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07 maio 2013

Rombo da indústria chega a US$ 100 bi na balança comercial.

E alguns comentaristas econômicos na imprensa diziam que ela não precisava de ajuda.
 
O setor caiu de um superávit comercial de US$ 5,2 bilhões em 2006 para déficit de US$ 94,9 bilhões em 2012.

Em boa parte, signific a que o Brasil está vivendo um fenômeno mundial decorrente da ascensão comercial da China. A exemplo, produtos como secadores de cabelo, ferro de passar roupa  e liquidificadores praticamente já não são produzidos no Brasil. É assim no Brasil, mas é assim também nos Estados Unidos, na Alemanha e no Japão.

Ao mesmo tempo, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Eletroeletrônicos (Abinee), de janeiro a março, as empresas do setor eletroeletrônico abriram 3.350 novas vagas, o que representa um crescimento de 177% em relação ao primeiro trimestre de 2012. Com isso, o número de empregados no setor chegou a 186.320 trabalhadores. As áreas de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (GTD) e equipamentos industriais são os segmentos que mais têm contribuído para a expansão do emprego no setor eletroeletrônico.

Os dados abaixo mostram dados por setor que são elucidativos da situação econômica do setor de máquina e equipamentos (dados Abinee):

Dados do setor industrial
O faturamento da indústria elétrica e eletrônica atingiu, em 2012, o montante de R$ 144,5 bilhões, o que significa acréscimo de 5% em relação a 2011. O resultado frustrou as perspectivas iniciais, que indicavam, no final do ano passado, crescimento de 13%.
Faturamento Total por Área
(R$ milhões a preços correntes)
2010 2011 2012  2012X
 2011
  
Automação Industrial 3.237 3.725 3.920 5%
Componentes Elétricos e Eletrônicos 9.502 9.828 9.755 -1%
Equipamentos Industriais 18.754 22.272 22.322 0%
GTD * 12.089 13.097 15.307 17%
Informática 39.864 43.561 43.561 0%
Material Elétrico de Instalação 8.909 9.654 9.019 -7%
Telecomunicações 16.714 19.901 22.811 15%
Utilidades Domésticas Eletroeletrônicas 15.307 16.102 17.841 11%
Total 124.376 138.140 144.536 5%
* GTD - Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica
Dados atualizados pela Abinee em março de 2013 .
As razões para esta diferença entre o que foi previsto e o que foi realizado estão na retração dos investimentos produtivos - atribuída à crise internacional -, e pelo consumo abaixo das expectativas dado os indicadores sociais favoráveis do início do ano. Ressalta-se que os indicadores sociais permaneceram favoráveis durante o decorrer do ano, como a taxa de desemprego, que atingiu 5,5%, em 2012, contra 6,0%, no ano anterior, e o aumento da massa salarial real, que cresceu 6,6% em 2012, tendo como referência os dados do IBGE.
Deve-se salientar que o governo vem atuando para promover o crescimento da atividade econômica, inclusive, com medidas direcionadas especialmente para o setor industrial, entre as quais se destacam:
  • Adequação das taxas de câmbio para patamares mais realistas (desvalorização média do Real em relação ao Dólar de cerca de 17% em 2012 sobre 2011);
  • Redução da taxa juros, tanto por meio da redução da taxa Selic, como pela atuação dos bancos estatais, que competiram com os privados praticando taxas significativamente mais baixas. A taxa Selic no final de 2011 que estava em 11,00% ficou em 7,25% no final de 2012;
  • Lançamento do Programa Brasil Maior, que estabeleceu uma Política Industrial com objetivos claros e métodos de gerenciamento, cujo escopo é a inovação e fortalecimento das cadeias produtivas dos setores industriais;
  • Redução dos encargos da folha de pagamento, que favoreceu a fabricação de produtos cuja receita corresponde cerca de 40% do faturamento do setor. Neste caso, o maior impacto ocorrerá no decorrer de 2013;
  • Redução dos custos do financiamento ao investimento pelo BNDES, como, por exemplo, o PSI – Programa de Sustentação do Investimento, que contempla a aquisição de máquinas e equipamentos, e cuja taxa de juros ficou em 2,5% ao ano em 2012;
  • Redução do IPI para produtos da “linha branca” e materiais de construção.
Todas estas ações foram positivas, porém, insuficientes para alavancar o crescimento industrial e, por consequência, elevar o PIB para a meta de 4% estipulada pelo governo. O crescimento da economia brasileira para 2012 foi de apenas 0,9%, com a indústria recuando 0,8%.
Também, em 2012, chamou atenção a queda da produção da indústria eletroeletrônica de 8,2%, calculada pelo IBGE. A diferença entre os crescimentos do faturamento e da produção pode ser explicada pelas importações que continuaram a ocupar o mercado interno.
A participação das importações de bens de finais no consumo aparente chegou a 21,6%, contra 21,0% em 2011. Deve-se considerar que parte das importações de produtos elétricos e eletrônicos está sendo realizada pelas próprias empresas, portanto embutidas no seu faturamento.
Diante deste quadro, verifica-se que as áreas relacionadas a bens de capital para uso industrial, Automação Industrial, que cresceu 5% e Equipamentos Industriais, que ficou estável no ano de 2012, vis a vis 2011, apresentaram resultados muito aquém da necessidade da ampliação da capacidade produtiva do País. Estes setores previam no final do ano passado crescimento de 14% e 11% respectivamente.
Quanto à Automação Industrial, parte significativa do faturamento ocorreu em função de encomendas realizadas no final de 2011, uma vez que novas encomendas foram escassas, ocorrendo, inclusive, reprogramações e cancelamentos de pedidos. Somente no final de 2012 os negócios foram retomados, devendo gerar faturamento em 2013. Sobre os Equipamentos Indústrias, a frustração do crescimento reflete efetivamente o ambiente “morno” do mercado de bens de capital durante todo este ano. Também neste caso, observa-se a retomada de encomendas no último trimestre do ano.
Além dos Equipamentos Industriais, as áreas do setor eletroeletrônico que tiveram desempenhos modestos foram Informática (0%), Material Elétrico de Instalação (-7%) e Componentes Elétricos e Eletrônicos (-1%).
O comportamento tímido de alguns setores de consumo tem sido justificado pelo elevado nível de endividamento da população, e devido às reduções do IPI de alguns produtos específicos, como, por exemplo, automóveis e produtos da “linha branca”, atraindo os consumidores para estes bens. Destaca-se que, apesar de alguns produtos da área de Material Elétrico de Instalação terem o IPI reduzido, como disjuntores e chuveiros elétricos, esta medida não foi suficiente para alavancar o crescimento desse segmento.
Quanto a Componentes Eletroeletrônicos, estes continuam com dificuldades para concorrer com os importados.
O faturamento das áreas de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica - GTD - e de Telecomunicações responderam ao crescimento dos investimentos realizados na infraestrutura de energia elétrica e de telecomunicações, respectivamente.
No caso de Telecomunicações, apesar do crescimento de 15% em 2012 comparado com 2011, o desempenho ficou muito aquém do previsto no início do ano (+35%), em parte justificado pelos investimentos das operadoras abaixo das expectativas devido às incertezas causadas pela crise internacional.
Por sua vez, os investimentos em importantes obras de geração e transmissão de energia elétrica têm alimentado a carteira de pedidos dos fabricantes de equipamentos, motivo de crescimento do faturamento na área de GTD nos últimos anos. No entanto, os investimentos em distribuição de energia elétrica não têm acompanhado esta evolução.

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