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09 junho 2017

Dá certo fingir que a boa política é técnica mais moralismo?


O texto é da década de 1990, mas parece uma profecia do que se vê por aqui:


"Muitos daqueles que tínhamos visto brandir nesse ano a bandeira da honestidade não tinham as coisas em ordem na medida em que também haviam sido parte do velho sistema, tendo compartilhado suas práticas (e de fato, diversos expoentes do partido dos honestos, para a alegria de adultos e crianças, já caíram por terra, abatidos por ações judiciais, tendo a sua queda provocado muita — e justificada — diversão)."

"... o paradoxo do moralista, que começa tentando fazer o funeral da política e acaba se tornando seu servo, por vezes trouxa, por vezes astuto, é reposto com força"





"A política, que a utopia tecnocrática gostaria de neutralizar e banir, como é natural, vinga-se regularmente. Quando o técnico chega ao poder, de duas uma: ou perde as suas conotações de técnico e se transforma num político (o que lhe dá alguma chance de sucesso), ou permanece técnico e então a política encarregar-se-á de esbofeteá-lo e escarnecê-lo. O governo dos técnicos é, além do mais, sinônimo de fracasso político garantido". 

Fonte: Panebianco, Angelo. Evitar a política? Tradução de "Fare a meno della politica?". Novos Estudos CEBRAP N.° 45, julho 1996 pp. 51-57.
Palavras-chave: política; técnica; ética; moral pública; moral privada; corrupção.

O autor pontua que:
  • O tecnicismo e o moralismo representam tentativas de negar a autonomia da política. 
  • O primeiro invoca o poder dos especialistas e reduz as questões políticas a problemas administrativos.
  • O segundo impõe uma peculiar visão ética e confunde moral pública e privada. 
  • O "governo dos técnicos" e o "partido dos honestos" revelam-se fórmulas simplistas que obstaculizam a formação de uma ética pública e livre de condicionamentos (privados e privatistas).











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