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21 agosto 2012

Até que ponto as avaliações sobre a gestão dos governos orientam o voto?

O caso do Rio de Janeiro

"79% dos que avaliam a administração vigente como positiva (42%) declaram que votariam em Eduardo Paes, enquanto o restante opta por outros candidatos ou ainda não menciona qualquer deles. Em contrapartida, dos eleitores que classificam a gestão do atual prefeito como regular (38%), pouco mais de um terço (36%) diz que hoje votaria em Eduardo Paes. Nesse mesmo segmento, Marcelo Freixo tem 14%, e, entre os que consideram a atual administração como ruim/péssima (19%), Freixo atinge 27%".
Do artigo "Além dos resultados totais", de Márcia cavallari*






O eleitor carioca não tem demonstrado, até este momento, uma atenção especial pela eleição que se aproxima. Mais da metade (58%) assume ter pouco ou nenhum interesse pela eleição deste ano. Claro que a proporção de interessados pode mudar ao longo da campanha, que deverá trazer o debate sobre os problemas da cidade e a discussão sobre as propostas de solução mais presentes no dia a dia do eleitor. Isso pode trazer mudanças na intenção de voto dos cariocas, mas, por enquanto, o cenário tem sido de estabilidade. A nova pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência no município do Rio de Janeiro, e divulgada na 5ª feira passada, mostra um resultado muito parecido com o da rodada anterior: o prefeito Eduardo Paes oscila de 49% para 47% e ocorre um ligeiro crescimento do candidato do PSOL, Marcelo Freixo (de 8% para 12%). Os demais candidatos se mantêm estáveis, com oscilações dentro da margem de erro amostral da pesquisa. O número de eleitores que ainda não citam nenhum dos candidatos é elevado (o que pode também ser reflexo do baixo envolvimento do eleitor com a eleição neste momento): 3 em cada dez não sabem em quem votar ou declaram que votariam em branco ou anulariam o voto se as eleições fossem hoje.

Mas existem outras informações que nos ajudam a entender o comportamento do eleitor, além dos resultados totais. Por exemplo, enquanto Eduardo Paes tem uma preferência maior entre os eleitores menos escolarizados e entre os que possuem menor renda familiar (52%), Freixo tem seus melhores índices de intenção de voto entre aqueles com níveis de renda e de escolaridade mais elevados (23% e 26%, respectivamente). Outra informação que merece bastante atenção é a distribuição dos votos de acordo com a avaliação que os eleitores fazem da atual administração. É de se esperar que a grande maioria que avalia positivamente a atual gestão vote em Eduardo Paes, como de fato acontece, e aqueles que a consideram como negativa votem em candidatos da oposição. O grande desafio (e ao mesmo tempo a grande oportunidade) se concentra no contingente que classifica a administração atual como regular, ou seja, o candidato de oposição que conseguir mais votos desse segmento pode ajudar a levar a eleição na cidade do Rio para o segundo turno.

Vamos aos números: 79% dos que avaliam a administração vigente como positiva (42%) declaram que votariam em Eduardo Paes, enquanto o restante opta por outros candidatos ou ainda não menciona qualquer deles. Em contrapartida, dos eleitores que classificam a gestão do atual prefeito como regular (38%), pouco mais de um terço (36%) diz que hoje votaria em Eduardo Paes. Nesse mesmo segmento, Marcelo Freixo tem 14%, e, entre os que consideram a atual administração como ruim/péssima (19%), Freixo atinge 27%.

Esse é o cenário no qual se inicia, já nesta terça-feira, o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, assim como as inserções comerciais diárias que os candidatos passam a ter até o final da campanha. Eduardo Paes tem a grande vantagem de ter construído a maior coligação de partidos (20 ao todo) e consequentemente o maior tempo de TV (pouco mais de 16 minutos), enquanto Marcelo Freixo terá um dos menores tempos (menos de minuto e meio).

Mas tão ou mais importante que o tempo à disposição de cada um é a maneira como os candidatos ocuparão esse tempo, que mensagens e propostas serão transmitidas e como será a reação do eleitor carioca a essas informações e estímulos. Vamos acompanhar essa evolução com muito interesse.


* Diretora-executiva do Ibope Inteligência. Publicado em "O Globo", 21/08/2012.
 
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