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31 outubro 2012

Jornal, o fim de uma concepção

O fechamento do Jornal da Tarde, do grupo Estado de S. Paulo, nesta semana, traz novamente à tona o debate sobre o fim do jornal impresso.

Mas a oposição meio virtual X papel não explica tudo.

É possível que estejamos assistindo algo mais profundo: o fim de uma maneira de se organizar a informação.
Gilberto Maringoni*.

O fechamento do Jornal da Tarde, lançado em São Paulo em 1966, mostra que a crise da imprensa impressa chegou ao Brasil em grande estilo. Dos diários importantes, já sucumbiram a Gazeta Esportiva (1947-2001), a Gazeta Mercantil (1920-2009) e o Jornal do Brasil (1891-2010). A primeira e a última seguem na internet, com menor apelo de público. Os infaustos acontecimentos, como dizia a mídia de outros tempos, não foram motivados apenas por uma ainda incerta supremacia das plataformas virtuais em relação às de celulose, mas também por desarranjos administrativos variados.
O advento da internet suscita, há quase uma década, um debate sobre o fim do jornal impresso. Livros, reportagens e artigos têm sido produzidos, tentando dar conta da possível obsolescência do meio papel.
Abalo no mercado
As redes virtuais provocaram um abalo no mercado de comunicação muito maior que a chegada das principais novidades tecnológicas anteriores, como a máquina rotativa (1890), o rádio (1920) e a televisão (1950). Não nos esqueçamos que com a chegada do rádio, profetizava-se o fim do jornal e com a chegada da televisão, três décadas depois, falava-se na decadência do jornal, do rádio e do cinema. Nenhum deles desapareceu, mas tiveram de se readequar às novas realidades.
No caso da difusão das redes virtuais, fala-se novamente no fim das velhas mídias. Isso se dá não apenas porque a internet interfere em todas as formas anteriores de comunicação – ela é jornal, é rádio e é televisão, entre outros – mas especialmente por evidenciar a lentidão dos antigos meios e por expor suas limitações em relação à possibilidade de se segmentar e escolher a informação a ser recebida e acessá-la a qualquer momento em locais variados.
Além disso, existe a possibilidade de uma interação entre emissor e receptor de informações, criando um fluxo comunicacional de mão dupla ou de várias mãos em intercâmbios constantes. O abalo que o meio virtual provoca em outras modalidades de troca de informações ainda é incerto. Tudo indica que não será pequeno.
Está em questão não apenas o suporte papel ou a velocidade de impressão, mas uma maneira de se reunir informações de diversas procedências em um único produto, facilmente manuseável.
O jornal é não apenas um veiculador de notícias, mas um organizador e hierarquizador dessas informações, montando e apresentando cotidianamente ao leitor uma sinopse de fatos e eventos do dia anterior. Essa concepção de periódico é um produto da sociedade gerada a partir da Revolução Francesa e do Iluminismo. Não nos esqueçamos que a enciclopédia, ou seja, um compêndio sistematizado de todo o conhecimento humano acumulado até então também é fruto do Iluminismo do século XVIII. Não é exagero classificar o jornal como um subproduto da enciclopédia; uma sistematização e um empacotamento do conhecimento.
O poder da edição
A partir de meados do século XIX, o cidadão europeu, alfabetizado e de certas posses recebia seu diário pela manhã e tomava ciência não apenas dos acontecimentos mundiais, mas de recebia uma maneira de se ver o que se sucedia à sua volta.
O poder de um editor, que decidia se a manchete principal versaria sobre
política, economia, cultura ou esporte passou a ser atividade dotada de um poder formidável sobre o público e sobre o espaço público.
Editar equivale a organizar uma agenda para a opinião pública, definindo o que é principal e o que é secundário a cada momento. A tarefa de edição corresponde à ação de definir a pauta de debates de uma determinada sociedade e em determinado tempo.
O produto-síntese montado com critérios de alocação definida para cada informação chama-se jornal. Ele pode ter qualquer suporte. O jornal – escrito, radiofonizado, televisado – é uma condensação totalizante de determinada visão de mundo.
Dois tempos
Essa totalização se dá em dois tempos, um imediato e outro perene. Primeiro, ao resumir e classificar o leque de notícias a ser digerido pelo leitor, o jornal organiza prioridades. E ao ter uma trajetória longa, constante, coerente e previsível – apesar da imprevisibilidade dos fatos geradores de informações – se coloca como acompanhante de longo curso de seu leitor.
O jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, um dos mais tradicionais periódicos brasileiros, acompanha, em alguns casos, a quarta ou quinta geração de uma mesma família de assinantes. O vínculo entre produto e leitor é cotidiano e perene, a um só tempo. Esse fenômeno, que o mercado publicitário chama de fidelização do público, consolida o jornal como uma espécie de supermercado de notícias, no qual estão reunidas informações das mais variadas, que vão da política à cultura, passando pela economia, pelo noticiário internacional e por coberturas de cidades, de entretenimento, de saúde, obituário, passatempos etc. etc. Assim como em um supermercado, no qual o consumidor vai para comprar panelas e louças e, ao passar pelas gôndolas, pode levar para casa outros produtos, como alimentos, produtos de limpeza, eletrodomésticos etc., o leitor do jornal abre as páginas em busca de determinado assunto e passeia por outros que não estavam em seu foco inicial de interesse.
Assim, reiterando o mencionado anteriormente, o jornal é não apenas um produto em papel, mas uma concepção de como reunir notícias fragmentadas, ordená-las e entregá-las empacotadas para o consumidor final.
É contra essa lógica e não contra o meio papel que a internet investe.
O leitor-editor
Embora os grandes jornais, revistas, emissoras de rádio e televisão estejam todos na internet, a informação não está mais hierarquizada previamente para o internauta. Ele pode saltar de um veículo a outro, lançar mão de sites de buscas para encontrar o que deseja, filtrar os assuntos sem passar pelo que julga secundário para si e montar o jornal em sua cabeça. A internet tende a eliminar a figura do editor externo ao leitor. E a interatividade acontece não apenas pelo fato de toda publicação virtual dispor de espaço para comentários, mas porque agora o leitor também pode ser um produtor de informação, um emissor ativo e não mais um receptor do que lhe é despejado cotidianamente em telas, altofalantes e páginas.
Nesse ponto, fica a pergunta: qual o sentido da crescente fragmentação da informação? Teríamos chegado finalmente ao ideal do pósmodernismo, tão difundido a partir dos anos 1970, de que o mundo não pode ser compreendido em sua totalidade, mas apenas em seus fragmentos? Ou seja, uma vertente filosófica teria finalmente encontrado sua base material – para nos fixarmos num linguajar marxista – que seria, ironicamente, o meio virtual?
O pósmodernismo, de acordo com Perry Anderson, no livro As origens da pós-modernidade, “é a perda de legitimidade das metanarrativas”. Em suas palavras,
“a primeira” [metanarrativa], derivada da Revolução Francesa, colocava a humanidade como agente heróico de sua própria libertação através do avanço do conhecimento; a segunda, descendente do idealismo alemão, via o espírito como progressiva revelação da verdade. Esses foram os grandes mitos justificadores da modernidade" [1] .
A ambos conceitos pode-se somar o materialismo dialético. Na definição clássica de Sartre,
o marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo porque ele é a totalização do saber contemporâneo”, ele é propriamente uma filosofia porque “se constitui para dar expressão ao movimento geral da sociedade.
Repetindo: o jornal tradicional não é feito principalmente de papel, mas de uma idéia totalizante de mundo. Não é exagero dizer que uma das expressões das grandes narrativas como produto é o jornal e o conceito de imprensa construído no Ocidente a partir de 1850.
De outra parte, a idéia de que o todo não é compreendido enquanto tal, mas apenas em seus fragmentos, está na base da apreensão das informações na rede. Aqui, os fragmentos são juntados de forma individualizada por cada internauta, em infinitas combinações e ordenamentos, numa espécie de faça você mesmo informativo. Há ganhos evidentes na ação cognitiva nesses novos tempos. Cada um é seu próprio editor, cada um é um emissor.
Essa é a base objetiva da perda de legitimidade – e de mercado – do jornal tradicional. Ao supermercado informativo, contrapõe-se o mercadinho personalizado em rede global. Pick and play.
O Jornal da Tarde é mais um supermercado que fecha as portas.
NOTA
[1] Anderson, Perry, As origens da pós modernidade, Jorge Zahar Edito, Rio de Janeiro, 1999, pág 32.
* Gilberto Maringoni, jornalista e cartunista, é doutor em História pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de “A Venezuela que se inventa – poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez” (Editora Fundação Perseu Abramo). Publicado na Carta Maior, 31/10/2012.

 
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A força dos governos estaduais nas eleições municipais

Em 16 dos 26 estados do país os partidos dos governadores são os líderes em número de prefeituras conquistadas em 2012.

Dentre os outros 10 estados, em 6 os partidos dos governadores alcançaram a segunda colocação.

A máquina estadual influi mais sobre os municípios menores, enquanto as capitais tem mais independência: apenas 11 dos 26 prefeitos eleitos destas cidades tiveram apoio de seus governadores.

Vinicius Mansur, Carta Maior, 30/10/2012

Brasília - A tentativa de um olhar nacionalizado sobre as eleições municipais, apesar de extremamente válida e necessária, pode esconder a importância dos governos estaduais no processo. Um levantamento feito pela Carta Maior demonstra que em 16 dos 26 estados do país os partidos dos governadores são os líderes em número de prefeituras conquistadas em 2012.
São eles: Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima e São Paulo.
Dentre os outros 10 estados, em 6 os partidos dos governadores alcançaram a segunda colocação: Acre, Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Norte,Santa Catarina. Em outros 2, Rio Grande do Sul e Tocantins, eles ficaram em terceiro. Em Sergipe, o partido do governador Marcelo Déda (PT) ficou em quarto. Na Paraíba, o PT, do governador Ricardo Coutinho, ficou apenas em nono, apesar de ganhar a capital João Pessoa.
O levantamento não inclui o número total de candidatos que, ainda que sendo de outras siglas, venceram com o apoio do governador, dado que provavelmente ampliaria em muito o peso dos governadores.
Outro dado não levantado, que neste caso ajudaria a contrabalancear o peso da máquina estadual, seria o número de eleitores governados por partido em cada estado. Afinal, o fato de ter o maior número de prefeituras não implica necessariamente em governar o maior número de eleitores. O caso de São Paulo é emblemático. O PSDB, que governa o estado há 18 anos, conquistou 27%, ou 175, das 645 prefeituras paulistas. O PT, porém, com apenas 10,5% das prefeituras, ou 68, entre elas a capital, governará 45,21% do eleitorado.
O levantamento confirma um senso comum: a máquina estadual influi mais sobre os municípios menores, enquanto as capitais tem mais independência.
Nos 16 estados onde os partidos dos governadores alcançaram a liderança em número de prefeituras, somente em 7 capitais ganharam os candidatos do seu partido ou apoiados pelo governador: Macapá, Fortaleza, Belo Horizonte, Belém, Recife, Rio de Janeiro e Boa Vista. Nos outros 10 estados, somente em 4 os governadores conseguiram emplacar seus candidatos em capitais: Rio Branco, Maceió, João Pessoa e Florianópolis.
Também é interessante notar a capacidade de cada partido em transformar seu poder estadual em municipal. O PSB é líder em número de prefeituras em todos os 5 estados que governa. O PSDB também é líder em 5, porém governa 8. O PMDB lidera em 4 dos 5 estados que dirige. O PSD está na dianteira em 1 dos 2 estados que comanda. O DEM tem 1 estado, mas não é o líder. Já o PT é o primeiro em apenas 1 de seus 5 estados, demonstrando que, apesar do crescimento, ainda tem grandes dificuldades de se interiorizar.
Confira os16 estados onde os partidos dos governadores são líderes
Amapá
O PSB, do governador Camilo Capiberibe, não tinha nenhuma prefeitura e passou a ter 3, empatando com o PT na liderança. Após muito relutar, o partido ainda apoiou o vencedor do 2º turno da capital Macapá, Clécio Luís (PSOL). O estado tem 16 municípios apenas. Em terceiro está o PMDB com 2 prefeituras.
Amazonas
O PSD, partido do governador Omar Aziz, saiu do zero para chegar a 23 prefeituras. O partido, entretanto, apoiou a candidata do PCdoB na capital Manaus, derrotada pelos tucanos. Em segundo está o PMDB, que caiu de 24 para 18. O PDT está em terceiro com 4.
Bahia
O PT, do governador Jaques Wagner, ainda que tenha perdido o 2º turno na capital Salvador, saltou de 65 para 93 prefeituras no estado. Em segundo está o PSD, com 70, e em terceiro o PP, que saiu de 37 para 52.
Ceará
O PSB, do governador Cid Gomes, passou de 22 para 40 prefeituras, ganhando inclusive a capital Fortaleza, há 8 anos governada pelo PT, partido que tem o segundo maior número de prefeituras no estado: passou de 14 para 30. O PSD vem em terceiro com 27.
Espírito Santo
O PSB, do governador Renato Casagrande, passou de 13 para 23 prefeituras. O partido, porém, apoiou a candidata petista na capital Vitória que sequer avançou ao 2º turno. A ilha será governada pelo PPS. O PMDB está em segundo, caindo de 22 para 14. O PDT vem em terceiro, passando de 3 para 8.
Maranhão
O PMDB, da governadora Roseana Sarney, pulou de 16 para 47 prefeituras. A capital São Luiz, entretanto, foi ganha pelo PTC, sem apoio do PMDB. Em segundo vem o PRB, que passou de 10 para 24. Em terceiro, o PV, com 20 prefeituras, uma a mais do que em 2008.
Mato Grosso do Sul
O PMDB, do governador André Puccinelli, caiu de 27 para 23 prefeituras, mas segue na liderança no estado. Em seguida, PSDB e PT aparecem com 12 prefeituras, sendo que na eleição passada os tucanos tinha alcançado 11 e os petistas 10. Na disputa da capital Campo Grande, entretanto, o PMDB foi derrotado pelo PP.
Minas Gerais
O PSDB, que governa o estado de forma ininterrupta desde 2003, ganhou 142 prefeituras, 15 a menos do que as 157 conquistadas em 2008. O PMDB passou de 118 para 119. Em terceiro está o PT, que saiu de 109 para 115. O PSB triunfou na capital Belo Horizonte com o apoio dos PSDB.
Pará
O PSDB, do governador Simão Jatene, saltou de 12 prefeituras em 2008 para 32 em 2012, incluindo a capital Belém. O PMDB caiu de 39 para 28, mas está em segundo lugar. O PT baixou de 27 para 24 e está em terceiro.
Paraná
O PSDB, do governador Beto Richa, passou de 40 para 76 prefeituras. A capital Curitiba, entretanto, foi ganha pelo PDT (um ex-tucano, Gustavo Fruet), sem o apoio do PSDB. O PMDB está em segundo, mesmo com a queda vertiginosa de 136 para 56. O PT vem em seguida, passando de 32 para 40.
Pernambuco
O PSB, do governador Eduardo Campos, passou de 47 para 58 prefeituras, incluindo a capital Recife. O PTB caiu de 31 para 25, mas é o segundo partido no ranking. O PSD vem logo após, com 21.
Piauí
O PSB, do governador Wilson Martins, pulou de 38 para 53 prefeituras. O partido, entretanto, apoiou o candidato derrotado pelo PSDB na capital Teresina. O PTB é o segundo partido com mais prefeituras, mesmo caindo de 72 para 41. O PMDB é o terceiro, baixando de 35 para 25.
Rio de Janeiro
O PMDB, do governador Sérgio Cabral, é o líder, ainda que tenha diminuído seu controle de 35 para 22 prefeituras. O partido ganhou também a capital. O PT é o segundo, crescendo de 7 para 10. O PP é o terceiro, caindo de 14 para 8.
Rondônia
O PMDB, do governador Confúcio Moura, passou de 12 a 15 prefeituras sob seu comando. Em seguida vem o PP, que pulou de 2 para 8, e o PT, que passou de 3 para 6. A capital Porto Velho foi vencida pelo PSB sem o apoio do PMDB.
Roraima
Apesar da queda de 8 para 4 prefeituras, o PSDB, do governador José de Anchieta Júnior, é o partido com mais governos municipais no estado. O PR é o segundo, ampliando de 2 para 3, e o PMDB o terceiro, passando de 1 para 2. Roraima tem apenas 15 municípios. A capital Boa Vista foi ganha pelo PMDB com apoio do PSDB.
São Paulo
O PSDB, que governa o estado a 18 anos, se mantém em primeiro, apesar da queda de 202 para 175 prefeituras. Em segundo está o PMDB, que subiu de 68 para 90, e em terceiro o PT, que passou de 60 para 68, incluindo aí capital do estado.
10 estados onde os partidos dos governadores não preponderam
Acre
O PT tem 4 mandatos de governador consecutivos, porém perdeu a hegemonia em número de prefeituras. De 11, em 2008, passou para 5 em 2012, ficando em segundo no estado, atrás do PSDB, que lidera 6 das 22 prefeituras. Em terceiro vem o PMDB com 4. O PT, entretanto, manteve o controle da capital Rio Branco.
Alagoas
O PSDB, partido do governador Teotônio Vilela, passou de 13 para 19 prefeituras, ficando atrás apenas do PMDB, que passou de 19 para 25. Entretanto, o PSDB ganhou a capital Maceió. O PP vem em terceiro, caindo de 22 para 15. Já o PSD, que não tinha nenhuma, tem 8.
Goiás
O PSDB, do governador Marconi Perillo, manteve exatamente o número de prefeituras conquistadas no pleito anterior: 52. Os tucanos perdem, por pouco, para o PMDB, que mantém a liderança mesmo caindo de 59 para 57 prefeituras. Em terceiro vem o PSD, com 21. O desempenho do PSDB é considerável, tratando-se do principal governador afetado pelo escândalo Cachoeira. Na capital Goiânia, entretanto, a vitória foi do PT.
Mato Grosso
O PMDB, partido do governador Silval Barbosa, é o segundo no ranking de prefeituras, mas apresentou um crescimento de 21 para 29. Quem lidera é o PSD, com 39. Em terceiro está o PR, que caiu de 32 para 14. Na prática, entretanto, os 3 partidos estão alinhados ao comando do senador Blairo Maggi (PR). Barbosa era vice do ruralista e já considerado maior produtor de soja do mundo, que deixou o governo em 2010 para se candidatar ao Senado. Maggi tem relação íntima com o PSD, partido que congrega grande parte dos representantes do agronegócio e tem como líder a senadora Kátia Abreu, e os rumores sobre sua ida para o partido são constantes. O controle da capital Cuiabá ficou com o PSB, que foi apoiado pelo PR.
Paraíba
O PT ganhou apenas 5 prefeituras, perdendo uma com relação as conquistas de 2008. Porém, elegeu o prefeito da capital João Pessoa. Na liderança estão o PMDB, que se manteve com 58, em segundo está o PSB, que passou de 11 para 35. O PSDB é o terceiro, mesmo tendo caído de 41 para 28.
Rio Grande do Norte
A única governadora do DEM no Brasil, Rosalba Ciarlini, não conseguiu emplacar a liderança nas prefeituras do estado, mas seu partido é o segundo, passando a controlar 24 municípios, ante os 17 conquistados na eleição anterior. A capital foi ganha pelo PDT sem o apoio do DEM. Em primeiro vem o PMDB, que subiu de 37 para 50. Em terceiro está o PSD, com 21.
Rio Grande do Sul
O PT, do governador Tarso Genro, é o terceiro partido em número de prefeituras, passando de 61 para 72. Em primeiro vem o PP, que caiu de 146 para 136, e em segundo está o PMDB, que caiu de 143 para 132. A capital Porto Alegre foi ganha pelo PDT sem o apoio do PT.
Santa Catarina
O PSD, do governador Raimundo Colombo, é o segundo partido com mais prefeituras: 54, incluindo a capital Florianópolis. Em primeiro vem o PMDB, que caiu de 109 para 106, e, em terceiro, o PP, que caiu de 56 para 46.
Sergipe
O PT, do governador Marcelo Déda, é apenas o 4º partido em número de prefeituras, continuando com 7, assim como em 2008. Em primeiro vem o
PSD, com 12. Em segundo o PSC, que subiu de 8 para 11. Em terceiro o PSB, que caiu de 11 para 10. A capital Aracajú foi ganha pelo opositor DEM.
Tocantins
O PSDB, do governador Siqueira Campos, é a terceira força do estado, passando de 16 para 20 prefeituras. Em primeiro vem o PSD, com 31, e em segundo o PMDB, que caiu de 38 para 24. A capital foi ganha pelo PP sem o apoio do PSDB.

 

 

30 outubro 2012

E agora, Márcio Pochmann?

A disputa em Campinas virou uma página não só da história pessoal do candidato a prefeito, mas do PT de Campinas.

Leia a matéria e a entrevista com Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA e candidato do PT que disputou o segundo turno em Campinas.

Pochmann é visto como o homem que virou a página do PT local



O candidato derrotado Marcio Pochmann, do PT, foi recebido no comitê eleitoral do partido, no bairro Castelo, por cerca de 200 militantes que entoaram o refrão: “Oh, Marcio, cê pode crer, recuperou o nosso orgulho do PT (sic)”. A frase dita em coro reflete o momento pelo qual passa o partido, segundo o próprio candidato e lideranças políticas, sobre o resgate da força da sigla na cidade, considerada perdida desde o governo de Izalene Tiene (2001-2004). De março até agora, cerca de 650 pessoas se filiaram ao PT. O número total chega a 5 mil filiados.



Diante da derrota nas urnas, o partido assumirá a postura de oposição ao governo do futuro prefeito Jonas Donizette (PSB) na Câmara — o PT conseguiu eleger quatro vereadores — e se articulará para evitar um racha na bancada, como ocorreu no último mandato.

Pochmann chegou no comitê por volta das 19h junto com a vice, Adriana Flosi, pouco antes de 100% das urnas estarem apuradas. Ele acompanhou o processo em sua casa. Discursou aos militantes e estava um pouco emocionado. No caminho, telefonou para Jonas e afirmou ter dito que o PT assumirá papel de fiscalizador de seu governo e de suas propostas feitas durante a campanha.

Logo após o resultado da pesquisa boca de urna, do Ibope/EPTV, o clima no comitê era de derrota. Aos poucos, o local encheu de petistas que demonstraram apoio ao candidato, mas poucos políticos apareceram.

Pochmann disse que não se sente derrotado diante de sua projeção durante a campanha — ele começou com 1% nas primeiras pesquisas — e acredita no resgate do PT campineiro. “Se observarmos como nós começamos e como nós saímos dessa eleição, não pode dizer que é uma derrota, nós saímos mais ampliados dos que éramos.”
Desconhecido na cidade e candidato pela primeira vez, sua candidatura mobilizou lideranças nacionais, o que contribuiu para o resgate da militância que trabalhou principalmente na campanha de rua.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que indicou seu nome para a disputa, a presidente da República, Dilma Rousseff, ministros e políticos nacionais subiram no palanque para anunciar o apoio ao petista. No entanto, um “passado negro” do PT com o governo Izalene, mal avaliado pela população, e a presença na sua campanha de pessoas ligadas à ex-prefeita pode ter sido mais forte do que os apoios que recebeu e os projetos apresentados. “Ainda é preciso avaliar melhor, ainda é muito cedo para dizer se erramos.”

O presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes, disse que a candidatura de Pochmann serviu para virar a página da história do partido na cidade. Uma página, segundo ele, que começou com o assassinato do prefeito Antonio da Costa Santos (PT), em 2001, e prosseguiu com as divergências internas do partido que, segundo ele, resultaram em dificuldades no governo de Izalene. “Mas acho que nós fomos muito além do que, politicamente, esperávamos. A militância está com a moral em alta.” Fernandes disse que é preciso assumir os erros do PT no passado, mas virar, definitivamente, a página.


Câmara
 Nos próximos dias serão realizadas reuniões para tratar da postura que será adotada pelos vereadores eleitos para ocupar uma vaga na Câmara no próximo mandato. O PT quer fortalecer a bancada de oposição e impedir que haja um racha no partido. “Temos uma postura de um projeto político, mas criticamos o projeto do governo do Estado, que passará a ser o projeto político do futuro prefeito”, disse Fernandes, referindo-se à coligação de Jonas com PSDB, que compõe sua chapa com a vaga de vice. As conversas serão feitas também com os partidos coligados para reforçar a oposição ao futuro governo.

Entrevista
 Pochmann diz que não vai abandonar o papel de político
 Correio Popular — O senhor está decepcionado?
 Marcio Pochmann — Eu estou orgulhoso. Em primeiro lugar, como cidadão por ter essa experiência de participar de um processo eleitoral. Em segundo, de ter participado de um segundo turno. Campinas teve a presença de grandes personalidades nacionais. Campinas se apresentou para o Brasil de uma forma diferente. Saio tranquilo e feliz. Foi uma campanha alegre. Temos aqui, em um momento de resultado, a militância presente, muito senhora de si, muito diferente de quando nós começamos a campanha.


Depois dessa primeira experiência, pretende uma nova candidatura?
 Eu, possivelmente, volto para a universidade (Unicamp, onde é professor de Economia) porque eu tenho uma opção profissional. Obviamente, não vou abandonar a política, tenho um papel de cidadão e ao mesmo tempo uma contribuição que espero dar para que Campinas seja uma cidade melhor do que temos atualmente.


A aliança com o PDT e o governo Izalene contribuíram para sua derrota?
 Jonas nos atacou em relação ao passado. Desde o início, eu disse que é necessário virar uma página da história do PT de Campinas, para que a gente pudesse construir uma nova página, que está aberta e precisa ser escrita. Não acho que se escreva uma história com o passado, que precisa ser analisado. Se houve erros, eles não podem ser repetidos.


Os ataques por parte do PT no segundo turno podem ter prejudicado?
 Eu discordo. O Jonas foi muito mais agressivo do que nós. A novidade das questões que nós trouxemos contra ele foi muito mais em relação ao trabalho infantil. Em relação à privatização da saúde, em relação à participação dele no PSDB, tudo isso nós havíamos feito no primeiro turno. Eu não entendo que possa ser essa explicação por nós não termos a maior parte dos votos. Nós fomos exitosos, nós saímos de 28% para uma coisa acima de 48%, nosso crescimento foi acima de 50%. O Jonas cresceu 25%. Nós fomos felizes nesse resultado.


O senhor era presidente do Ipea. Volta para o governo federal?
 Imediatamente, vou assumir minhas funções na universidade. Não vou abandonar o papel político que essa candidatura me abriu. Vou ver o melhor encaminhamento, ter uma conversa dentro do partido.




Fonte: Correio Popular.
 

29 outubro 2012

Cartilha para prefeitos em fim de mandato

Para que a massiva troca de governantes não coloque em risco a continuidade dos programas e serviços publicos nos municípios, o Governo Federal elaborou a cartilha “Orientações para o Gestor Municipal: Encerramento de Mandato”.

Para fazer o download da cartilha “Orientações para o Gestor Municipal: Encerramento de Mandato”, clique aqui.

Os eleitos

Confira quem ganhou e quem perdeu neste segundo turno das eleições municipais.

CAPITAIS

São Paulo (SP)
Fernando Haddad (PT) – 55,65% – eleito
José Serra (PSDB) – 44,35%

Salvador (BA)
ACM Neto (DEM) – 53,66% – eleito
Pelegrino (PT) – 46,36%

Fortaleza (CE)
Roberto Cláudio (PSB) – 53,02% – eleito
Elmano (PT) – 46,98%

Manaus (AM)
Artur Neto (PSDB) – 65,95% – eleito
Vanessa Grazziotin (PCdoB) – 34,05%

Natal (RN)
Carlos Eduardo (PDT) – 58,31% – eleito
Hermano Moraes (PMDB) – 41,69%

São Luís (MA)
Edivaldo Holanda Júnior (PTC) – 56,13% – eleito
Castelo (PSDB) – 43,87%

Belém (PA)
Zenaldo Coutinho (PSDB) – 56,61% – eleito
Edmilson Rodrigues (Psol) – 43,39%

Curitiba (PR)
Gustavo Fruet (PDT) – 60,65% – eleito
Ratinho Junior (PSC) – 39,35%

Florianópolis (SC)
Cesar Souza Júnior (PSD) – 52,64% – eleito
Gean Loureiro (PMDB) – 47,36%

Vitória (ES)
Luciano Rezende (PPS) – 52,73%  – eleito
Luiz Paulo (PSDB) – 47,27%

Campo Grande (MS)
Alcides Bernal (PP) – 62,55%
Giroto (PMDB) – 37,45%

Teresina (PI)
Firmino Filho (PSDB) – 51,54% – eleito
Elmano Férrer (PTB) – 48,46%

João Pessoa (PB)
Luciano Cartaxo (PT) – 68,13% – eleito
Cicero Lucena (PSDB) – 31,87%

Cuiabá (MT)
Mauro Mendes (PSB) – 54,65% – eleito
Lúdio (PT) – 45,35%

Porto Velho (RO)
Dr. Mauro Nazif (PSB) – 63,03% – eleito
Lindomar Garçon (PV) – 36,97%

Macapá (AP)
Clécio (Psol) – 50,59%  - eleito
Roberto (PDT) – 49,41%

Rio Branco (AC)
Marcus Alexandre (PT) – 50,77% – eleito
Tião Bocalom (PSDB) – 49,23%

DEMAIS MUNICÍPIOS

Nordeste

Campina Grande (PB)
Romero Rodrigues (PSDB) – 59,14% – eleito
Tatiana (PMDB) – 40,86%

Vitória da Conquista (BA)
Guilherme (PT) – 56,35% – reeleito
Herzem Gusmão (PMDB) – 43,65%

Sudeste

Cariacica (ES)
Juninhi (PPS) – 85,43%  – eleito
Marcelo Santos (PMDB) – 14,57%

Vila Velha (ES)
Rodney Miranda (DEM) – 55,63%
Neucimar (PR) – 44,37%

Belford Roxo (RJ)
Dennis DAuttmam (PCdoB) – 61,46% – eleito
Waguinho (PRTB) – 38,54%

Duque de Caxias (RJ)
Alexandre Cardoso (PSB) – 51,52% – eleito
Washington Reis (PMDB) – 48,48%

Niterói (RJ)
Rodrigo Neves (PT) – 52,55% – eleito
Felipe (PDT) – 47,45%

Nova Iguaçu (RJ)
Nelson Bornier (PMDB) – 55,30% – eleito
Sheila Gama (PDT) – 44,70%

Petrópolis (RJ)
Rubens Bomtempo (PSB) – 56,05%
Bernado Rossi (PMDB) – 43,95%

São Gonçalo (RJ)
Neilton Mulim (PR) – 56,78% – eleito
Adolfo Konder – PDT) – 43,22%

Volta Redonda (RJ)
Neto (PMDB) – 55,15% – reeleito
Zoinho (PR) – 44,85%

Campinas (SP)
Jonas Donizette (PSB) – 57,69% – eleito
Marcio Pochmann (PT) – 42,31%

Sorocaba (SP)
Pannuzio (PSDB) – 51,04% – eleito
Renato Amary (PMDB) – 48,96%

Diadema (SP)
Lauro Michels (PV) – 60,15% – eleito
Mario Reali (PT) – 39,85%

Franca (SP)
Alexandre (PSDB) – 57,98% – eleito
Delegada Graciela (PP) – 42,02%

Guarujá (SP)
Antonieta (PMDB) – 64,25% – reeleita
Farid Madi (PDT) – 35,75%

Guarulhos (SP)
Almeida (PT) – 60,59% – reeleito
Carlos Roberto (PSDB) –  39,41%

Jundiaí (SP)
Pedro Bigardi (PCdoB) – 65,57% – eleito
Luiz Fernando Machado (PSDB) – 34,43%

Mauá (SP)
Donisete Braga (PT) – 57,14% – eleito
Vanessa Damo (PMDB) – 42,86%

Ribeirão Preto (SP)
Dárcy Vera (PSD) – 51,97% – reeleito
Nogueira (PSDB) – 48,03%

Santo André (SP)
Carlos Grana (PT) – 53,92% – eleito
Dr. Aidan Ravin (PTB) – 46,08%

Taubaté (SP)
Ortiz Junior (PSDB) – 62,92% – eleito
Isaac do Carmo (PT) – 37,08%

Juiz de Fora (MG)
Bruno Siqueira (PMDB) – 57,16% – eleito
Margarida Salomão (Pt) – 42,84%

Contagem (MG)
Carlin Moura (PCdoB) – 66,27% – eleito
Durval (PT) – 33,73%

Montes Claros (MG)
Ruy Muniz (PRB) – 56,15%
Paulo Guedes (PT) – 43,85%

Uberaba (MG)
Paulo Piau (PMDB) – 51,36% – eleito
Lerin (PSB) – 48,64%

Sul

Blumenau (SC)
Napoleão Bernardes (PSDB) – 70,70% – eleito
Jean Kuhlmann (PSD) – 29,30%

Joinville (SC)
Udo Dohler (PMDB) – 54,65% – eleito
Kennedy (PSD) – 45,35%

Cascavel (PR)
Edgar Bueno (PDT) – 55,56% – reeleito
Professor Lemos (PT) – 44,44%

Londrina (PR)
Alexandre Kireeff (PSD) – 50,53% – eleito
Marcelo Belinati (PP) – 49,47%

Maringá (PR)
Pupin (PP) – 53% – eleito
Enio Verri (PT) – 47%

Ponta Grossa (PR)
Marcelo Rangel (PPS) – 50,48% – eleito
Pericles (PT) – 49,52%

Pelotas (RS)
Eduardo Leite (PSDB) – 57,15% – eleito
Marroni (PT) – 42,85%

Fonte: Congresso em Foco, com base nos resultados divulgados pelo TSE.
 

28 outubro 2012

O que os soldados costumavam ouvir na II Guerra

Além de tiros, bombas, gritos e do barulho dos aviões.



Há 70 anos, Hermann Göering chamou a II Guerra de "a guerra das raças".

Os russos travam a lendária batalha de Stalingrado contra o exército nazista.

Os Estados Unidos enfrentavam a batalha de Guadalcanal, estratégica para a vitória contra os japoneses.

Os ucranianos, escravizados pelos nazistas, estavam morrendo de fome.

Os judeus, homossexuais, comunistas e ciganos estavam sendo exterminados em campos de concentração.

Uma rádio inglesa se dedica à memória daqueles anos que mudaram a história, a geografia e a vida de milhões de pessoas.

Tell Them Radio (Rádio "Conte pra eles"):

"Promoting remembrance through education and commemoration to ensure the present younger generation never forget the sacrifices made by past generations".

http://www.tellthemradio.com/

ou em Tell Them Radio.

As músicas são entremeadas por transmissões feitas durante a II Guerra para os soldados e a população civil britânica.

Os soldados dos Estados Unidos eram fãs das chamadas "big bands", como a  de Glenn Miller (retratada na foto acima), capitão da Força Aérea dos EUA. Miller desapareceu no Canal da Mancha, quando retornava para casa, para o Natal de 1944, quando a Guerra estava em seu final. Provavelmente, seu avião foi atingido não intencionalmente por um bombardeiro de seu próprio país.

Glenn Miller aparece sempre na rádio KCEA:
http://delicast.com/radio/big-band/KCEA

Sua história foi contada em 1954 no filme de Anthony Mann, "The Glenn Miller Story" (no Brasil, "Música e Lágrimas"), com James Stewart e June Allyson.

O melhor documentário feito até hoje sobre a II Guerra é da National Geographic:
http://www.natgeo.com.br/br/especiais/redescobrindo-a-segunda-guerra

A versão brasileira, com ótima dublagem:
http://www.youtube.com/watch?v=GeHgwfHKhZ0

PT foi o partido mais votado no 1° turno

  • Recebeu 17.188.748 votos.
  • PMDB ficou em segundo lugar no total de votos conquistados no país, com 16.665.662.
  • PSDB ficou em terceiro lugar em número de votos, com 13.842.265.  
Em número de prefeituras:

  • O PMDB conquistou o maior número de prefeituras no 1° turno, com 1.035 cidades.
  • O PSDB, ficou em segundo, com 709 prefeituras.
  • O PT  ficou em terceiro, com 648 municípios.



Terceiro colocado em número de prefeituras, PT foi o partido mais votado no primeiro turno

Ivan Richard e Iolando Lourenço, Agência Brasil, 28/10/2012 - 7h37.

Brasília - Embora tenha conquistado o maior número de prefeituras no primeiro turno das eleições deste ano, 1.035 cidades ao todo, o PMDB ficou em segundo lugar no total de votos conquistados no país, com 16.665.662, de acordo com levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O PMDB, que em 2008 havia sido o mais votado, com 18.491.822 votos, foi superado pelo PT, que recebeu 17.188.748 votos, 3,80% a mais do que os 16.534.749 obtidos nas últimas eleições municipais. Em relação ao número de prefeituras, o PT  ficou apenas em terceiro, com 648 municípios.

Neste domingo (28), eleitores de 50 cidades com mais de 200 mil votantes retornarão às urnas para escolher o prefeito. Ao todo,  31,7 milhões de eleitores estão aptos a votar em 17 capitais e 33 cidades do interior. Em 2008, os eleitores de 30 cidades do país decidiram as eleições municipais em segundo turno.

Hoje, nas capitais onde haverá segundo turno, o PSDB é o partido com maior número de candidatos - oito, seguido pelo PT, com seis, o PMDB, PSB e PDT, com três cada, e o PSOL, com dois. O PPS, PCdoB, PP, PSC, PV, DEM, PTC, PSD e PTB têm um candidato cada na disputa.

De acordo com os dados do TSE, o PSDB, segundo partido em número de prefeituras nestas eleições, com vitória em 709 cidades, ficou em terceiro lugar em número de votos, com 13.842.265. O número corresponde a 5,02% a menos do que o partido havia conquistado em 2008, quando recebeu 14.537.570 votos. A diferença ocorre porque o PT  obteve votações expressivas em grandes centros, como São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Salvador, Belo Horizonte e Fortaleza.

Sexto partido em número de votos nas eleições municipais de 2008, o PSB saltou para a quarta posição este ano no ranking dos 29 partidos que disputaram as eleições municipais. Enquanto há quatro anos a legenda havia recebido 5.672.073 votos, neste pleito obteve, no primeiro turno, 8.600.892, um crescimento de 34,05%, o maior índice entre os partidos que disputaram as eleições de 2008 e deste ano. Em número de prefeituras, o partido ficou em sexto lugar, com 422 municípios.

Em quinto lugar em número de votos ficou o PDT. O partido, sétimo em número de prefeituras conquistadas (316), teve 6.248.481, crescimento de 2,34% na comparação com a votação recebida há quatro anos, de 6.102.407 votos.

O PSD, que disputou sua primeira eleição, conquistou 499 prefeituras, alcançando a quarta posição em número de municípios ganhos no primeiro turno. No ranking do número de votos, o partido ficou na sexta posição, com 5.813.451.

O PP,  quinto em número de prefeituras conquistadas, ficou na sétima posição em número de votos, com 5.379.256. O número representa queda de 14,19% frente aos 6.142.734 obtidos em 2008. 

O DEM, com redução do número de votos superior a 100% na comparação com 2008, foi o partido que mais perdeu espaço nas urnas nos últimos quatro anos. Enquanto nas últimas eleições a sigla tinha recebido 9.328.325 votos, este ano ficou com 4.529.936, na oitava colocação entre os partidos.

A sigla conquistou 276 prefeituras, mesmo número que o PR, décimo colocado em número de votos (3.766.935 votos). A queda significativa no número de votos conquistados em uma eleição ocorreu, principalmente, pela criação do PSD. Com o surgimento da nova legenda, muitos prefeitos e vereadores que eram filiados ao DEM migraram para o PSD.

Edição: Graça Adjuto

27 outubro 2012

Body and Soul, a classic jazz composition

Chu Berry (sax) and Roy Eldridge (trumpet).

#Jazz

Nobody could have ever played like them:
Chu Berry and His Little Jazz Ensemble
Musicians:Chu Berry (tenor sax), Roy Eldridge (trumpet), Clyde Hart (piano), Danny Barker (guitar), Artie Shapiro (bass), Sid Catlett (drums).Composed by Edward Heyman, Robert Sour, Frank Eyton and Johnny Green.
Recorded in New York, 11th november  1938.

Uma inflação de fiéis da balança

As dificuldades que Dilma vai enfrentar não vêm das vicissitudes do PSB, mas da profusão de legendas médias.

O PMDB continua a ostentar o título de partido com o maior número de municípios, mas já começa a ser acossado em sua condição de fiel da balança.






Uma inflação de fiéis da balança

Maria Cristina Fernandes *


Em 2000 as legendas aliadas ao governo Fernando Henrique Cardoso somaram 60% dos votos válidos no primeiro turno. Doze anos depois, os aliados da presidente Dilma Rousseff ultrapassaram os 70% dos votos.

O sucesso dos partidos governistas sob a égide tucana não foram suficientes para manter o PSDB na Presidência da República em 2002. Por mais retumbante que pareça, o desempenho dos aliados petistas este ano também não é garantia da reeleição presidencial em 2014.

São fartas as evidências de que o eleitor da disputa municipal não se subordina às estratégias eleitorais das lideranças partidárias.

Frente aos projetos de poder das legendas - e, contrariando o veredito da toga, todos o têm senão não seriam partidos - há o eleitor que, cada vez mais escolarizado, faz escolhas com crescente independência em relação a caciques políticos de todas as colorações partidárias.

O que eleições municipais revelam é a estruturação das máquinas partidárias para a conquista do voto. Um dos dados mais eloquentes da força dessas máquinas é a eficácia com que convertem candidato lançado em prefeito eleito.

Nas contas de Wanderley Guilherme dos Santos, que coleciona esses dados desde 1946, o PSB foi, de fato, aquele cuja eficácia eleitoral mais cresceu este ano.

Mesmo que o segundo turno lhe seja favorável, a eficácia eleitoral do PSB, no entanto, ainda não foi capaz de dar ao partido uma presença homogênea no país. O partido de Eduardo Campos mantém-se concentrado no Nordeste. Fora da região, elegeu mais de 10% dos municípios apenas em Amapá, Tocantins e Espírito Santo.

As dificuldades que Dilma vai enfrentar, no entanto, não vêm das vicissitudes do PSB, mas da profusão de legendas médias.

O PMDB continua a ostentar o título de partido com o maior número de municípios, mas já começa a ser acossado em sua condição de fiel da balança.

Em 1988, primeira eleição de todos os municípios pós-redemocratização, apenas cinco partidos elegeram mais de 5% dos prefeitos (PMDB, PP, PTB, PFL e PL). Este ano, ainda sem contar o segundo turno, oito legendas já ostentam essa condição (PMDB, PSDB, PT, PSD, PSB, PP, PDT e PTB).

Cada vez mais a aliança com o PMDB é necessária mas não suficiente para os projetos reeleitorais do PT.

Dez partidos já têm mais de 250 prefeituras no país

Ao final deste segundo turno o PT deve se firmar como a única legenda que, além de crescimento contínuo, tem distribuição nacional e presença em pequenos, médios e grandes municípios.

Isso o define como um pólos da disputa nacional, mas não o único. Além de assegurar os pemedebistas, a presidente ainda tem que se ver com a inflação de partidos médios pelo país.

Seu partido e o PMDB formam a única dupla da política nacional com prefeitos em todos os Estados da Federação. Mas a emergência das legendas médias traz o risco de estas passarem a ser fiéis da balança de outros projetos presidenciais. Dos resultados que se concluem neste domingo estes são o de maior valia para 2014.

Vinte anos atrás, ao disputar a terceira eleição de sua história, o PT fez planos de passar de 38 para 200 prefeitos. Calcou suas campanhas na onda do impeachment de Fernando Collor de Mello que havia tomado o país naquele ano de 1992. O partido cresceu mas chegou a um quarto da meta que havia traçado com a eleição de 54 prefeitos.

Se o impeachment, movimento que levou multidões às ruas, não pôde ser capitalizado eleitoralmente, que dirá o mensalão.

A aposta excessiva no julgamento pode explicar o desempenho do PSDB cuja curva de declínio nem o sucesso de 100% nos municípios que disputa nesse segundo turno será capaz de reverter.

Apesar da queda, o PSDB mantém-se como a segunda força municipal a despeito de estar há dez anos fora do poder. É um feito mais do que suficiente para analistas como Fernando Limongi não verem ameaça a sua condição de principal polo de oposição em 2014.

Petistas costumavam atribuir a implantação do segundo turno eleitoral à reação conservadora contra sua chegada ao poder. Viam na maioria arregimentada maquinação contra a perspectiva do partido mudancista chegar ao poder.

Acrescente-se ao petismo o vezo de se resumir a política nacional ao território paulistano e a tese estava pronta. Houvesse segundo turno, Luiza Erundina não teria sido eleita prefeita de São Paulo.

Passaram-se 20 anos desde a primeira eleição municipal em dois turnos. Pela lente paulistana, vê-se agora um segundo turno com chances de evitar que o candidato vitorioso na primeira rodada, mas rejeitado pela maioria, seja eleito prefeito da maior cidade do país. Talvez haja mesmo avanços onde alguns só enxergam conspiração.

* Maria Cristina Fernandes é editora de Política do Valor Econômico. Artigo publicado em 26/10/2012.
 

26 outubro 2012

BRASIL DESPUÉS DE LULA: ¿MÁS DE LO MISMO?

El tema de mayor destaque en 2010 fueron las elecciones presidenciales. El éxito de la coalición liderada por el PT debe ser comprendido en un contexto de evaluación positiva del gobierno anterior y de optimismo con respecto al futuro.
El análisis del primer año de gestión de Dilma Rousseff muestra que el nuevo gobierno se ha caracterizado más por la continuidad que por la innovación, tanto en términos de los actores que participan del gobierno como en términos de políticas públicas. Este texto argumenta que dicha continuidad es producto de una clara estrategia presidencial, pero también es fruto de un complejo escenario económico y político que dificultó que se hicieran cambios más profundos en 2011. 

"The most prominent issue in Brazilian politics in 2010 was the Presidential election. The sucess of the PT-led coalition should be understood in the context of a positive evaluation of the outgoing administration, and of optimism with respect to the future. The analysis of the first year of Dilma Rousseff's government shows that it has been characterized more by continuity than by innovation, both in terms of the actors that participate in it as well as in terms of the contents of public policies. This article argues that this continuity has resulted not only from a clear Presidential strategy, but also from a complex economic and political scenario, which has made it harder to implement big changes in 2011". Key words: Brazil, elections, political parties, presidentialism, Executive-Legislative relations.
VON BULOW, MARISA; LASSANCE, ANTONIO. Brazil after Lula: more of the same?.Rev. cienc. polít. (Santiago),  Santiago,  v. 32,  n. 1,   2012 .   Available from <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-090X2012000100003&lng=en&nrm=iso>. 
Leia no Scielo.


Baixe em pdf.






25 outubro 2012

Los 12 millones de votos hispanos que se quedan sin usar

 

24 outubro 2012

Los estadounidenses que perdieron su derecho a votar

La organización The Sentencing Project calcula que uno de cada 40 estadounidenses están privados de su derecho al voto por haber sido condenados por un delito grave. En el caso de los afroamericanos se trata de uno de cada 13.
 
BBC Mundo, Lunes, 22 de octubre de 2012 
 

Por más de tres décadas, Hasan Zarif no pudo votar en elecciones en Estados Unidos.
Durante 16 años, Zarif estuvo preso cumpliendo una cadena perpetua por asesinato en primer grado.
Fue liberado por su buena conducta en 1989, pero el estado de Virginia automáticamente quita el derecho al voto a los criminales, incluso después de salir de prisión y de dejar de estar bajo libertad condicional.
Aunque las leyes varían, en total 11 estados ponen condicionantes para el voto de expresidiarios.
En 2007, el entonces gobernador de Virginia, Tim Kaine, restableció los derechos civiles de Zarif, permitiéndole votar y presentarse a cargos públicos, en reconocimiento por sus esfuerzos como pastor ayudando en la rehabilitación de otras personas.
La organización The Sentencing Project calcula que uno de cada 40 estadounidenses están privados de su derecho al voto por haber sido condenados por un delito grave. En el caso de los afroamericanos se trata de uno de cada 13.

 
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23 outubro 2012

Excluded from the presidential debates, ignored by the US media

Why are third party candidates being sidelined?

   
   
US voters: Not spoilt for choiceExcluded from the presidential debates, ignored by the US media - why are third party candidates being sidelined?
 
Source: Al Jazeera in English. Inside Story US 2012 Last Modified: 20 Oct 2012 13:27

How can US voters make an informed choice for president when most are not even aware who is on the ballot?

While they may be running for the presidency of the US, most Americans would not recognise many of the so-called third party candidates representing the Libertarian and Green Parties running in this year's presidential election.

Routinely ignored by both of the two dominant parties and the US media, they nevertheless appear on enough ballots to win - in theory - the all-important 270 electoral college votes needed to become president.

And there are many more presidential candidates who also appear on many ballots around the US.

However, in the country that is often claimed to be the greatest democracy in the world, they are all excluded from all of the televised presidential debates.

This week, Green Party candidate, Jill Stein, along with her running mate, Cheri Honkala, were arrested while protesting their exclusion outside Hofstra University - the location of the second debate between Barack Obama and Mitt Romney.

It has become clear over the course of the election campaign that from the deficit to foreign policy, Obama and Romney share the same fundamental ideological framework. So, what sort of choice are US voters being given as they vote in November?

The Commission on Presidential Debates has established three conditions that determine who gets to participate in debates.

First, the candidate must be constitutionally eligible - at least 35 years old, a natural born citizen and a 14-year US resident.

Then there is ballot access: The candidate's name must appear on enough state ballots to have a chance at the presidency.

    The Libertarian party's candidate Gary Johnson will be on the ballot in 48 states as well as the district of Columbia, all but Oklahoma and Michigan
    The Green Party candidate, Jill Stein is on the ballot in 37 states and DC
    The Constitution Party's Virgil Goode is on the ballot in 26 states and DC
    Rocky Anderson of the Justice Party is on the ballot in 15 states and DC.

Finally, there is electoral support: the candidate must show that he or she can garner at least 15 per cent of the electorate. According to the CPD, this is determined by an average of five national organisations, using data obtained near the time of the debate.

A poll conducted at the beginning of this year, found that:

    Nearly half of Americans believe it is time for the creation of a major third party
    68 per cent of those surveyed said they would definitely vote for or consider voting for a third party candidate that they agreed with on most issues
    Only 28 per cent said they definitely would not consider voting for a third party candidate

So why are third parties excluded from the official presidential debates and mainstream coverage?

To discuss this on Inside Story US 2012, presenter Shihab Rattansi is joined by guests: George Farrah, the executive director of Open Debates, a non-profit organisation working to reform the presidential debates; David Swanson, a former press secretary for the Dennis Kucinich 2004 presidential campaign; and Christina Tobin, the founder and chair of the Free and Equal Elections Foundation.

"All of these things (healthcare, job creation, downsizing the military) are things that the American public is clamouring for and this is exactly why the Democrat and Republican parties feel they must control the microphone because the American public is already there. If they learn that they actually have a candidate that supports these solutions that people desperately need right now – all bets are off of what that impact might be on this election and beyond this election."

Jill Stein, Green Party


 #US media largely ignore third party candidates in the #US2012 elections?


 
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22 outubro 2012

Infográfico com as novas regras do Código Florestal


O novo Código Florestal traz dois grupos de ordenamento, um de caráter permanente, para propriedades ainda não exploradas ou desmatadas conforme a legislação ambiental. O outro vale para os agricultores que desmataram até 2008 e terão agora a possibilidade de recompor em faixas menores do que os previstos nas regras permanentes.

Veja os pontos principais de cada grupo.

Agência Senado
 
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Comunicação institucional e incentivo à participação pública

Apresentação feita no Seminário de Planejamento Estratégico da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL+15.

Outubro de 2012







21 outubro 2012

All the exuberance of a trumpet

Roy Eldridge:

#Jazz

Roy Eldridge (tp) Scoops Carey, Joe Eldridge (as) Dave Young (ts) Teddy Cole (p) John Collins (g) Truck Parham (b) Zutty Singleton (d) Gladys Palmer (vo).

Recorded in Chicago, Illinois, January 28, 1937.

Sources: Youtube, Archive.org and JazzDisco.org

Frente de Esculacho Popular (FEP)

"Esse foi o segundo esculacho que fizemos para lembrar a memória dos militantes da ditadura militar. Distribuímos uma cartinha para os moradores do bairro, alertando que tinham como vizinho um torturador da ditadura militar".
Paula Sacchetta, da FEP.
 

Cerca de 80 pessoas fizeram ontem um protesto em frente à casa do militar reformado Homero César Machado, citado pela presidente Dilma Rousseff, numa entrevista em 2003, como um dos oficiais que dirigiam as sessões de tortura que ela sofreu durante a ditadura. A manifestação, organizada pela Frente de Esculacho Popular (FEP), contou com a presença de filhos de presos políticos da ditadura militar.

- Esse foi o segundo esculacho que fizemos para lembrar a memória dos militantes da ditadura militar. Distribuímos uma cartinha para os moradores do bairro, alertando que tinham como vizinho um torturador da ditadura militar - disse Paula Sacchetta, uma das integrantes da frente.
cartas aos moradores
Os manifestantes espalharam 1.200 cartazes no bairro Vila Mariana, onde mora Machado. De manhã, o grupo se encontrou na Avenida Paulista e fez uma breve passeata, carregando cartazes com fotos de vítimas da ditadura, até a casa do oficial reformado. No percurso, foram distribuídas duas mil cartas aos moradores da região.
Os cartazes mostravam a foto e o mapa com a localização da casa de Machado. Outros três modelos colados nos postes e lixeiras lembravam vítimas da ditadura: Heleny Guariba, Frei Tito Lima e Virgílio Gomes da Silva. Segundo o grupo, todos eles passaram por sessões de tortura de Homero Machado ou de sua equipe.
- A dor perdurará, mas a alegria de ver condenado um torturador vai ser maior - disse Ilda, viúva de Virgílio Gomes da Silva Filho, em discurso em frente à casa de Machado.
Em frente ao prédio do militar, os manifestantes colocaram uma coroa de flores com os dizeres "Homero torturador". Na grade do imóvel foi pendurada uma faixa com a pergunta "Quem torturou Dilma Rousseff?".
O Ministério Público chegou a abrir processo pedindo que Machado fosse declarado responsável, junto a outros três militares, por tortura a 20 presos políticos. O Tribunal de Justiça, no entanto decidiu que os crimes já prescreveram. Em abril, a Frente de Esculacho Popular fez um protesto semelhante em frente à casa do médico legista Harry Shibata, que atuou na ditadura. Segundo Sacchetta, o grupo pretende lembrar da ditadura, mas procura sempre fazer uma conexão com a existência de impunidade no Brasil de hoje.

Fonte: matéria do jornalista Paulo Justus, "Grupo protesta contra torturador citado por Dilma", publicada no jornal O Globo, 21/10/201.

 
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A morte de Beto foi confessada pelos torturadores com a frase "Seu amigo esteve aqui"

Obra foi financiada por Sérgio Campos, ex-companheiro de guerrilha de Beto na VAR-Palmares, possivelmente a última pessoa a estar com ele, antes de seu desaparecimento. 
Recursos vieram da indenização recebida do Estado como reparação pela perseguição política sofrida durante a ditadura de 1964.


A história do comandante Breno, o amigo de Dilma

Biografia conta a vida do desaparecido Carlos Alberto Soares de Freitas


(O Globo, 21/10/2012)



A verba para a sobrevivência dos que viviam na clandestinidade para combater a ditadura era curta. Por isso, toda vez que a saudade de comer pato com laranja batia em Breno e Estela, eles pulavam o almoço ou o jantar e juntavam diárias para poder se deliciar com a pequena iguaria divida entre os dois.

Breno (ou Beto, como também era chamado) era Carlos Alberto Soares de Freitas, um dos dirigentes da VAR-Palmares desaparecido em 15 de fevereiro de 1971. Estela é ninguém menos que a presidente Dilma Rousseff, amiga e companheira de militância. Essa e outras histórias estão em "Seu amigo esteve aqui" (Zahar), livro da jornalista Cristina Chacel, que chegou às livrarias neste fim de semana. O lançamento oficial será em 5 de novembro em Belo Horizonte e no dia 12 no Rio de Janeiro.

Cristina começou a escrever o livro em 2009, a convite de Sérgio Campos - ex-companheiro de Breno na VAR-Palmares e possivelmente o último a estar com ele antes de seu desaparecimento. Campos também foi preso, provavelmente pouco depois de Beto, e levado para o DOI-Codi/RJ. E foi ele quem financiou a obra, lançada agora, com parte da indenização recebida do Estado como reparação pela perseguição política.

- Eu sabia da repressão, da ditadura, mas do Beto nunca tinha ouvido falar. E acho que isso foi bom porque só assim consegui chegar a esse personagem, quando o vi como uma pessoa comum, alguém que podia ser seu primo ou irmão. Precisei desconstruir até com os mais próximos essa imagem de herói - contou Cristina.

A autora também traz à tona uma sucinta, porém inédita, pista sobre seu desaparecimento. De acordo com a obra, o falecido militante da Ação Popular (AP) Vinícius Caldeira Brandt contou ao ex- integrante da Polop e deputado federal do PSDB José Aníbal que chegou a ver Beto numa prisão em São Paulo. Antes disso, a única informação conhecida sobre o guerrilheiro vinha de outra grande amiga dele: Inês Etienne Romeu. A morte de Beto foi confessada, em tom de bravata, a Inês pelos torturadores da Casa de Petrópolis com a frase que titula o livro: "Seu amigo esteve aqui".


 
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Um sucesso para ninguém botar defeito

"Entre 1997 e 2011, quintuplicou a percentagem de negros e pardos que cursam ou concluíram o curso superior, indo de 4% para 19,8%". 

"Poucos países do mundo conseguiram resultado semelhante em tão pouco tempo. Para se ter uma ideia do tamanho dessa conquista, em 2011 a percentagem de afrodescendentes matriculados em universidades americanas chegou a 13,8%, três milhões em números brutos. Isso depois de meio século de lutas e leis". No entanto, no Brasil, "negros e pardos formam 50,6% da sua população, e nos Estados Unidos são 13%".

Extraído do artigo de Elio Gaspari.
O Globo, 21 outubro 2012.


 
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Jazz for old kids

Solid Serenade.

Tom, Jerry, and Louis Jordan:



#Jazz

"Solid Serenade" is a 1946 one-reel animated cartoon and is the 26th Tom and Jerry short, produced in Technicolor and released to theatres on August 31, 1946 by Metro-Goldwyn Mayer. 
It was directed by William Hanna and Joseph Barbera, with musical supervision by Scott Bradley, and animation by Ed Barge, Michael Lah, Pete Burness, Ray Patterson and Kenneth Muse. Produced by Fred Quimby.
Read more about...
Tom plays "Is You Is or Is You Ain't My Baby" (song originally by Louis Jordan, 1944).


20 outubro 2012

Jazz for old kids

Tom and Jerry: "The Zoot Cat"



#Jazz


The Zoot Cat (also referred to as simply Zoot Cat) is a 1944 American one-reel animated cartoon and is the 13th Tom and Jerry short. It was produced in Technicolor and released to theatres on February 26, 1944 by Metro-Goldwyn Mayer. The cartoon features a great deal of 1940's slang, a parody of the popular (but controversial) zoot suit, and some outdated features of 1930's popular culture.

Read more about.

Directed by     William (Bill) Hanna and Joseph Barbera
Produced by     Fred Quimby
Voices by     Sara Berner (uncredited), William Hanna, Billy Bletcher (uncredited)
Music by     Scott Bradley
Animation by     Ray Patterson, Ken Muse, Irven Spence, Pete Burness
Distributed by     Metro-Goldwyn-Mayer
Release in United States February 26, 1944
Color by Technicolor
Running time     7:03



The Zoot Suit story: style, riots, and war.

Cab Calloway in a zoot suit:





















Denzen Washington and Spike Lee:

 

Who's there? Chu Berry, Roy Eldridge and MC Fletcher Henderson

Sax and trumpet with the magic arrangement by Fletcher Henderson.





Fletcher Henderson Orchestra, Chicago, Illinois, 04 August 1936.

Peggy Lee, Deed I do





Do I want you?
Oh my! Do I!
Honey, deed I do!

Do I need you?
Oh my! Do I!
Honey, deed I do!

I'm glad that I'm the one who found you,
That's why I'm always hangin' around you

Do I love you?
Oh my! Do I!
Honey, deed I do!

Honey, deed I do!
Hmm! Honey, deed I do!
I'm glad that I'm the one who found you,
That's why I'm always hangin' around you

Oh! Do I love you?
Oh my! Do I!
Honey, deed I do!
Ah Deed I Do!

19 outubro 2012

O "terrível sistema de imigração" afasta mentes criativas

Crédito: AFPBBC Brasil:

Países da América Latina disputam posto de 'Vale do Silício' regional

"O Chile explora a fraqueza do Vale do Silício original: o terrível sistema de imigração dos Estados Unidos", informou recentemente a revista britânica The Economist.

As restrições de imigração dos EUA tornam difícil para muitos estrangeiros fundar uma empresa ou trabalhar no país. O Chile, no entanto, abriu suas portas para aqueles que procuram inovar em tecnologia.

O governo do Chile tem um programa, intitulado "Start-up", que dá as boas-vindas a empresários estrangeiros e os ajuda a estabelecer uma empresa com facilidade.

O programa espera conseguir ajudar a fundar 1 mil novas empresas até o fim de 2013. O orçamento da iniciativa é de US$ 40 milhões (R$ 80 milhões).

O Kwelia, um software para ajudar os investidores do ramo imobiliário a tomar melhores decisões, o Chef Surf, serviço de ofertas de emprego para chefs, e o Kedzoh, um aplicativo para treinamento em empresas são alguns dos exemplos de start-ups mencionados pela Economist.

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Lorenzo Villegas, consultor de comunicação da Colômbia, destaca a decisão do Google de ter escolhido o país para abrigar um de seus centros de processamento de dados. A companhia americana afirmou que escolheu o Chile por causa de sua infraestrutura confiável e da mão de obra qualificada.

O principal calcanhar de aquiles do Chile neste campo, de acordo com a The Economist, é que as start-ups não nascem nas universidades nem há investidores locais suficientes para apoiá-los.

Além disso, assim como em outros países da América Latina, os oligopólios empresariais e a burocracia extremamente conservadora retardam a inovação, acrescentou a revista.

Atualizado em 16 de outubro, 2012 - 05:10 (Brasília) 08:10 GMT
Países latino-americanos lutam para atrair investimento de tecnologia
A escolha do Chile, anunciada em setembro deste ano, como sede para o primeiro centro de dados do Google na América Latina acirrou a disputa entre os países da região pelo título de "Vale do Silício" regional.
O original, na Califórnia, é há muito tempo conhecido por abrigar as principais empresas de tecnologia do mundo, que encontram ali o ambiente necessário para não só atrair talentos como gerar negócios em potencial.
Em busca do novo polo de inovação da América Latina, a BBC Mundo, site em espanhol da BBC, fez uma lista dos possíveis candidatos ao posto. 

 

18 outubro 2012

O Haiti e seu rosário de tragédias


Milhares de haitianos, inclusive mulheres e crianças, foram reunidos e depois espancados até a morte por soldados do sanguinário ditador dominicano, Rafael Trujillo.
A razão do massacre: simplesmente, o fato de serem haitianos.  

La masacre que marcó las relaciones de Haití y la República Dominicana

Sábado, 13 de octubre de 2012
Niña encendiendo una vela

Ambas comunidades se unieron para marcar el aniversario.

Este sábado [13 de octubre], se cumplen 75 años de una masacre que se cobró la vida de miles de haitianos en la República Dominicana.
Hace 75 años la frontera entre Haití y la República Dominicana fue el escenario de una masacre que, aunque ha formado parte durante mucho tiempo del imaginario colectivo haitiano, era desconocida para el resto del mundo.
El episodio se bautizó como la "masacre del perejil", porque los soldados dominicanos llevaban una rama de perejil y le preguntaban a los sospechosos de ser haitianos que pronunciasen dicha palabra.
Rafael Trujillo
Rafael Trujillo estuvo en el poder desde 1930 hasta que lo asesinaron en 1961.
A aquellos que tenían como lengua materna el criollo haitiano les resultaba difícil, un error que les podía costar la vida.
Los historiadores estiman que entre 9.000 y 20.000 haitianos fueron asesinados en la República Dominicana bajo las órdenes del dictador Rafael Trujillo.
Los cuerpos fueron arrojados en el Río Masacre, ominosamente bautizado así por una antigua disputa colonial entre España y Francia.
Los asesinatos de 1937 cambiaron la relación entre los dos países de la isla La Española y sus efectos pueden verse todavía hoy.
Desde finales de septiembre a mediados de octubre de ese año hombres, mujeres y niños fueron primero reunidos y posteriormente golpeados hasta la muerte solo por el hecho de ser haitianos.
Incluso dominicanos de piel oscura fueron víctimas de una purga conocida como "el corte".

Los extranjeros como chivo expiatorio

Los migrantes haitianos han cruzado durante generaciones la frontera en el norte de la isla para trabajar en las plantaciones de azúcar de la República Dominicana.

El comercio entre Dajabon y Ouanaminthe, en el lado haitiano, es crucial para ambas localidades.
Pero durante la gran depresión que comenzó en 1929 la economía del país cayó en picado y los inmigrantes se convirtieron en el chivo expiatorio.
Documentos diplomáticos estadounidenses de la época describen los asesinatos como "una campaña sistemática de exterminación".
Trujillo era un importante aliado de Estados Unidos, pero después de que la magnitud de la masacre saliese a la luz la administración del presidente Franklin D. Roosevelt hizo que el gobierno dominicano pagase reparaciones a las familias de las víctimas – un dinero que en última instancia nunca llegó a su destino.
Hay evidencia de que en muchos pueblos dominicanos la gente arriesgó sus vidas para ayudar a sus vecinos, pero en otros muchos incluso los delataron.

Historia compartida

En la actualidad la frontera está abierta los lunes y los viernes.
El puente que conecta la ciudad de Dajabón en el lado dominicano y Ouanaminthe en Haití es un mar de gente con productos para comerciar.
Las dos ciudades, donde se oyen ecos tanto del criollo como de la lengua española, dependen una de la otra.

Muchos haitianos buscan trabajo en la República Dominicana.
"Son más las cosas que tenemos en común que las que nos diferencian. Trujillo intentó despojar a la República Dominicana de sus raíces haitianas pero nuestras culturas y formas de vida son muy parecidas", dice Lesly Manigat, un médico haitiano que vive en la ciudad dominicana de Santiago.
"Franceses, españoles, africanos… la nuestra es una historia compartida".
El doctor Manigat pertenece a un grupo llamado "Frontera de luces", que celebra el aniversario con arte, poesía y acciones sociales en un intento por acercar a ambas comunidades.
Para conmemorar la fecha hubo misas en honor de los muertos en las dos ciudades fronterizas y la gente participó en una vigilia con velas en la que marcharon hacia la frontera.
Se pudieron oír voces de apoyo a medida que las luces intermitentes de las velas descendían por el río.
Pero para algunos ya ha pasado demasiado tiempo.
Varios diarios dominicanos argumentaron que el aniversario podía propiciar un aumento de la tensión, pero sus organizadores aseguraron que era importante recordar.
"La gente lo ha descrito como 75 años de silencio, y esta es una oportunidad para hablar sobre ello porque todavía sufrimos estas heridas y para no repetir el pasado", afirma Cynthia Carrion.

Esfuerzo conjunto

Aun así, las actitudes marcadas por un oscuro pasado persiguen a los dos países.
Se estima que en la República Dominicana viven más de un millón de inmigrantes ilegales haitianos y que en Dajabón, provincia en la frontera, el tráfico de personas está muy extendido.
"Después de 1937 la cultura dominicana se hizo exclusiva. A nivel local la gente podía trabajar junta y aceptar que tenemos una sociedad mixta, de la cual los dominicanos de origen haitiano son también parte", afirma el doctor Edward Paulino, un dominicano-estadounidense miembro de "Frontera de luces".
"Pero a nivel del estado hay todavía cierta sensación de rechazo hacia los haitianos de piel oscura".
Hace poco un trabajador haitiano presuntamente mató a un dominicano en una ciudad de la frontera, Loma de Cabrera.
Los locales le dijeron a los haitianos que abandonasen el pueblo en las siguientes 24 horas.
Pero muchos de los que tomaron parte en las celebraciones para marcar el aniversario de la masacre coincidían en la unión que existe entre la gente a ambos lados de la frontera.
"Llevamos a cabo la limpieza de un parque en el lado haitiano. Uno de los voluntarios no podía creer que hubiésemos venido a ayudar a limpiar su comunidad y entonces me di cuenta que era la primera vez que hacíamos algo así" dijo Sady Díaz, una de las organizadoras.
La gente de los dos pueblos se volverá a juntar este mismo mes para pintar murales en la frontera, un eterno tributo a aquellos que murieron.


Um dos maiores mitos sobre a política brasileira

é o de que “cargos de confiança” na burocracia federal brasileira são preenchidos exclusivamente por “critérios políticos”.

Artigo do cientista político Sérgio Praça.
Época Negócios.

O mito dos cargos de confiança.

Um dos maiores mitos sobre a política brasileira é o de que “cargos de confiança” na burocracia federal brasileira são preenchidos exclusivamente por “critérios políticos”. Encontrar exemplos deste equívoco não demora mais do que uns dois minutos no Google.

Em 2007, por exemplo, a “Folha de S. Paulo” afirmou, em reportagem, que “o PT terá em mãos mais da metade dos cargos comissionados da Esplanada dos Ministérios, preenchidos por nomeação e sem concurso público”.

Cinco anos depois, Ethevaldo Siqueira, colunista de “O Estado de S. Paulo”, afirmou que “no governo Lula, eram 150 mil nomeados em cargos de confiança sem concurso”. (Na verdade, são cerca de 22 mil ocupantes de cargos desse tipo, sendo que boa parte deles realizou concurso para ocupar outra função.)

A mais recente publicação a cair nesta afirmou, neste fim de semana, que “no Brasil, mais de 22 mil cargos do governo federal são de confiança (preenchidos por critérios políticos)”. A revista é a “Veja” e a afirmação foi feita em entrevista com o headhunter Egon Zehnder.

O Ministério do Planejamento mostra, em seu último “Boletim Estatístico de Pessoal”, que 22.149 pessoas ocupam cargos DAS (Direção e Assessoramento Superior) no governo federal. São cargos que não exigem concurso.

O mesmo boletim mostra, na tabela 6.4, que quase 71% dessas pessoas são “servidores efetivos ou requisitados”. Ou seja, fizeram concurso em algum momento – para o governo federal, para governos estaduais e municipais, ou para empresas estatais, Judiciário e outros órgãos públicos.

Ou seja: a ideia de que todos os cargos de confiança são preenchidos por “critérios políticos” pode ser verdade para cerca de 29% dos atuais ocupantes de cargos DAS. Afinal, mesmo que os 71% restantes sejam todos filiados a algum partido, o critério para que ocupem o cargo de confiança não pode ser tido como exclusivamente político.

Se, ainda assim, alguém acredita que o PT nomeou cerca de 6,500 pessoas para a administração federal exclusivamente por critérios políticos, dê uma olhada no estudo que fiz com Andréa Freitas e Bruno Hoepers. Mostramos que, em 2010, havia cerca de 900 funcionários no governo federal, ocupando cargos de confiança, filiados ao PT. Nesta conta estão os que são petistas, fizeram concurso e estavam em um cargo de confiança.

Cargo de confiança, no Brasil, é um meio, sim, de fazer indicações políticas, mas é também usado para recrutar e recompensar bons funcionários do governo com salários melhores e funções mais relevantes. Quem não entende isso deixa de entender uma boa parte de como o país funciona.
 
 

17 outubro 2012

Crise cria 'geração perdida' em países ricos

BBC

O grande problema deles foi ter nascido no ano errado. Ou na geração errada. São jovens na faixa dos 20 aos 30 anos. Estudaram muito mais do que os seus pais. Viajaram e aprenderam diferentes idiomas. Estão habituados às novas tecnologias de comunicação e cresceram em períodos de relativa bonança, sem ter a criatividade e a liberdade tolhidas por regimes autoritários, guerras ou outras contingências.


16 outubro 2012

Pobres, negros, indígenas

Detalhes sobre as regras das cotas nas universidades, aprovada por unanimidade depois de 13 anos de tramitação no Congresso Nacional.

Entenda a lei, o decreto e a portaria.


A reserva de vagas é uma política de ação afirmativa.
Será implementada pelo período de 10 anos.
Abrange estudantes egressos de escolas públicas.
 
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Brasil em Números 2012

A realidade brasileira com base nas últimas pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
 
Versão bilíngue (Português e Inglês).
 
 
 

O Brasil diante dos desafios de cenários de longo prazo

Um caminho para dentro
Artigo de Luciano Coutinho, João Carlos Ferraz e Francisco Eduardo Pires de Souza.

Perguntado em 1972 sobre o significado da Revolução Francesa, o então primeiro-ministro chinês, Chou En-lai, teria dito que ainda era muito cedo para tirar conclusões. Passar ao extremo oposto e arriscar-se a prever, no calor dos fatos, a evolução prospectiva do impressionante "cluster" de transformações hoje em curso no mundo, como proposto pelo Valor, requer que o leitor nos conceda uma licença para podermos especular livremente sobre o amanhã.
De fato, a segunda década do século XXI começa em meio a tamanhas transformações nos planos econômico, tecnológico, social e político que em tudo sugere se tratar do início de uma nova era na história mundial.
Primeiramente, a longa e sustentada ascensão da China rumo ao posto de maior economia do mundo (que deve ocupar ainda na presente década) vem deslocando competidores e atraindo parceiros complementares, com consequências que ainda estão, em grande medida, por vir. De um lado, cabe saber se a expansão continuada, os desequilíbrios inerentes ao crescimento e a necessidade de rebalanceamento da economia chinesa culminarão em "pouso suave" ou "aterrissagem" forçada. Por outro lado, é igualmente importante saber se, no caso de manutenção do seu crescimento, a acomodação do novo gigante (juntamente com outros emergentes de peso) no mercado mundial se dará por intermédio dos mecanismos de mercado ou por meio do jogo político e, eventualmente, militar. Em outras palavras, o deslocamento do centro hegemônico do Atlântico Norte para o Pacífico Norte se dará de forma negociada ou conflitiva?
Em segundo lugar, à crescente importância de novos atores na economia mundial se sobrepõs, e por razões independentes, a crise financeira internacional iniciada em 2008 nas economias mais ricas do planeta. O que parecia ser apenas uma crise financeira, ainda que bem mais profunda do que as de momentos anteriores, acabou se revelando uma crise de múltiplas dimensões - fiscal, produtiva, social e política - que está pondo em questão muito mais do que o conjunto de regras que regem as relações econômicas e políticas internacionais, o próprio modelo de capitalismo dos últimos quarenta anos.
É vital construir e fortalecer capacidade de resistência e participar dos fóruns políticos externos relevantes
O imbróglio europeu, hoje o ponto nevrálgico da crise internacional, encerra, para além de todas as questões relativas às suas implicações financeiras, fiscais e de crescimento para a economia mundial, uma questão crucial para a governança mundial: quais as chances de sucesso de um modelo de federalização na Europa, com solidariedade e compartilhamento de custos e benefícios?
Não bastassem as incertezas associadas aos fenômenos acima referidos, é possível detectar, sob a superfície econômica, outras quatro transformações igualmente relevantes.
Primeiro, mudanças no plano da tecnologia, que revolucionam, mais uma vez, a forma de produzir, distribuir e apropriar-se dos ganhos do progresso técnico. A crescente conectividade possibilitada pelas tecnologias de informação e comunicação (TICs) amplia acesso e diminui custos de informação. Estas mesmas tecnologias, associadas com a biotecnologia e a nanotecnologia, trazem implicações as mais diversas: ampliam a longevidade das pessoas, podem ser fontes essenciais de resolução dos problemas climáticos e, no âmbito da produção, rompem o "império da padronização" ao permitir a produção customizada em massa, algo que constituiria uma contradição há apenas alguns anos. Um exemplo apenas: nem bem a China se tornou a "fábrica do mundo", e uma nova onda de inovações - melhoria e barateamento da robótica e processos aditivos, como a impressão em 3D - pode colocar de ponta cabeça as fontes de vantagens competitivas baseadas em custos, redefinindo critérios de decisão de localização industrial.
Segundo, quando os preços dos combustíveis fósseis, puxados pela voracidade da demanda chinesa e pelas perspectivas de reduzido crescimento de longo prazo da oferta, se localizaram em patamares históricos muito altos, surgem novas fontes não convencionais de petróleo e gás ("shale oil and gas"), a partir de tecnologias que viabilizam extração eficiente e ampliação quase ilimitada da oferta de petróleo a partir de um preço teto de US$ 70 por barril. As consequências geopolíticas deste contexto não deverão ser pequenas.
Terceiro, é a emergência, bem conhecida no Brasil, de uma nova classe média, decorrente da inclusão de milhões de consumidores aos mercados. Porém, o legítimo crescimento da demanda por bens e serviços destes consumidores implica forte pressão sobre recursos e sobre o ambiente. Não está claro se os produtores destes bens e serviços estarão preparados para adaptar e inovar processos para garantir a sustentabilidade do planeta, de forma tempestiva, e se, em caso contrário, esta via de expansão do consumo e da economia mundial será posta em xeque.
Por fim, para além da realidade econômica e tecnológica, o mundo vem sendo sacudido por movimentos populares, entre os quais destacam-se a Primavera Árabe e as manifestações dos "indignados". As implicações sociais e políticas destes movimentos ainda não estão claras e os encaminhamentos de respostas às múltiplas demandas não estão dados. Que formas de representação de interesses prevalecerão? Que bens públicos serão relevantes no futuro?
Em suma, cada uma das transformações aqui referidas já seria, isoladamente, capaz de gerar uma grande indeterminação sobre o futuro do planeta. Todos juntos, nos colocam diante de uma espécie de marco zero, a partir do qual a pluralidade de possíveis caminhos é fascinante e, a despeito da perplexidade que podem a princípio gerar, não devem inibir a reflexão.
Com esse espírito, desenhamos dois cenários extremos para os próximos 15 anos, sabendo quão imprecisos tais exercícios são. O objetivo é colocar balizas, definindo um intervalo dentro do qual imaginamos que a realidade possa vir a se situar e buscando definir o que denominamos de "espaço Brasil", isto é, os contornos e os pontos de atenção de um possível caminho para o médio e o longo prazos.
Reforma e crescimento lento
O primeiro cenário considera soluções mais calcadas em reformas do que em rupturas. Nos EUA, um ambiente pós-eleitoral mais favorável a compromissos políticos permitiria evitar o abismo fiscal. Neste contexto, a lenta retomada do crescimento e a queda do desemprego iriam progressivamente avançando para uma verdadeira recuperação, revigorada, inclusive, por avanços no campo tecnológico. Na China, o crescimento seria bem mais lento do que o do passado recente, mas com uma guinada bem-sucedida do modelo de crescimento para o mercado interno. Na Europa, após os sucessivos fracassos de soluções parciais (e recessivas), as lideranças políticas terminariam por renovar e aprofundar o pacto de integração, evoluindo para a construção de uma federação que seria iniciada pela reestruturação das dívidas públicas dos países da periferia e passos firmes na direção da união fiscal e bancária.
Temos condições políticas e ativos e competências acumulados para resistir a um ambiente externo hostil? A resposta é "sim"
O mundo cresceria pouco durante um período longo, mas as relações internacionais seriam reconstruídas em novo sistema de hegemonia compartilhada entre EUA e China, não se podendo, entretanto, descartar a influência da Europa. Aí se lograria conciliar interesses e exercer liderança suficiente para estabelecer regras de jogo, crescentemente previsíveis e confiáveis, nos campos comercial, financeiro, ambiental e político-militar. Estaria então estabelecida uma nova Pax no plano das relações econômicas internacionais.
Pelo lado da concorrência, a consolidação de empresas dos países emergentes e a sobrevivência das empresas dos países avançados, num mercado mundial que ainda estaria crescendo pouco, pelo menos por muitos anos, levaria a um ambiente de competição feroz. Não surpreenderiam, portanto, uma ou mais rodadas de consolidação patrimonial em vários setores. Mas surgiriam, eventualmente, para aqueles que se preparassem adequadamente, oportunidades importantes derivadas das novas tecnologias e da retomada progressiva dos mercados de consumo dos países ricos e da contínua expansão dos mercados de países emergentes.
Ruptura e degradação
O cenário alternativo, em que as transformações em curso levariam a rupturas, é mais difícil de conceber. Desastres históricos são menos frequentes e menos sistematizáveis do que reformas e recuperações. Rupturas destroem referências e analogias com processos prévios, dificultando a tarefa de estabelecer pontes com o passado e desenhar novas configurações e suas resultantes.
Por oposição ao cenário de reforma e crescimento lento, o de ruptura e degradação combinaria a fragmentação da Europa com o desaparecimento do euro, o "hard landing" chinês com fracasso da política de mercado interno e a crescente polarização ideológica nos EUA com um "double dip" na economia. Um cenário que combina três catástrofes estruturais tem uma certa lógica: a ruptura em uma das regiões deteriora o quadro internacional (por exemplo, via contração do comércio, crise financeira etc.), o que faz aumentar a probabilidade de que outras regiões entrem também em crises traumáticas.
A característica central deste cenário é a prevalência de conflitos. Em cada país, conflitos sociais e políticos se aguçariam; talvez de forma explícita em países em desenvolvimento, enquanto que, nos países avançados, a riqueza e bem-estar aí acumulados poderiam eventualmente permitir maior capacidade de resistência a conflitos abertos, a despeito das crescentes diferenças sociais. No concerto das nações, as instituições e fóruns de negociação e pactuação entrariam em crise existencial. Entre países, seria frequente o uso de instrumentos não econômicos para defender interesses nacionais, numa reprodução do quadro de "políticas de arruinar o vizinho" dos anos 20 e 30 do século passado. Nenhum país ou grupo de países seria suficientemente poderoso e influente para exercer papel hegemônico, e estabelecer regras para o jogo econômico e político mundial, de forma a reverter o quadro de beligerância.
A concorrência teria natureza predatória: os países, ansiosos por investimentos, relaxariam padrões e regulações. Para sobreviver, as empresas degradariam padrões de governança e buscariam fontes de insumos, matérias-primas e trabalho, sem preocupação com a sua sustentabilidade. O progresso técnico continuaria avançando, mas a sua difusão se daria de modo mais seletivo, para empresas e estratos econômicos privilegiados, o que aprofundaria os hiatos de competência e de acesso a novos bens e serviços.
É evidente que, em algum momento, se atingiria o fundo do poço e a reconstrução da economia mundial seria deflagrada por algum processo político-econômico, cuja natureza é difícil prever. O que importa, sim, é que se tal cenário - ou algo próximo a ele - se materializar, as alavancas do crescimento, inclusive o brasileiro, estarão severamente comprometidas.
Espaço Brasil
Quais os espaços para o Brasil, tendo como referência as duas balizas acima descritas?
Como ponto de partida, é claro que o Brasil não passará incólume pelas vicissitudes do quadro internacional. Portanto, é vital, por um lado, construir e fortalecer capacidade de resistência e, por outro, participar ativamente dos fóruns políticos externos relevantes para evitar o cenário de ruptura e degradação. A pergunta que se segue é: temos condições políticas e ativos e competências acumulados para resistir a um ambiente externo hostil?
A resposta é "sim". O país acumulou trunfos que, se bem usados, permitirão mitigar as consequências de um cenário externo de degradação e aproveitar as oportunidades de um cenário de recuperação lenta para manter o curso de seu desenvolvimento. A capacidade de resistência aumenta, porém, se o Brasil enfrentar pendências fundamentais.
A eventualidade de ocorrência de um cenário externo menos desfavorável não pode trazer consigo a tentação de um caminho "fácil"
Começando pelas últimas, são quatro as pendências que devem ser enfrentadas: (a) mais produtividade para enfrentar um ambiente de intensa competição e para viabilizar um crescimento elevado, a despeito do baixo crescimento da força de trabalho, resultante da nova dinâmica demográfica; (b) mudanças na estrutura industrial, na direção de setores tecnologicamente mais avançados; (c) introjeção da sustentabilidade sócio-ambiental na conduta e rotina dos atores econômicos; (d) ampliação da capacidade de oferta de financiamento de longo prazo, a partir de fontes internas de recursos e com um forte envolvimento da indústria privada. Um destaque: todas estas pendências exigirão muita competência das pessoas, das empresas e do Estado. Competência é o ativo propulsor de produtividade, de geração de novos bens e serviços e de bem-estar.
São quatro também os trunfos acumulados a serem fortalecidos: (a) o amadurecimento da democracia e o fortalecimento das instituições, que podem sustentar um projeto de desenvolvimento de longo prazo; (b) a consolidação de políticas econômicas que garantem a estabilidade e alongam o horizonte de decisões; (c) a bem- sucedida política de rendas, que, além de promover a inclusão econômica e social, ampliou e tornou atrativo o mercado interno e, mais importante, criou um espaço de aspiração de progresso para a maioria da população; (d) a crescente efetividade de políticas pró-investimento, tanto para o curto prazo - orientadas para a diminuição de custos - quanto para a ampliação da oferta de serviços, bens e, principalmente, infra-estruturas.
O Brasil pode seguir uma trajetória de desenvolvimento puxado pela demanda interna (consumo e investimentos em energias e infra-estruturas) e externa (onde mantivermos vantagens) e induzido por políticas. Estas podem ser as âncoras para as expectativas empresariais, de forma a incentivar um engajamento em investimentos de longo prazo, ainda que as perspectivas do mercado internacional não sejam tão promissoras. Serão particularmente relevantes uma política fiscal que permita ações anticíclicas em momentos de deterioração externa e políticas cambial e de redução de custos sistêmicos para aumentar a competitividade doméstica, de modo a evitar que a expansão da demanda interna vaze para fora, aumentando o déficit comercial e em transações correntes.
Mas, atenção! A eventualidade de ocorrência de um cenário externo menos desfavorável (reforma e crescimento lento) não pode trazer consigo a tentação de um caminho "fácil" - de crescimento acelerado, puxado pelo consumo interno, com déficit em conta corrente elevado, financiado pela abundante liquidez internacional. Neste caminho fácil, o câmbio apreciado ajudaria a conter a inflação, ao mesmo tempo que induziria o aumento do déficit em conta corrente (poupança externa), que viabilizaria o crescimento da absorção doméstica acima da produção. Mas este modelo de crescimento colocaria o nosso futuro na dependência de um comportamento benigno de fatores externos, o que pode ser subitamente interrompido por forças e eventos fora do controle do país.
O caminho para uma economia mais diversificada e inclusiva, apoiada na poupança doméstica, é bem mais difícil de ser construído, mais dependente da vontade política e da capacidade de articulação de apoios que deem sustentação às medidas requeridas para alcançá-lo. Este é, porém, o caminho mais promissor para garantir um crescimento sustentado, diante das incertezas do cenário internacional nos próximos anos.

Publicado no Valor Econômico em 28/09/2012.