abrasileirar 13 temas do repertório mais significativo da diva americana sem abusar de cacoetes da bossa nova, como costuma ocorrer com iniciativas desse tipo, mantendo o espírito jazzístico de Lady Day.

Faixas do disco:
» COMES LOVE

» EMBRACEABLE YOU

» I’LL BE SEEING YOU

» GOOD MORNING HEARTACHE

» LOVE ME OR LEAVE ME

» THE VERY THOUGHT OF YOU

» YOU GO TO MY HEAD

» EASY LIVING

» EVERYTHING HAPPENS TO ME

» YOU’VE CHANGED

» THE SAME OLD STORY

» GOD BLESS THE CHILD

» SWING, BROTHER, SWING






 
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25 dezembro 2015

#Jazz Coleman Hawkins, Blues Evermore


June 14th, 1938.

Coleman Hawkins (1904-1969) was one of the greatest saxophonists of jazz of all times.







Listen to more musics performed by Coleman Hawkins.

Ouça mais músicas tocadas por Coleman Hawkins.











 
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