O conselho é da cientista política Argelina Figueiredo. Em entrevista, ela recomenda que a presidenta não aja como se ainda fosse chefe da Casa Civil, orientando-se demais por "tocar" o governo.
Em parte, parece que "arranjar uma outra Dilma" foi exatamente o que a presidenta fez na última reunião ministerial, quando destacou o papel da atual ministra, Gleisi Hoffmann.
A questão talvez seja, mantendo a linha de raciocínio de Argelina Figueiredo, perguntar sobre outro aspecto: até que ponto a Casa Civil tem, hoje, a mesma autonomia e empoderamento que tinha na presidência Lula, quando Dilma era a ministra chefe.
Afinal, uma coisa é a Casa Civil servir (como sempre acontece) como filtro ("antes de falar comigo, tem que falar com ela"). A outra é ter poderes para agir como comando da coordenação de governo.
Que conselhos você daria para a Dilma?
"Devagar com o andor. E que é superimportante gestão pública, mas a presidenta não precisa estar diretamente envolvida na questão, que ela ache outra Dilma. O Abelardo Jurema [(1914-1999) ex-deputado federal, ex-senador e ex-ministro da Justiça de João Goulart] disse que o que faltou ao Jango foi um Jango no Ministério do Trabalho. Porque o [presidente] Juscelino [Kubitschek] teve maior estabilidade porque tinha o Jango no Ministério do Trabalho, por exemplo quando foi tentar implementar o Plano Trienal. Ele precisava ter um Jango que lidasse com o movimento sindical, de tal forma que ele não ficasse radicalizado. Então, a Dilma que arranje uma Dilma, que ela não vá para a gestão e fique na política.
Argelina Figueiredo é pesquisadora do Cebrap. Ph.D. pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de Chicago (EUA). Coordenadora da área de Política e Sociedade do CEBRAP e Professora Associada do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Co-autora de "Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional", junto com Fernando Limongi, um livro obrigatório sobre o presidencialismo de coalizão brasileiro.
FIGUEIREDO, Argelina e LIMONGI, Fernando. Executivo e Legislativo na Nova Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.
Fontes:
A entrevista de Argelina Figueiredo foi conferida a Cristian Klein, publicada no jornal “Valor Econômico”, 12 de abril de 2012.
A frase atribuída à presidenta está relatada na matéria de Natuza Nery, "Em reunião ministerial, Dilma prestigia chefe da Casa Civil", disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/1039005-em-reuniao-ministerial-dilma-prestigia-chefe-da-casa-civil.shtml
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Em parte, parece que "arranjar uma outra Dilma" foi exatamente o que a presidenta fez na última reunião ministerial, quando destacou o papel da atual ministra, Gleisi Hoffmann.
"Gleisi é uma de vocês, mas, quando fala, fala por mim. Antes de falar comigo, tem que falar com ela".
Presidenta Dilma Rousseff, em reunião ministerial de 23 de janeiro de 2012.
A questão talvez seja, mantendo a linha de raciocínio de Argelina Figueiredo, perguntar sobre outro aspecto: até que ponto a Casa Civil tem, hoje, a mesma autonomia e empoderamento que tinha na presidência Lula, quando Dilma era a ministra chefe.
Afinal, uma coisa é a Casa Civil servir (como sempre acontece) como filtro ("antes de falar comigo, tem que falar com ela"). A outra é ter poderes para agir como comando da coordenação de governo.
Que conselhos você daria para a Dilma?
"Devagar com o andor. E que é superimportante gestão pública, mas a presidenta não precisa estar diretamente envolvida na questão, que ela ache outra Dilma. O Abelardo Jurema [(1914-1999) ex-deputado federal, ex-senador e ex-ministro da Justiça de João Goulart] disse que o que faltou ao Jango foi um Jango no Ministério do Trabalho. Porque o [presidente] Juscelino [Kubitschek] teve maior estabilidade porque tinha o Jango no Ministério do Trabalho, por exemplo quando foi tentar implementar o Plano Trienal. Ele precisava ter um Jango que lidasse com o movimento sindical, de tal forma que ele não ficasse radicalizado. Então, a Dilma que arranje uma Dilma, que ela não vá para a gestão e fique na política.
Argelina Figueiredo é pesquisadora do Cebrap. Ph.D. pelo Departamento de Ciência Política da Universidade de Chicago (EUA). Coordenadora da área de Política e Sociedade do CEBRAP e Professora Associada do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ). Co-autora de "Executivo e Legislativo na nova ordem constitucional", junto com Fernando Limongi, um livro obrigatório sobre o presidencialismo de coalizão brasileiro.
FIGUEIREDO, Argelina e LIMONGI, Fernando. Executivo e Legislativo na Nova Ordem Constitucional. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.
Fontes:
A entrevista de Argelina Figueiredo foi conferida a Cristian Klein, publicada no jornal “Valor Econômico”, 12 de abril de 2012.
A frase atribuída à presidenta está relatada na matéria de Natuza Nery, "Em reunião ministerial, Dilma prestigia chefe da Casa Civil", disponível em http://www1.folha.uol.com.br/poder/1039005-em-reuniao-ministerial-dilma-prestigia-chefe-da-casa-civil.shtml
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