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21 março 2017

Muares e Progresso:

Dos engenhos de açúcar até hoje, como a pecuária ajudou a criar o Brasil... e muitos de seus problemas



Matéria da BBC Brasil ajuda a contar uma longa e importante história da economia nacional e da expansão do território:


Os primeiros muares desembarcam no país por volta de 1534, vindos da então colônia portuguesa de Cabo Verde, na África.
  
[...]
... o gado deixou de ser usado unicamente na lavoura de cana e se tornou crucial para a ocupação de territórios da jovem colônia.

[...] para conseguir ocupar os territórios, os sesmeiros costumavam arrendar áreas menores a sitiantes que possuíam rebanhos. Era importante preencher as áreas porque terras livres podiam ser retomadas pela Coroa para serem redistribuídas. Começa então a grande marcha bovina para o interior: o gado avança de São Vicente (SP) até os campos de Curitiba; de Pernambuco, para o Agreste e o Piauí; da Bahia, para o Ceará, o Tocantins e o Araguaia. Nos séculos seguintes, os rebanhos ocupariam ainda o Semiárido, Minas Gerais, o Rio Grande do Sul, o Cerrado e franjas da Amazônia.
[...]
"Tal avanço sobre a terra nada teve de pacífico, sendo numerosos os registros de reação violenta das populações indígenas à incorporação de sua força de trabalho nas fazendas de gado", [...] afirma [a historiadora Maria Yedda Leite Linhares (1921-2011)]. Em Os índios e a civilização, o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) descreve o avanço da pecuária em terras dos povos Timbira, no sul do Maranhão
[...]
Na década de 1970, o avanço da agricultura pelo Cerrado dá novo fôlego ao setor. Com a correção da acidez dos solos e a introdução de capins mais adaptados ao bioma, a raça zebuína Nelore se consolida como a principal variedade do país.
[...] 
A ditadura militar também estimulou a atividade ao promover a colonização da Amazônia. A construção da rodovia Transamazônica (1968-1974) empurrou a fronteira pecuária até o sul do Pará, enquanto a oeste fazendeiros - muitos deles paulistas e gaúchos - substituíam florestas por pastagens em Mato Grosso, em Rondônia e no Acre, às margens da BR-364. Até hoje, a pecuária é tida como a principal responsável pelo desmatamento da Amazônia. Áreas destruídas pelo fogo podem se tornar pastagens sem grandes custos, e a mobilidade dos bois permite que sejam criados longe de estradas e centros de consumo.
[...]
Mesmo com a expansão territorial, o setor ainda enfrentava turbulências. Entre as décadas 1980 e 1990, nos anos de hiperinflação, o gado se tornou uma alternativa à moeda que desvalorizava rapidamente. Os animais eram comprados e logo revendidos para que se lucrasse com a especulação.
[...]
No fim dos anos 1990, a epidemia de vaca louca na Europa e a de febre aftosa na Argentina abrem espaço para o gado brasileiro. A pressão de compradores estrangeiros e de ambientalistas quanto ao desmatamento da Amazônia e à qualidade da carne leva a indústria nacional a endurecer o controle sobre o abate. As autoridades sanitárias também se tornam mais rigorosas. Sérgio de Zen, da Cepea-Esalq, diz que um estudo de 2012 apontou que naquele ano só 6% dos abates ocorriam sem fiscalização.
[...]
Nos anos Lula e Dilma, o governo estimula a concentração do setor com sua política de "campeões nacionais". Sob a gestão de Luciano Coutinho, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) injeta recursos em alguns grupos, que incorporam outros e se tornam gigantes globais. A Sadia se funde com a Perdigão, dando origem à Brasil Foods (hoje BRF); o Grupo JBS compra as redes de frigorífico Bertin e Independência e passa a controlar algumas das principais marcas do mercado, como Swift, Friboi e Seara. A financeirização da pecuária atinge níveis inéditos. O Brasil passa a disputar com a Índia o posto de maior exportador mundial de carne bovina e se torna o segundo maior produtor, atrás dos EUA.
[...]
... nas fazendas bovinas do Brasil se produzem hoje, em média, 90 quilos de carne por hectare ao ano, mas que é possível produzir até 600 quilos com a adoção de tecnologias já disponíveis.
[...]
... séculos após importar seus primeiros bois e vacas, o Brasil se tornou o maior exportador de genética bovina do mundo. Ele diz que, numa inversão de papéis, o país passou a vender inclusive para as regiões a que deve a formação de seu rebanho: hoje raças zebuínas brasileiras são exportadas para a Índia, e raças taurinas nacionais são despachadas para a Europa.
















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20 março 2017

Mapa das Organizações da Sociedade Civil

Uma plataforma virtual inteligente com informações sobre 390 mil OSCs existentes no país

Nela, podem ser consultadas organizações por área de atuação, número de empregados, parcerias com o setor público e privado, entre outras informações. 




A plataforma é coordenada pelo pesquisador do Ipea, Felix Garcia Lopez. 

Entre as novidades no Mapa das OSCs, está o mapa georreferenciado e dinâmico, fundamental para ampliar a transparência das OSCs e apoiar a interlocução entre essas organizações e os governos. 

Além disso, os gestores públicos poderão saber onde estão, o que fazem as OSCs em cada local do país e o histórico de atuação de cada organização específica. 

De acordo com Lopez, ao mesmo tempo em que o Mapa abre espaço para maior transparência do Estado e das OSCs, a plataforma também busca reunir informações que ajudarão a compreender melhor esse setor por meio de pesquisas e análises detidas. 

“Esperamos que os governos, estaduais e municipais, se animem em nos enviar dados também, pois é uma plataforma já pronta a receber as informações de parcerias entre eles e as OSCs”, disse. 

Para ele, ao fazer isso, os estados se tornam mais transparentes, cumprem a legislação, e a sociedade se informa melhor sobre as OSCs. 





Fonte desta matéria: Ipea















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19 março 2017

Why nations fail? Why nations succeed?

Why do some states enjoy wealth, security, health and nutrition while others face poverty, unemployment, lack of health care and safety?

Political Scientist James Robinson explains why. 





Professor Robinson, PhD, Harvard Uiversity, is co-author of the book "Why nations fail", along with economist Daron Acemoglu.



http://whynationsfail.com/









 
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10 março 2017

Uma nova profissão está em alta:

A de ideólogo extremista, aquele que induz muitos a achar que são melhores e "mais conscientes" do que "o resto".



O mercado dos vendedores de ideologia vai de vento em popa, reempacotando ideias ultrapassadas e extremistas, com o mesmo velho verniz que embalou o nazifacismo, mas, claro, em novas versões.

O artigo de Antonio Luiz M. C. Costa, "O aprendiz de feiticeiro", embora trate especificamente do guru de Trump, Steve Bannon, chama a atenção para o crescimento do mercado dos vendedores de ideologia no mundo inteiro.

Conforme Costa, 


"A busca de justificativas respeitáveis para o racismo, a homofobia e o machismo funda-se agora em noções de “cultura” e 'identidade' concebidas como entidades orgânicas e essenciais destinadas a enfrentar-se na 'guerra das civilizações'."

No Brasil, poderíamos listar inúmeras figuras que já disputam esse mercado e são candidatas a uma vaga ao lado de algum personagem grotesco de plantão, como Trump, para colocar suas ideias em prática. Olavo de Carvalho, Rodrigo Constantino, Rachel Sheherazade e - por que não dizer? - Alexandre Frota são representantes, cada qual a seu modo, de pessoas que se prestam ao papel de incentivar o extremismo como forma de ganhar evidência político-midiática.




Leia o artigo de Costa, publicado na Carta Capital, em 24/02/2017.











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07 março 2017

Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça no Brasil mostra avanços conseguidos até 2015

Estudo do Ipea mostra que a igualdade entre mulheres e homens; jovens e adultos; negros e brancos; ricos e pobres ainda tem um longo caminho a ser percorrido.
Dependendo do que será feito do País daqui para a frente, se dirá se vamos avançar, como vinha acontecendo, ou retroceder. 

Publicação Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça analisou indicadores com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE

O estudo é das pesquisadoras Natália Fontoura, Marcela Rezende, Joana Mostafa  e Ana Lobato.
População adulta negra mais escolarizada (12 anos ou mais de estudo) passou de 3,3% (1995) para 12% (2015)


Apesar de estar em queda, diferença de escolaridade entre raças ainda é alta
Nos últimos anos, mais brasileiros e brasileiras chegaram ao nível superior. Entre 1995 e 2015, a população adulta negra com 12 anos ou mais de estudo passou de 3,3% para 12%. Entretanto, o patamar alcançado em 2015 pelos negros era o mesmo que os brancos tinham já em 1995. Já a população branca, quando considerado o mesmo tempo de estudo, praticamente dobrou nesses 20 anos, variando de 12,5% para 25,9%.

Rendimento das mulheres negras se valorizou até 2015 em 80%

Apesar de, proporcionalmente, o rendimento das mulheres negras ter sido o que mais se valorizou entre 1995 e 2015 (80%), e o dos homens brancos ter sido o que menos cresceu (11%), a escala de remuneração manteve-se inalterada em toda a série histórica: homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. A diferença da taxa de desocupação entre sexos também merece registro: em 2015, a feminina era de 11,6%, enquanto a dos homens atingiu 7,8%. No caso das mulheres negras, ela chegou a 13,3% (e 8,5% para homens negros).

Famílias brasileiras são cada vez mais chefiadas por mulheres

Os lares brasileiros, cada vez mais, estão sendo chefiados por mulheres. Em 1995, 23% dos domicílios tinham mulheres como pessoas de referência. Vinte anos depois, esse número chegou a 40%. Cabe ressaltar que as famílias chefiadas por mulheres não são exclusivamente aquelas nas quais não há a presença masculina: em 34% delas, havia a presença de um cônjuge.


Quase 40% das famílias brasileiras já NÃO são mais formadas pela união entre um homem e uma mulher


Paralelamente ao aumento do número de famílias chefiadas por mulheres, houve uma gradativa reconfiguração dos tipos de arranjos familiares. Se, em 1995, o tipo mais tradicional, formado por um casal com filhos, respondia por cerca de 58% das famílias, em 2015 esse percentual caiu para 42%, tendo aumentado de maneira significativa o número de domicílios com somente uma pessoa e também o percentual de casais sem filhos.


As mulheres trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana. 

Em 2015, a jornada total média das mulheres era de 53,6 horas, enquanto a dos homens era de 46,1 horas. Em relação às atividades não remuneradas, mais de 90% das mulheres declararam realizar atividades domésticas – proporção que se manteve quase inalterada ao longo de 20 anos, assim como a dos homens (em torno de 50%). Esses são alguns dos dados destacados no estudo Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE. A análise foi divulgada nesta segunda-feira, 06/03.

“É importante ressaltar que o fato de exercer atividade remunerada não afeta as responsabilidades assumidas pelas mulheres com as atividades domésticas, apesar de reduzir a quantidade de horas dedicadas a elas. As mulheres ocupadas continuam se responsabilizando pelo trabalho doméstico não remunerado, o que leva à chamada dupla jornada”, destaca Natália Fontoura, especialista em políticas públicas e gestão governamental e uma das autoras do trabalho.

Quanto mais alta a renda das mulheres, menor a proporção das que afirmaram realizar afazeres domésticos – entre aquelas com renda de até um salário mínimo, 94% dedicavam-se aos afazeres domésticos, contra 79,5% entre as mulheres com renda superior a oito salários mínimos. Em situação inversa estão os homens. A parcela dos que declararam realizar trabalho doméstico é maior entre os de mais alta renda: 57% dos que recebiam de 5 a 8 salários mínimos diziam realizar esses afazeres, proporção que cai a 49% entre os que tinham renda mais baixa. 

Quantidade de trabalhadoras domésticas com até 29 anos de idade caiu mais de 30%


A quantidade de trabalhadoras domésticas com até 29 anos de idade caiu mais de 30 pontos percentuais no período analisado: de 51,5% em 1995 para 16% em 2015. No entanto, o emprego doméstico ainda era a ocupação de 18% das mulheres negras e de 10% das mulheres brancas no Brasil em 2015. Já a renda das domésticas saltou 64% nesses 20 anos, atingindo o valor médio de R$ 739,00 em 2015. Porém, mesmo com esse crescimento, ainda estava abaixo do salário mínimo, que, à época, era de R$ 788,00. 

Trabalhadoras com carteira assinada: de 17,8% em em 1995 para a 30,4% em 2015 

O número de trabalhadoras formalizadas também aumentou: se, em 1995, 17,8% tinham carteira, em 2015 a proporção chegou a 30,4%. Mas a análise dos dados da Pnad sinalizou uma tendência de aumento na quantidade de diaristas no país. Elas eram 18,3% da categoria em 1995 e chegaram a 31,7% em 2015.







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