“Toda experiência da humanidade mostra, sem nenhuma falha que negue essa evidência, que quanto mais armada a população, menor a violência”. (Onyx Lorenzoni).
Mentira.
Conforme a Agência Lupa lembra, em 2012, o Ipea divulgou um estudo chamado “Menos armas, menos crimes”, no qual concluiu que a diminuição da quantidade de armas em circulação também diminui o número de homicídios.
O estudo utilizou dados do estado de São Paulo entre os anos de 2001 e 2007. Os pesquisadores apontam que a vigência do Estatuto do Desarmamento, desde 2003, contribuiu para uma redução de 60,1% no número de homicídios em SP.
Em 2013, outro estudo do Ipea mapeou a quantidade de armas de fogo no Brasil e sua relação com as taxas de homicídio após o Estatuto do Desarmamento. Segundo a pesquisa, regiões onde houve mais desarmamento tiveram maiores quedas nas taxas de homicídio entre os anos de 2003 e 2010.
Um levantamento feito por acadêmicos da Stanford Law School e publicado em 2017 mostrou que os estados norte-americanos que têm maior acesso a armas de fogo também têm níveis de crimes violentos não-letais, como roubos e assaltos, maiores do que aqueles onde a lei é mais rígida com relação à posse e ao porte de armas.
“A Inglaterra, quando ela desfez a possibilidade do cidadão ter alguma arma em casa, os assaltos a residências com pessoas dentro de casa aumentaram em 40%”. (Onyx Lorenzoni).
Mentira.
Os dados mostram o exato oposto do que diz Onyx: houve uma redução no número de roubos a domicílios na Inglaterra após mudanças legais que restringiram a posse de armas.
Em 1997, após um atirador matar 16 crianças e um professor em uma escola na Escócia, o Reino Unido aprovou lei que, na prática, proibia a posse de armas de fogo. Desde então, o número de assaltos a domicílios despencou.
O EuroStat, base de dados da União Europeia, mostra tendência similar. Entre 1998, dado mais antigo disponível, e 2016, o mais recente, o número de invasões feitas para subtrair objetos e bens caiu 56,5%: de 473 mil para 205 mil.
“A Declaração Universal de Direitos Humanos (…) garante o direito de tu, na manutenção da vida, tirar a vida daquele que te agride” (Onyx Lorenzoni).
Mentira.
A Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH) não garante (e tampouco nega) o direito de um cidadão “na manutenção da vida” poder tirar a vida de outra pessoa.
O que ela diz, em seu artigo 3, é que “todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal”.
“[No referendo de 2005] as pessoas decidiram claramente que queriam manter o direito à legítima defesa”. (Onyx Lorenzoni).
Mentira.
O referendo questionava se o artigo 35 do Estatuto do Desarmamento, em vigor desde dezembro de 2003, deveria ser alterado ou não – proibindo o comércio de armas de fogo e munições no país.
Já a legítima defesa – entendida como o uso moderado dos “meios necessários” para repelir injusta agressão a si ou a terceiros – é garantida pelo artigo 25 do Código Penal e nunca foi objeto de referendo no Brasil.
“[De] 8,5 milhões a 9 milhões de famílias têm arma [irregular] em casa”. (Onyx Lorenzoni).
Mentira.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirmou que não há estudos sobre a quantidade de famílias que têm armas ilegais em casa.
O que existe é um levantamento realizado pelo Viva Rio e o Small Arms Survey divulgado em 2010. Segundo o estudo, 4,2 milhões de armas ilegais em residências brasileiras (página 102). Não é possível afirmar, no entanto, que cada família tivesse apenas uma arma. O estudo mostra também que havia, em 2010, 5,2 milhões de armas nas mãos de criminosos no país.
No mesmo ano o Ministério da Justiça informou que 7,6 milhões de armas eram tidas como irregulares no Brasil. Na época, esse número representava mais da metade do total de armas no país: 16 milhões.
As declarações acimas foram dadas pelo ministro Onyx Lorenzoni em entrevista à GloboNews no dia 15 de janeiro de 2019. A Agência Lupa informa que procurou o ministro para que ele respondesse a esses questionamentos. Onyx não retornou.
Leia a matéria na íntegra na página da revista Piauí na internet.
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertarás" (João 8:32)
A justificativa do ministro para tal foi a seguinte:
"Eu fiz isso para me lembrar do dia que eu errei".
A confissão do "erro" relaciona-se ao processo aberto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas acusações de caixa 2 feitas por executivos da JBS, que citaram Onyx pelo recebimento de recursos não declarados na prestação de contas eleitoral - traduzindo: caixa 2.
De todo modo, a tatuagem deveria ser um alerta para outros tipos de falsidades. Pelo jeito, o ministro está dormindo e tomando banho com camisa de manga longa.
Em valores declarados, Onyx Lorenzoni (DEM) teve doações do setor de armas de 2006 a 2014 (Agência Lupa).
Durante campanha para prefeito de Porto Alegre, em 2008, Onyx recebeu R$ 150 mil da Companhia Brasileira de Cartuchos.
Em 2010, a Fujiwara Equipamentos de Proteção foi a maior doadora (R$ 200 mil), seguida pela Taurus (R$ 150 mil) e da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (R$ 100 mil cada, valores declarados).
A Taurus também foi uma das que mais doaram a Onyx na campanha de 2006, R$ 110 mil cada (esses são os valores declarados checados pela Agência Lupa).
Não há problema algum de parlamentares fazerem a defesa de grupos de interesse. Mas todos precisam saber que interesses estão por trás de muitas decisões.
Tire suas próprias conclusões sobre até que ponto esse "patrocínio" eleitoral a parlamentares não enviesa a atuação dos eleitos, não em benefício da maioria da população, mas de sua parte mais privilegiada e que faz das decisões do Estado sua principal fonte de lucro?
Tire suas próprias conclusões sobre até que ponto esse "patrocínio" eleitoral a parlamentares não enviesa a atuação dos eleitos, não em benefício da maioria da população, mas de sua parte mais privilegiada e que faz das decisões do Estado sua principal fonte de lucro?
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