Em homenagem aos 149 anos de seu nascimento, Ernesto Nazareth ganha
site e em breve terá biografia, além de revisão de suas obras.
Cristina Romanelli, da página da Revista de História da Biblioteca Nacional.
As
comemorações pelos 150 anos do compositor carioca Ernesto Nazareth
(1863-1934) estão tão agitadas que foram adiantadas em um ano. No dia 20
de março, o pianista, famoso pela autoria dos tangos brasileiros
“Brejeiro” (1893) e “Odeon” (1910), teria assoprado 149 velinhas.
Como
presente, o Instituto Moreira Salles (IMS) do Rio de Janeiro inaugurou
um site todo dedicado a ele.
Os internautas agora têm acesso a
manuscritos, fotografias, discografia completa, partituras para piano e
para rodas de choro, linha do tempo e informações biográficas inéditas,
cedidas por Luiz Antônio de Almeida, herdeiro do acervo de Nazareth.
E
vêm mais novidades por aí: Almeida está em busca de uma editora para
publicar um livro sobre o músico, e o pesquisador e pianista Alexandre
Dias está fazendo uma revisão completa de suas obras em parceria com a
professora Sara Cohen, da Escola de Música da Universidade Federal do
Rio de janeiro (UFRJ).
“Comecei a pesquisar Nazareth aos 14 anos, depois de ouvir falar sobre
ele em um programa de televisão. Conheci um filho e uma sobrinha dele
nessa época. Como Nazareth não teve netos, eles me passaram o acervo, e
agora cedi para o site todas as imagens e também informações do
livro que acabei de escrever”, conta Almeida, que hoje é chefe da sala
de pesquisa do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro.
A cravista Rosana Lanzelotte é outra que fez contribuições. Cedeu nada
menos que as 218 partituras de Nazareth publicadas em 2009 no portal www.ernestonazareth.com.br.
A iniciativa fez com que o compositor se tornasse, naquele ano, o
primeiro brasileiro com todas as partituras editadas na Internet – e
gratuitamente. “Vários compositores estão esquecidos por falta de
partituras editadas. No caso de Nazareth, tinha-se acesso a 20 ou 30
músicas mais conhecidas... Agora elas são vistas no mundo inteiro. Temos
de 1.500 a 2.000 acessos por mês, de vários países”, conta Rosana.
O portal do IMS deverá atrair ainda mais visitantes graças a novidades,
como os textos explicativos sobre cada obra e as mais de 2.000
gravações feitas desde a inauguração da Casa Edison (1902), primeira
gravadora do país. “Vamos tentar colocar todas as gravações no site,
inclusive oito feitas pelo próprio Nazareth, em 1912 e 1930. Muitas
vezes, só com as gravações dele e com os manuscritos das partituras dá
para descobrir a versão original das músicas”, explica Dias.
Tudo isso ajudará a divulgar a obra de Nazareth, e pode funcionar
também como uma espécie de reparação, já que o compositor foi por muito
tempo considerado inferior. “Isso acontecia porque ele está no limite
entre o popular e o erudito. Mas é um absurdo. Os choros que ele
transportou para o piano são tocados no mundo todo. Muitos o comparam a
Chopin, que transpôs para o piano a dança urbana chamada mazurca”,
afirma o pesquisador.
Nazareth, conhecido como Rei do Tango, também teve muitos momentos de
glória. Na década de 1910, não era raro ver a sala de espera do Cinema
Odeon, no Rio de Janeiro, lotada de pessoas que desistiam dos filmes
para ouvi-lo ao piano. Quem sabe se todas essas iniciativas – e outras
que estão por vir – poderão fazê-lo ganhar novamente um lugar de
destaque como um dos mais importantes compositores brasileiros?
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www.ernestonazareth150anos.com.br
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