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20 novembro 2011

É preciso enfrentar o racismo com unhas e dentes



20 de Novembro: Dia Nacional da Consciência Negra.
"É preciso que a gente pare com essa bobagem de ter medo de enfrentar o racismo. Temos que enfrentá-lo com unhas e dentes".
Luiz Inácio Lula da Silva.

Histórias do movimento negro no Brasil
Leia um pouco das histórias do movimento negro no Brasil no texto "Movimento negro e 'democracia racial' no Brasil: entrevistas com lideranças do movimento negro", de Verena Alberti e Amilcar Araujo Pereira. Note que "democracia racial" vem com providenciais aspas.
Os mesmos autores estão na matéria "Orgulho da cor", na Revista de História.

Black Rio
Nos anos 70, o movimento de afirmação da negritude ganhou força no Brasil e fez surgir o Black Rio. Ouça o programa Curta Musical, da Rádio Senado, sobre o movimento, e conheça a música do Black Rio.

População preta e parda passa a ser maioria (50,7%)

"Nos últimos dez anos, a estrutura da população mudou em termos de cor ou raça, com destaque para uma maior proporção das pessoas que se declaram como pretas e pardas, de 44,7% da população em 2000 para 50,7% em 2010. Destaca-se uma maior concentração de pretos e pardos no Norte e no Nordeste e, no Sudeste e Sul, uma maioria de pessoas da cor branca, o que acompanha os padrões históricos de ocupação do país.
A comparação das pirâmides etárias referentes aos anos de 2000 e 2010, segmentadas por cor ou raça, mostra que, para os três principais grupos, houve estreitamento da base da pirâmide, resultado da diminuição da fecundidade. Ao mesmo tempo, duas diferenças despontam já em 2000. Pretos e pardos mostram maior proporção de pessoas abaixo de 40 anos; já os brancos têm maior proporção de idosos – maiores de 65 anos e, principalmente, maiores de 80 anos de idade – o que provavelmente está ligado às diferenças de condições de vida e acesso a cuidados de saúde, bem como à participação desigual na distribuição de rendimentos. Os rendimentos médios mensais dos brancos (R$ 1.538) e amarelos (R$ 1.574) se aproximam do dobro do valor relativo aos grupos de pretos (R$ 834), pardos (R$ 845) ou indígenas (R$ 735).
Na razão entre os rendimentos de brancos/pretos e brancos/pardos, os maiores diferenciais estavam nos municípios com mais de 500mil habitantes. Entre as capitais, destacam-se: Salvador, com brancos ganhando 3,2 vezes mais do que pretos, Recife (3,0) e Belo Horizonte (2,9). Entre brancos e pardos, São Paulo (2,7) aparece no topo da lista, seguida por Porto Alegre (2,3). Em terceiro lugar estão empatadas Salvador, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde brancos têm um rendimento 2,3 vezes maior do que pardos".


Gilberto Freyre e o mito da "democracia racial"
Uma das fontes do mito da "democracia racial" é "Casa Grande e Senzala", embora, que fique claro, este seja um mito que se valeu de Gilberto Freyre, até inadvertidamente, e não criado por ele. O livro não descreve, em momento algum, um cenário idílico. "Patriarcalismo", "dominação", "escravismo" são termos utilizados pelo autor. Freyre diz explicitamente que a economia do açúcar abafou empreendimentos mais "democráticos" e levou à escravidão. Por exemplo, no trecho: 
"No Brasil, as relações entre os brancos e as raças de cor foram desde a primeira metade do século XVI condicionadas, de um lado pelo sistema de produção econômica - a monocultura latifundiária; do outro, pela escassez de mulheres brancas, entre os conquistadores. O açúcar não só abafou as indústrias democráticas de pau-brasil e de peles, como esterilizou a terra, numa grande extensão em volta aos engenhos de cana, para os esforços de policultura e de pecuária. E exigiu uma enorme massa de escravos. A criação de gado, com possibilidade de vida democrática, deslocou-se para os sertões. Na zona agrária desenvolveu-se, com a monocultura absorvente, uma sociedade semifeudal - uma minoria de brancos e brancarões dominando patriarcais, polígamos, do alto das casas-grandes de pedra e cal, não só os escravos criados aos magotes nas senzalas como os lavradores de partido, os agregados, moradores de casas de taipa e de palha vassalos das casas-grandes em todo o rigor da expressão". (Prefácio de Casa Grande e Senzala).
A democratização de que fala o autor se coloca como "democratização social", e tem o sentido da emancipação em relação à escravidão:
"A índia e a negra-mina a princípio, depois a mulata, a cabrocha, a quadrarona, a oitavona, tornando-se caseiras, concubinas e até esposas legítimas dos senhores brancos, agiram poderosamente no sentido de democratização social no Brasil" (Prefácio de Casa Grande e Senzala).
É preciso lembrar, também, o sentido revolucionário da obra de Freyre num momento (década de 1930) em que estavam em voga teorias racistas, que atacavam a presença do negro e do índio como fontes do atraso do Brasil e das dificuldades de o paíse se "civilizar". Tais teorias tiveram grande influência em políticas de "branqueamento", favoráveis à imigração europeia não só para abastecer de mão-de-obra o café e a indústria, mas como recurso para "melhorar a raça".

Leia também sobre A escravidão no Brasil



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