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12 janeiro 2012

Presença do Estado no Brasil

"O Brasil não está colocando os seus maiores esforços nos estados mais necessitados.  Essa atuação acentua as disparidades regionais do Brasil".
Márcio Pochmann, presidente do IPEA.

Estudo do Ipea revela disparidades importantes entre os estados brasileiros, em áreas como educação e saúde, e a persistência de nosso histórico desequilíbrio regional.
 
Presença do Estado no Brasil  é um projeto do IPEA. Sua mais nova edição foi divulgada pelo Comunicado do Ipea nº 129.


Segundo o presidente do IPEA, Márcio Pochmann, a superação da pobreza extrema e a universalização do acesso aos serviços básicos como educação e saúde são ainda nosso principal desafio. 
"O primeiro passo para mudar a realidade é conhecer a realidade".
Márcio Pochmann, 
sobre o papel do Ipea em analisar a atuação do 
Estado brasileiro para superar desafios.
Assistência social
 
Conforme o estudo, no caso da assistência social, o estudo revela que a distribuição geográfica da aplicação dos benefícios de assistência social do governo federal vem encarando o problema de frente. No ano de 2011, o Programa Bolsa Família aplicou 51,1% dos benefícios na região Nordeste. Nesse caso o Estado tenta compensar as desigualdades já existentes.

Saúde
 
Já no caso da saúde, a distribuição dos serviços espelha as desigualdades regionais, sendo que as regiões Sul e Sudeste apresentam a maior concentração de profissionais de saúde com nível superior: 3,7 profissionais por mil habitantes. A média nacional é de 3,1, sendo que nas regiões Norte e Nordeste esses números são inferiores (1,9 e 2,4 respectivamente).

Educação

Os dados referentes à educação mostram que o país vem avançando na direção da universalização do ensino, porém, com discrepâncias regionais importantes. A taxa de frequência liquida no ensino fundamental ainda não é satisfatória, sendo a pior situação no estado do Pará, com 87,2%, em contraste com o Mato Grosso do Sul, com 94,4%. No ensino médio, as disparidades entre os estados são ainda mais acentuadas.
A relação de docentes do nível médio com formação superior também apresentou avanços.

Segundo Pochmann,

"o Estado avançou muito na área da educação, entretanto, a sociedade do conhecimento estabelece desafios que requerem uma atuação mais decisiva".

No caso do ensino superior, as desigualdades regionais são mais acentuadas:

"a intervenção pública no setor do ensino superior se dá de maior forma nos estados mais ricos, ao contrário do ensino fundamental. [...] O Estado não está colocando os seus maiores esforços nos estados mais necessitados". 

Essa atuação acentua as disparidades regionais do Brasil.

Trabalho e emprego

No item trabalho e emprego, o dado relevante do estudo é a relação do número de trabalhadores encaminhados pelo Sistema Nacional de Emprego e daqueles realmente colocados em uma vaga de trabalho. O segundo indicador importante relaciona os colocados com o número de vagas ofertadas pelo Sine. Nos dois indicadores chama a atenção a elevada eficiência do sistema nas regiões Norte e Nordeste.

Cobertura bancária

A cobertura bancária no Brasil apresentou importantes avanços desde a crise de 2008, porém, o estudo revela que somente 51% dos municípios possuem agências de bancos públicos, e a sua densidade ainda reflete as desigualdades econômicas das grandes regiões brasileiras. A região Norte conta com 2,6 agências bancárias por mil habitantes, enquanto a região Sul apresenta uma taxa de 5,3. Segundo Pochmann, nesse caso, "a presença de bancos públicos reforça as desigualdades nacionais".

Segurança pública

No quesito segurança pública, os dados apresentados mostram uma presença da Polícia Civil em 82,4% dos municípios brasileiros. Em números absolutos, o estado de Minas Gerais conta com o maior número de municípios com delegaciass (853). O número de delegacias do meio ambiente apresenta distribuição extremamente desigual. Alguns estados sequer contam com uma unidade, como é o caso do Maranhão e do Rio de Janeiro.

Estabelecimentos culturais
O estudo levanta também a distribuição dos seguintes estabelecimentos culturais no território nacional: bibliotecas públicas, museus, teatros ou salas de espetáculo, centros culturais, cinemas, videolocadoras, estádios ou ginásios poliesportivos, assim como provedores de internet.

O Brasil possui 5.187 municípios bibliotecas públicas, sendo que 378 municípios não possuem nenhuma. 23.3% dos municípios possuem no mínimo um museu, 21,1% um teatro ou sala de espetáculo, e somente 9,1% possuem cinema. Destes, 53,1% estão na região Sudeste. 86,7% dos municípios possuem estádio ou ginásio esportivo, 55,6% possuem provedor de internet (31,8% no Sudeste) e 28% possuem livrarias. A distribuição detalhada por estado encontra-se na pagina 22 do comunicado.

Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 129 - Presença do Estado no Brasil

Fonte: IPEA, 11/01/2012, com modificações.


 
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