No presidencialismo, um chefe de governo tem mais
condições de se arriscar, mas Dilma precisa ter o cuidado de não entrar
em rota de colisão com o Congresso, segundo a cientista política.
Em sua avaliação, a presidente, apesar de ter provocado
turbulência com a troca de comando dos líderes do governo na Câmara e
no Senado, de fato estaria tendo a cautela necessária – “não está botando para quebrar”.
Argelina: Isso é pouco. Um presidente não se sustenta apenas com a luta contra a corrupção. Nem a oposição conseguiu se sustentar. Eu tenho a opinião – diferentemente das pessoas, naquele momento do mensalão e na eleição do Lula em 2006, que diziam que “o brasileiro não se preocupava com corrupção” – de que essa não é uma boa avaliação daquele período. Não é tolerância com corrupção isso. É simplesmente que corrupção não é a primeira preocupação. Mas você tinha combate [à corrupção]. Nunca se viu tanta gente de classe alta ser presa como no primeiro governo Lula, e no segundo também. A Polícia Federal nunca teve [antes] liberdade de ação de prender quem ela achasse que devesse. A tolerância do Judiciário com a classe mais alta é conhecida da população. Por isso, a denúncia não pegou. Com o [ex-presidente Fernando] Collor, tanto o Congresso quanto a população se rebelaram.
Trecho da entrevista a Cristian Klein, publicada no jornal “Valor Econômico”, 12 de abril de 2012.
Argelina Figueiredo é pesquisadora do Cebrap. Ph.D. pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de Chicago (EUA). Coordenadora da área de Política e Sociedade do CEBRAP e Professora Associada do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Co-autora de "Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional", junto com Fernando Limongi, um livro obrigatório sobre o presidencialismo de coalizão brasileiro.
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Argelina: Isso é pouco. Um presidente não se sustenta apenas com a luta contra a corrupção. Nem a oposição conseguiu se sustentar. Eu tenho a opinião – diferentemente das pessoas, naquele momento do mensalão e na eleição do Lula em 2006, que diziam que “o brasileiro não se preocupava com corrupção” – de que essa não é uma boa avaliação daquele período. Não é tolerância com corrupção isso. É simplesmente que corrupção não é a primeira preocupação. Mas você tinha combate [à corrupção]. Nunca se viu tanta gente de classe alta ser presa como no primeiro governo Lula, e no segundo também. A Polícia Federal nunca teve [antes] liberdade de ação de prender quem ela achasse que devesse. A tolerância do Judiciário com a classe mais alta é conhecida da população. Por isso, a denúncia não pegou. Com o [ex-presidente Fernando] Collor, tanto o Congresso quanto a população se rebelaram.
Trecho da entrevista a Cristian Klein, publicada no jornal “Valor Econômico”, 12 de abril de 2012.
Argelina Figueiredo é pesquisadora do Cebrap. Ph.D. pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de Chicago (EUA). Coordenadora da área de Política e Sociedade do CEBRAP e Professora Associada do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Co-autora de "Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional", junto com Fernando Limongi, um livro obrigatório sobre o presidencialismo de coalizão brasileiro.
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