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27 julho 2010

Metodologia Científica

Para estudantes da disciplina de Metodologia Científica

Orientações, modelos, regras básicas.


Bibliografia complementar e fontes de consulta:

ALVES, Maria Bernadete e ARRUDA, Susana Margareth. Como fazer referências: bibliográficas, eletrônicas e demais formas de documentos. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina. Disponível em http://www.bu.ufsc.br/framerefer.html

Ou o guia de referências bibliográficas no padrão ABNT (em pdf).

DESCARTES, René. Discurso sobre o método. Clique aqui para abrir.

IBGE. Normas de apresentação tabular. Rio de Janeiro: IBGE, 1993. Clique para abrir.

Modelos:
UFSC. Modelo de artigo científico. Clique para abrir.Para abrir o tutorial (com orientações de uso), clique aqui.

Trabalhos acadêmicos. Clique aqui para abrir o tutorial sobre estrutura dos trabalhos. Clique aqui para abrir o tutorial sobre apresentação gráfica.
UFBA. Modelos de apresentação tabular. Abrir.

Metodologia da Pesquisa e Elaboração de Dissertação (da Universidade Federal de Santa Catarina).

Diretrizes para confecção de teses e dissertações (da Universidade de S. Paulo - USP).

Fichamentos e resenhas: orientações Universidade Federal de Santa Catarina (páginas 5 a 7. Clique para abrir).Resenha informativa e resenha crítica (PUC-RS: clique para abrir). Modelos de resenhas críticas: O caso dos exploradores de caverna; resenha do Prof. Lassance sobre o livro de Charles Tilly, Democracy (Revista Brasileira de Ciência Política).

Dicas para melhorar seu texto  



Abordagens teórico-metodológicas:
- Individualismo metodológico
- Materialismo histórico


Observação importante: os documentos acima encontram-se disponíveis na internet e são de livre uso. Mas sempre que usar qualquer documento, no todo ou em parte, lembre-se de citá-lo nas referências de seu trabalho. Se não, é plágio. Copiar e colar não é pecado, mas omitir a autoria é gravíssimo.


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Obs: para abrir alguns dos documentos, é preciso ter o programa Acrobat Reader instalado em seu computador.  Caso não o tenha, clique aqui para instalar.


Estudos de caso:

GRAHAM, Andrew. Como escrever e usar estudos de caso para ensino e aprendizagem no setor público.Brasília: ENAP, 2010. 214p. http://goo.gl/t33dOF
ENAP. Sugestões para elaborar estudos de caso. Brasília: Enap, s/d. Disponível em http://goo.gl/ztsla9

24 julho 2010

Judicialização da política

"Judicialização significa que questões relevantes do ponto de vista político, social ou moral estão sendo decididas, em caráter final, pelo Poder Judiciário. Trata-se, como intuitivo, de uma transferência de poder para as instituições judiciais, em detrimento das instâncias políticas tradicionais, que são o Legislativo e o Executivo".
"Exemplos numerosos e inequívocos de judicialização ilustram a fluidez da fronteira entre política e justiça no mundo contemporâneo, documentando que nem sempre é nítida a linha que divide a criação e a interpretação do direito".

Referência:
BARROSO, Luís Roberto. Constituição, Democracia e Supremacia Judicial: Direito e Política no Brasil Contemporâneo. Revista Jurídica da Presidência da República. Brasília, Vol. 12, n°96, Fev/Mai 2010. Disponível em http://www4.planalto.gov.br/revistajuridica/copy_of_vol-11-n-95-out-2009-jan-2010/menu-vertical/artigos/artigos.2010-06-09.1628631230/at_download/anexo Acesso em 24 julho 2010.


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20 julho 2010

O real da miséria e a miséria do Real

Clique no gráfico para visualizá-lo em tamanho maior.

Artigo publicado no portal Carta Maior, 20 de julho de 2010.


O gráfico acima merece ser emoldurado. Ele representa os avanços que o Brasil alcançou até o momento na luta pela redução da miséria.

Antes de mais nada, é preciso dar os devidos créditos. O gráfico tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), colhidos, organizados e divulgados pelo IBGE. São sistematicamente trabalhados pelo IPEA, que tem grandes estudiosos sobre o tema da pobreza, assim como pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas-RJ.

Graças a esses estudos se pode, hoje, visualizar se estamos avançando ou retrocedendo; se o Brasil está resgatando seus pobres ou produzindo quantidades cada vez maiores de pessoas que ganham menos que o estritamente necessário para sobreviver; gente que se encontra sob situação de insegurança e vulnerabilidade.

Os números e a trajetória que os liga permitem não só uma fotografia da miséria, mas também um retrato do que os governos fizeram a esse respeito. Serve até de exame para um diagnóstico do bem estar ou do mal estar que as políticas econômicas podem causar à nossa sociedade.

Descritivamente: esta linha sinuosa decresce em ritmo forte em 1994 e 1995, quando estaciona. Depois de 1995, a queda deixa de ter continuidade e, salvo pequenas oscilações, os patamares de miséria ficam estáveis pelos sete anos seguintes, até 2002.Depois  de 2003, ocorre uma nova trajetória descendente e, desta vez, sustentada, pois se mantém em queda ao longo de sete anos.

Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995).

O gráfico desmente categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o  Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos, principalmente aqueles que são mais entusiastas do que analistas e, a cada 5 anos, comemoram o aniversário do plano como se fosse alguém da família.
O Plano Real conseguiu reduzir a miséria apenas pelo efeito imediato e inicial de retirar do cenário econômico aquilo que é conhecido como “imposto inflacionário”: o desconto compulsório, que afeta sobretudo as camadas mais pobres, ao devorar seus rendimentos. Retirar a inflação do meio do caminho foi importante, mas insuficiente.

No governo FHC, a miséria alcançou um ponto de estagnação. Uma estagnação perversa, que deu origem, por exemplo, à teoria segundo a qual muitos brasileiros seriam “inimpregáveis”. Para o discurso oficial, o problema da miséria entre uma parte dos brasileiros estaria, imaginem, nos próprios brasileiros. A expressão era um claro sinônimo de “imprestáveis”: pessoas que não tinham lugar no crescimento pífio daqueles 8 anos. Era um recado a milhões de pessoas, do tipo: "não há nada que o governo possa fazer por vocês". "Se virem!"


O governo Lula iniciou uma nova curva descendente da miséria no Brasil e a intensificou. Sua trajetória inicial foi mais íngrime do que a verificada no início do Plano Real e, mais importante, ela se manteve em declínio ao longo do tempo. Por trás dos números e da linha torta, está o regate de milhões de brasileiros.

A razão que explica essa trajetória está no conjunto de políticas sociais implementadas por Lula, como o Fome Zero, o Bolsa Família, a bancarização e os programas da agricultura familiar, além da melhoria e ampliação da cobertura da Previdência.

No campo econômico, além de proteger as camadas sociais mais pobres da volta do imposto inflacionário (estabilidade macroeconômica), houve uma política sistemática de  elevação do salário mínimo e, a partir de 2004, patamares mais significativos de crescimento econômico, com destaque nas regiões mais pobres, que cresceram em ritmo superior à média nacional - em alguns casos, superior ao ritmo chinês.


O governo FHC, sem políticas sociais robustas e integradas e com índices sofríveis de crescimento econômico, exibiu uma perversa estabilidade da miséria. Se lembrarmos

bem, ao final de seu mandato, a economia projetava inflação de dois dígitos, os juros (Selic) superavam os 21%  ao ano (haviam batido em 44,95% em 1999), a crise da desvalorização cambial fizera o dólar disparar, as reservas estavam zeradas e o País precisara do FMI como avalista. Por isso se pode dizer que a característica principal do Governo FHC não foi propriamente a estabilidade macroeconômica. Foi o ajuste fiscal e a estabilidade da miséria.


Por sua vez, a tríade crescimento, estabilidade e redução da miséria, prometida por Lula na campanha de 2002, aconteceu. Se alguém tinha alguma dúvida, aí está a prova.


Referência biliográfica:
LASSANCE, Antonio. O real da miséria e a miséria do Real. Carta Maior: São Paulo, 20 julho 2010. Disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16809 Acesso em 20 julho 2010.

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19 julho 2010

Crise do ensino médio revela o ocaso e o descaso dos governos estaduais



O último resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), promovido pelo Ministério da Educação, revelou mais um capítulo de um problema que se arrasta há décadas: a crise do ensino médio estadual público.

Eis os dados:
  • As redes estaduais respondem por 85,9% das matrículas de ensino médio no país;
  • São, ao todo, 8,33 milhões de estudantes de ensino médio, dos quais 7,16 milhões estão nas redes estaduais públicas;
  • As escolas privadas detêm 973 mil alunos (11,6%);
  • As mil piores escolas do país são quase todas estaduais (973, ou 97,3%), segundo os dados do Enem 2009;
  • Apenas dez dentre as piores são privadas (1%) e 17 (1,7%) são municipais (em vários estados, os municípios acabaram por assumir escolas estaduais, por pressão de seus cidadãos e como forma dos prefeitos mostrarem que são capazes de apresentar melhores resultados, embora nem todas as prefeituras tenham condições financeiras de encampar escolas estaduais);
  • Das poucas escolas federais de ensino médio, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (MG) ocupa o sétimo lugar entre as melhores do País. Mas os estabelecimentos federais respondem por 90 mil alunos (1% do total) deste nível de ensino. 
Fonte: Instituto Nacional de Estudos e. Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP),  Ministério da Educação.
Acesse a nota técnica do INEP sobre os resultados do ENEM.
Acesse a planilha com os resultados por escola.


O ensino médio, conforme a Constituição, é atribuído aos Estados. A esfera federal é responsável pelo ensino superior (universidades) e tem assumido o ensino técnico, com os Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet's).

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17 julho 2010

1° Encontro de Blogueiros Progressistas

"Agora que temos leitores, do mesmo jeito que aconteceu nos Estados Unidos, um país de dimensões continentais, acreditamos na necessidade de um encontro presencial entre blogueiros. Para que as pessoas se encontrem e se conheçam".
(Luiz Carlos Azenha, Viomundo, 6 de junho de 2010)

O 1º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas acontecerá nos dias 21 (sábado) e 22 (domingo) de agosto, em São Paulo, capital. O objetivo é contribuir para a democratização dos meios de comunicação e fortalecer as mídias alternativas. As inscrições já estão abertas. Poderão se inscrever não apenas blogueiros, mas todos os interessados nas novas mídias sociais. 

A ideia do encontro foi do jornalista Luiz Carlos Azenha, no seu blog Viomundo.

Acesse a matéria de Conceição Lemes, na Carta Maior.
As inscrições podem ser feitas por email  ou pelo telefone (011)3054-1829 (falar com Daniele Penha). Custam 100 reais.

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14 julho 2010

Re-visões do desenvolvimento

João Sicsu, diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do IPEA e professor doutor do Instituto de Economia da UFRJ analisa, em artigo, os projetos em disputa em 2010. 

Segundo Sicsu, "os últimos 20 anos marcaram a disputa de dois projetos para o Brasil. Há líderes, aliados e bases sociais que personificam essa disputa". Lula, de um lado; FHC, do outro. Dilma versus Serra.

"O projeto de desenvolvimento liderado pelo presidente Lula se tornou muito mais claro no seu segundo mandato – quando realizações e ações de governo se tornaram mais nítidas".

O articulista chama a atenção para um aspecto curioso, para dizer o mínimo. Normalmente, quando se fala em eleições, se informa claramente quem é o candidato do governo e quem é o da oposição. No caso brasileiro, porém, a grande imprensa parece dedicada a mitigar essas diferenças, e não a delimitar claramente os campos em disputa.

O artigo traz alguns números que contrastam os resultados significativos alcançados por Lula, comparados aos de FHC, tímidos ou negativos.

Acesse o artigo publicado na Carta Maior.
Acesse o artigo em sua versão original, publicado na revista Inteligência, com tabelas elucidativas.


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13 julho 2010

A pobreza no Brasil despenca

Clique no gráfico para ampliar
 Estudo do IPEA mostra a redução da pobreza no Brasil.

Acesse o estudo.

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09 julho 2010

Crimes hediondos














Qual a origem da palavra hediondo?
A palavra tem origem latina.

Etimologia

cast. hediondo (sXIII sob a f. fediente ou fediondo, hediondo) 'fedorento; molesto, repugnante', do lat.vulg. *foetibundus, conexo com o v. heder 'feder', do v.lat. foeteó,és,ére 'ter mau cheiro, feder; repugnar, ser insuportável'; ver 1fed-; a datação é para a acp. fig. 'fedorento'
Fonte: Dicionário Houaiss. 
Conforme matéria explicativa produzida pela Agência Senado:
Crimes como o homicídio qualificado, o latrocínio, a extorsão qualificada pela morte, a extorsão mediante sequestro, o estupro, de vulnerável ou não, a epidemia intencional que resulte em morte, a falsificação de medicamentos são listados pela Lei dos Crimes Hediondos (Lei 8072/90).Juntamente com a prática de tortura, o tráfico ilícito de drogas e o terrorismo, tais crimes não podem ser suscetíveis de anistia, graça ou indulto, e nem de fiança.
Além disso, a punição aos crimes hediondos tem regras próprias, mais rigorosas, relacionadas tanto à progressão do regime da pena quanto ao livramento condicional. A progressão de regime, no caso dos condenados, só pode acontecer após o cumprimento de dois quintos da pena, se o detento for primário, e de três quintos se reincidente. Já o livramento condicional só pode se acontecer se ele tiver cumprido mais de dois terços da pena e se não for reincidente em crimes dessa gravidade.
Em geral, crimes que, pela crueldade e repercussão, causam grande clamor popular aumentam a pressão por maior rigor das penas e do tratamento aos condenados. A própria Lei dos Crimes Hediondos previa o cumprimento integral das penas, sem possibilidade de livramento condicional. Tal dispositivo, porém, foi derrubado pelo STF, e nova regra (Lei 11.464/07) foi aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente da República.
Fonte:
SENADO FEDERAL. Lei de Crimes Hediondos: alvo constante do clamor popular. Brasília: Senado Federal, 7 julho 2010. Disponível em http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=103435&amp%3BcodAplicativo=2 Acessado em 7 julho 2010.

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Quanto custam os processos de execução fiscal?

Pesquisa pretende analisar se vale a pena um determinado procedimento tendo em vista seu custo/benefício.

Sua execução está a cargo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), por meio da Diretoria de Estudos do Estado, das Instituições e da Democracia (Diest), e em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O objetivo é estabelecer o Custo Unitário da Execução Fiscal da União. 
A pesquisa é essencial para o planejamento judiciário, na medida em que será aferido o custo de cada procedimento.
Atualmente, 52% dos processos em tramitação na Justiça Federal são de execução fiscal, segundo dados de 2006 da Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça.


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07 julho 2010

Milton Santos

Homenagem do IPEA ao grande geógrafo brasileiro
Acesse o perfil publicado na revista Desafios do Desenvolvimento, edição abril/maio 2010.

Para saber mais sobre Milton Santos:
"Geometrias não são geografias: o legado de Milton Santos". Acesse o documento.
Entrevista: "Meu caso é um acidente geográfico". Acesse o documento.


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04 julho 2010

A velha mídia está derretendo

Antonio Lassance, artigo publicado na Carta Maior
Como um iceberg a navegar em águas quentes e turbulentas, a velha mídia está derretendo. O mundo está mudando, o Brasil é outro e os brasileiros desenvolvem, aceleradamente, novos hábitos de informação.

Um retrato desse processo pode ser visto na recente pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom-P.R.), destinada a descobrir o que o brasileiro lê, ouve, vê e como analisa os fatos e forma sua opinião.

A pesquisa revelou as dimensões que o iceberg ainda preserva. A televisão e o rádio permanecem como os meios de comunicação mais comuns aos brasileiros. A TV é assistida por 96,6% da população brasileira, e o rádio, por expressivos 80,3%. Os jornais e revistas ficam bem atrás. Cerca de 46% costumam ler jornais, e menos de 35%, revistas. Perto de apenas 11,5% são leitores diários dos jornais tradicionais.

Quanto à internet, os resultados, da forma como estão apresentados, preferiram escolher o lado cheio do copo. Avalia-se que a internet no Brasil segue a tendência de crescimento mundial e já é utilizada por 46,1% da população brasileira. No entanto, é preciso uma avaliação sobre o lado vazio do copo, ou seja, a constatação de que os 53,9% de pessoas que não têm qualquer acesso à internet ainda revelam um quadro de exclusão digital que precisa ser superado. Ponto para o Programa Nacional da Banda Larga, que representa a chance de uma mudança estrutural e definitiva na forma como os brasileiros se informam e comunicam-se.

A internet tem devorado a TV e o rádio com grande apetite. Os conectados já gastam, em média, mais tempo navegando do que em frente à TV ou ao rádio. Esse avanço relaciona-se não apenas a um novo hábito, mas ao crescimento da renda nacional e à incorporação de contingentes populacionais pobres à classe média, que passaram a ter condições de adquirir um computador conectado.

O processo em curso não levará ao desaparecimento da TV, do rádio e da mídia impressa. O que está havendo é que as velhas mídias estão sendo canibalizadas pela internet, que tornou-se a mídia das mídias, uma plataforma capaz de integrar os mais diversos meios e oferecer ao público alternativas flexíveis e novas opções de entretenimento, comunicação pessoal e “autocomunicação de massa”, como diz o espanhol Manuel Castells.

Ainda usando a analogia do iceberg, a internet tem o poder de diluir, para engolir, a velha mídia.

A pesquisa da Secom-P.R. dá uma boa pista sobre o grande sucesso das plataformas eletrônicas das redes sociais. A formação de opinião entre os brasileiros se dá, em grande medida, na interlocução com amigos (70,9%), família (57,7%), colegas de trabalho (27,3%) e de escola (6,9%), o namorado ou namorada (2,5%), a igreja (1,9%), os movimentos sociais (1,8%) e os sindicatos (0,8%). Alerta para movimentos sociais, sindicatos e igrejas: seu “sex appeal” anda mais baixo que o das(os) namoradas(os).

Estes números confirmam estudos de longa data que afirmam que as redes sociais influem mais na formação da opinião do que os meios de comunicação. Por isso, uma informação muitas vezes bombardeada pela mídia demora a cair nas graças ou desgraças da opinião pública: ela depende do filtro excercido pela rede de relações sociais que envolve a vida de qualquer pessoa. Explica também por que algo que a imprensa bombardeia como negativo pode ser visto pela maioria como positivo. A alta popularidade do Governo Lula, diante do longo e pesado cerco midiático, talvez seja o exemplo mais retumbante.

Em suma, o povo não engole tudo o que se despeja sobre ele: mastiga, deglute, digere e muitas vezes cospe conteúdos que não se encaixam em seus valores, sua percepção da realidade e diante de informações que ele consegue por meios próprios e muito mais confiáveis.

É aqui que mora o perigo para a velha mídia. Sua credibilidade está descendo ladeira abaixo. Segundo a citada pesquisa, quase 60% das pessoas acham que as notícias veiculadas pela imprensa são tendenciosas.

Um dado ainda mais grave: 8 em cada 10 brasileiros acreditam muito pouco ou não acreditam no que a imprensa veicula. Quanto maior o nível de renda e de escolaridade do brasileiro (que é o rumo da atual trajetória do país), maior o senso crítico em relação ao que a mídia veicula - ou “inocula”.

A velha mídia está se tornando cada vez mais salgada para o povo. Em dois sentidos: ela pode estar exagerando em conteúdos cada vez mais difíceis de engolir, e as pessoas estão cada vez menos dispostas a comprar conteúdos que podem conseguir de graça, de forma mais simples, e por canais diretos, mais interativos, confiáveis, simpáticos e prazerosos. Num momento em que tudo o que parece sólido se desmancha... na água, quem quiser sobreviver vai ter que trocar as lições de moral pelas explicações didáticas; vai ter que demitir os pit bulls e contratar mais explicadores, humoristas e chargistas. Terá que abandonar o cargo, em que se autoempossou, de superego da República.

Do contrário, obstinados na defesa de seus próprios interesses e na descarga ideológica coletiva de suas raivas particulares, alguns dos mais tradicionais veículos de comunicação serão vítimas de seu próprio veneno. Ao exagerarem no sal, apenas contribuirão para acelerar o processo de derretimento do impávido colosso iceberg que já não está em terra firme.

Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.

Crédito da imagem: o personagem é o editor J. J. Jameson, do Daily Bugle, dos quadrinhos do Homem Aranha. Autoritário, arrogante e empenhado em destruir a imagem do herói e vender jornais ao menor custo possível.

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02 julho 2010

Pesquisa de hábitos de informação da população brasileira



Encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a pesquisa revelou que:

1) A televisão e o rádio permanecem como os meios de comunicação mais comuns aos brasileiros. A TV é assistida por 96,6% da população brasileira, enquanto que o rádio é utilizado por 80,3% da população.

2) Os meios de comunicação impressos são consumidos em menor intensidade, em comparação a televisão e a rádio. Revistas são lidas por 34,9% da população, enquanto que 46,1% costumam ler jornais. Apenas 11,4% da população costumam ler jornal diariamente.

3) O hábito de leitura da população apresentou relação direta com o nível de escolaridade e renda familiar. Pessoas mais cultas e de maior poder financeiro lêem mais jornais e revistas, assim como desenvolvem em maior intensidade o hábito de leitura de livros em geral.

4) A Internet no Brasil segue a tendência de crescimento mundial no número de usuários e já é utilizada por 46,1% da população brasileira. Os internautas brasileiros navegam em média 16,4 horas semanais. Entre os chamados internautas residenciais (aqueles que possuem acesso a Internet em sua própria residência), a média semanal de navegação é 20,9 horas. O tempo de navegação médio apresenta relação direta com a renda e com a escolaridade. Internautas com escolaridade em nível superior navegam em média 21,0 horas/semana. Essa média eleva-se para 23,4 horas entre os internautas de famílias com renda superior a 10 salários mínimos.
O índice de exclusão digital ainda é elevado

5) A Internet se constitui no principal meio concorrente à televisão em determinados segmentos. Apesar de esse último ser o veículo de maior abrangência nacional, e possuir acesso a todos os segmentos da sociedade, perde espaço à Internet junto ao público de escolaridade e renda mais alta, e principalmente junto aos públicos de classe C e mais jovem. Entre a população de idade entre 16 e 24 anos, de classe C, o percentual da população com acesso à Internet chega a 73,9%.

6) Foi identificado um público de alta predisposição e intensidade de consumo de meios de comunicação. Esse público é formado por um grupo de indivíduos que costuma ler jornal diariamente, ou se não lê jornal diariamente, costuma ler alguma revista. Costuma ouvir rádio e assistir televisão entre uma e duas horas diárias, priorizando a programação de notícias. É internauta e costuma navegar no mínimo nove horas semanais.

7) A formação de opinião se dá na interlocução com amigos (70,9%), família (57,7%), os colegas de trabalho (27,3%), os colegas de escola (6,9%), o namorado ou namorada (2,5%), a igreja (1,9%), os movimentos sociais (1,8%) e os sindicatos (0,8%). As pessoas se mostram, em sua maioria (67,2%), pouco flexíveis para eventuais mudanças de opinião, mesmo quando a conversa é com quem conhece mais do assunto.

8) A credibilidade da imprensa está em baixa. Quase 60% das pessoas acham que as notícias veiculadas pela imprensa são tendenciosas. Cerca de 8 em cada 10 brasileiros acreditam muito pouco ou não acreditam no que a imprensa veicula. A visão crítica em relação à imprensa cresce com o nível de renda e escolaridade do entrevistado e, portanto,  com seu grau de exposição às mídias. Mas 62,9% admitiram que, algumas vezes, mudam seus pontos de vista a partir de informações transmitidas pelos meios de comunicação.

Alguns dados chamam a atenção. Dos que assistem TV, 30% recebem o sinal por antena parabólica.
Dos que ouvem rádio, mais de 30% ainda captam a faixa de AM. A Voz do Brasil é ouvida por um contingente expressivo de pessoas: 21,3% dos ouvintes de rádio. De longe, é o programa mais ouvido do Governo Federal e supera a audiência da TV Brasil (17,8%).