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23 dezembro 2011

Para sair da crise

América Latina terá que buscar maior arrecadação de impostos para aumentar a sua capacidade de investimento.
À exceção do Brasil, onde a carga tributária é alta (e com impostos pagos em maior proporção pelas pessoas de menor renda). 


Contra crise, AL deve investir mais em 2012, diz a Cepal 
Valor Econômico, 22/12/2011

Por Fabio Murakawa | De São Paulo

A América Latina deve aumentar a arrecadação de impostos, promover políticas anticíclicas e realizar reformas que permitam aumentar a sua capacidade de investimentos para que sua economia continue crescendo em 2012, apesar da crise nos países desenvolvidos. Essa é uma das conclusões de um relatório lançado ontem pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que contém um balanço da economia da região e suas perspectivas para o ano que vem.

No documento, o órgão da ONU estima um quadro de estagnação para a Europa em 2012, com alta de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) da zona do euro em meio à crise da dívida que assola várias economias da região. Esse quadro terá reflexos em todo o mundo, provocando desaceleração, por exemplo, na China, importante cliente das commodities latino-americanas. A Cepal estima que o crescimento chinês deverá cair de 9,1% neste ano para 8,5% no ano que vem. Esse dado, porém, é considerado otimista pelo mercado, que espera expansão de 6% a 8%.

A Cepal prevê que a economia latino-americana deverá desacelerar de 4,4% neste ano para 3,7% em 2012. "É um quadro em que não há muito espaço para crescimento do comércio exterior da região. As exportações tendem a se estagnar, com a Europa comprando menos e com efeitos indiretos sobre outros países que demandam muito de nós, como China", disse ao Valor Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal no Brasil.

Segundo ele, países como o Brasil, o México, a Argentina e a Colômbia podem se valer de medidas para estimular o mercado consumidor interno para tentar reduzir os impactos da crise nas exportações. Mas a região, de uma maneira geral, terá que buscar também uma maior arrecadação de impostos para aumentar a sua capacidade de investimento.

"Os países precisam aumentar o seu espaço fiscal, ou seja, incrementar os gastos, mas têm de buscar receitas para isso", disse Mussi. Sobre a necessidade de aumentar impostos, o diretor da Cepal ponderou: "Claro que não estou me referindo ao Brasil."

Segundo o documento, a carga tributária média na região foi de 19% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2008, contra 35% nos países da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). "Aumentar o nível de receitas fiscais permitiria aos governos da América Latina e do Caribe investir mais e melhorar os serviços públicos", disse o relatório.

Para o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, à exceção de Brasil, Argentina e Uruguai, todos os outros países da região têm espaço para subir impostos.

Além da quase estagnação prevista para a Europa e da desaceleração na China, a Cepal trabalha para uma alta de 2,6% do PIB mundial no ano que vem e de 1,5% do PIB americano. Um fator positivo deve ser o Japão, cuja economia deve crescer 2% em 2012, recuperando-se do tsunami deste ano.

Para Mussi, o quadro atual é de alerta, mas ainda não há motivos para desespero. "O grande desafio é ver como essa incerteza europeia vai impactar no outro motor do crescimento, que é o financiamento." (Com agências internacionais).

 
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