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27 março 2010

Participação no programa "Academia", da TV Justiça


Participação no programa "Academia", da TV Justiça, como debatedor, sobre o tema "Direito de resistência".
Clique aqui para assistir ao programa










LASSANCE, Antonio. Direito de resistência e desobediência civil. Brasília: STF, TV Justiça, 15 mar. 2010. Programa Academia. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=X3smWapC90A , http://www.youtube.com/watch?v=mPE-bq1ESCI&feature=related  e http://www.youtube.com/watch?v=W5l190WfwVo&feature=related Acesso em 25 mar. 2010.




O Brasil e seus tributos

Dados da carga tributária e uma análise de sua trajetória ao longo de 2002 a 2009 estão no estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

14 março 2010

O Chile nas mãos de Piñera
Antonio Lassance*
O que significa Sebastián Piñera para o Chile? Neoliberalismo na economia, gerencialismo na administração pública, tentativa de esvaziamento da"Concertación", diplomacia orientada para o dólar e o euro e polarização de posições ideológicas. Um presidente que pode ser aclamado pelo clube dos adeptos do Sr. Scrooge (o personagem de Dickens), que hoje em dia é assombrado pelo espírito de Milton Friedman.

Para citar este artigo (padrão ABNT)
LASSANCE, Antonio. O Chile nas mãos de Piñera. Carta Maior, São Paulo, 8 março 2010. Disponível em: < http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16435 > Acesso em: 14 março 2010.


O que significa Sebastián Piñera para o Chile?

Na economia, neoliberalismo

É certo que boa parte das "tarefas" neoliberais executadas no Chile o foram durante o Governo Pinochet - a propósito, um mestre em execuções. O ditador era adepto do fundamentalismo econômico liberal de Milton Friedman, da Universidade de Chicago. Friedman visitou e colaborou ativamente com o ditador e deu-lhe o gosto pelos "Chicago Boys" (os "garotos de Chicago"), alunos ou adeptos de Friedman e que olhavam para o departamento de Economia desta universidade como a uma Meca. A afinidade com este "espírito do capitalismo" levaria o ditador a tornar-se fã e amigo de Margareth Tatcher, figura imbatível como garota-propaganda do neoliberalismo, autora do bordão "não existe essa coisa de sociedade, o que existe são os indivíduos".

A derrota da "Concertación"

O gosto pelos "Chicago Boys" está de volta. A equipe do governo Piñera foi antecipadamente anunciada em fevereiro. Dos 22 ministros, 13 não têm filiação partidária, o que desagradou até a "Renovación Nacional" (partido do próprio Piñera) e a "Unión Demócrata Independiente" (UDI, de extrema-direita). Ambos têm apenas 4 representantes cada, o que pode ser um ingrediente futuro de tensão, sobretudo com a UDI. Os títulos de PhD que os ministros não partidários ostentam é mera perfumaria diante do essencial em seu currículo: a relação umbilical com os grandes grupos econômicos chilenos (ou baseados no Chile).

A vitória de Piñera, "strictu sensu", se explica pelo desgaste do modelo da Concertación, que tem como centro dois partidos: o Socialista (PS) e o Democrata-Cristão (DC). Ambos governaram o Chile desde os anos 90. Mas a indiferença à política de quase 30% dos chilenos (aquela idéia do "tanto faz se um ou outro") em relação ao processo eleitoral pesou decisivamente - em favor de Piñera. Havia também um cansaço diante do candidato Eduardo Frey, que sequer era mais do mesmo, e sim o mesmo do mesmo, tendo em vista já ter sido presidente. De modo mais amplo, porém, a vitória se explica pela permanência histórica do projeto pinochetista, que conseguiu criar as condições e os atores (extremamente ricos) interessados em uma "economia liberal, uma sociedade hierarquizada e uma cultura conservadora", como definiu o historiador Cristián Gazmuri ("El lugar de Pinochet en la historia. Una interpretación política de la experiencia autoritaria - 1973 a 1990").

Gerencialismo na administração pública

O padrão de autoritarismo tecnocrático pode dar fôlego à estratégia de Piñera, apesar da parca experiência política dos "Chicago boys". Primeiro, pelo fato de reviver o padrão pinochetista, ao qual parte dos chilenos está acostumada e do qual uma parcela é fervorosa adepta. Em segundo, é preciso levar em conta que o terremoto dá a Piñera o seu "11 de setembro": o tema da agenda que tende a ocupar espaço central em todo o seu mandato. Ele mesmo já disse que vai refazer seu programa para se adequar ao pós-terremoto. O resto pode ser embalado pela lógica de reconstruir o país sob novas bases. Assim, muitos dos aspectos negativos do que vier a ser implementado poderá justificar-se como efeito colateral do esforço de reconstrução.

Na administração pública, Piñera é a reedição do gerencialismo, adaptação do neoliberalismo à administração pública. Sua orientação pode seguir a linha agressiva do tatcherismo, significando: a) a substituição de serviços públicos pela gestão privada; b) o abuso do modelo de relação custo-benefício como critério de eficiência (reconhecidamente, um modelo limitado de gestão de políticas públicas e que, em várias áreas, produz resultados notória e comprovadamente perversos); c) a limitação do rol de direitos e sua transposição para a lista de oportunidades de exploração econômica empresarial. O jornal argentino "El Clarín" (14/2/2010) fez um detalhado "quem é quem" dos indicados e de suas ligações empresariais, o que emoldura o comentário do colunista deste jornal, Rafael Gumucio, de que o presidente "governará da única forma que a direita chilena sabe fazer: concebendo o país como a uma empresa", o que é uma definição sintética e precisa do gerencialismo. O detalhe é que, ao contrário de Tatcher ou Reagan, que eram políticos profissionais, Piñera é empresário profissional e político "por tabela", o que já o coloca na mira dos críticos que pretendem tipificar suas possíveis reformas econômicas como eivadas de conflitos de interesse. É o que dá razão à análise do professor Emir Sader, publicada em Carta Maior, comparando Piñera a Berlusconi ("O Berlusconi chileno").

Polarização

Na política, sua prioridade vem sendo a de desmantelar a Concertação. A tentativa de atrair políticos do atual governo para a sua futura equipe acirrou os ânimos e levou o PS e a DC a acusar de traição os que aceitassem o convite, além de ameaçar com a sumária expulsão dos quadros partidários. O fato sinaliza que a Concertação, apostando ou não no fracasso de Piñera, deve radicalizar suas posições, até como estratégia de sobrevivência. O aprendizado da derrota também se constitui em forte estímulo para que se delimite melhor as diferenças. A sucessão de Bachelet não teve características plebiscitárias, aspecto decisivo para a interrupção dos sucessivos mandatos da coalizão. Na diplomacia, o Chile deve continuar com sua política orientada pelo dólar e pelo euro. Recentemente, foi aceito na OCDE (Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico), "clube" dos países ricos, desenvolvidos e industrializados. O feito, conseguido no governo Bachelet, inclui, entre suas exigências, a de estabelecer penas para pessoas jurídicas que cometam crimes como lavagem de dinheiro.

Nas Américas, Piñera desenhou um eixo que divide o Continente e inclui, apenas, além do Chile, a Colômbia, de Álvaro Uribe, o Peru, de Alan García, e o México, de Felipe Calderón. Mas seu foco é menos o desse círculo restrito das Américas e mais o seleto grupo conservador europeu. Piñera deve figurar como parceiro privilegiado da ultradireita européia, que aguarda ansiosamente a vitória dos conservadores no Reino Unido para contarem com um possível porta-voz oficial do tatcherismo: David Cameron, do Partido Conservador, líder nas pesquisas de opinião, até o momento.

A mitologia sobre o Chile
O clube do Sr. Scrooge (o célebre personagem de Charles Dickens, inspiração,entre outros, do Tio Patinhas) precisa incessantemente de exemplos de "casos de sucesso", mesmo que sucesso controvertido, como aqueles campeonatos ganhos com gol de mão. O Chile tende a ser de novo colocado neste pedestal. Quiçá, até tomar o lugar da Universidade de Chicago como Meca do neoliberalismo. Por isso, o governo Piñera pode ter relevância para muito além das fronteiras deste país e de nosso continente. Exemplo recente do que pode acontecer foi a polêmica travada pela socióloga Naomi Klein contra o articulista do Wall Street Journal, Bret Stephens. Stephens havia dito, poucos dias após o terremoto, que "o espírito de Milton Friedman salvou o Chile" ("How Milton Friedman Saved Chile"). Por causa dele, as pessoas no Chile moravam em casas de tijolo, enquanto no Haiti se vivia ainda em casas de madeira, fáceis de serem derrubadas pelo lobo. Klein ("Milton Friedman did not save Chile": "Milton Friedman não salvou o Chile") respondeu a esta fábula lembrando que as principais diferenças entre o Chile e o Haiti eram, primeiro, em termos de desenvolvimento. O Chile já exibia um padrão socioeconômico muito superior não só ao do Haiti, mas ao dos demais países latinoamericanos, já nas décadas de 50 e 60. A segunda diferença, o rigoroso código de edificações chileno, exemplo básico da atividade de controle exercida pelo Estado, é obra do Governo Allende. O código é de 1972. A lógica impede que este fato seja atribuído a Pinochet, cujo governo é posterior (1973-1990). O irmão de Sebastián Piñera, José Piñera, que foi ministro do ditador, escreveu "Milton Friedman y sus Recomendaciones a Chile". Lá mesmo podemos ver que Friedman só começou a trabalhar para Pinochet a partir de 1975. A não ser que alguma coisa tenha mudado e ainda não tenhamos sido informados, algo que vem depois não pode ser causa de algo que vem antes.

Mais do que prosaico, o embate contra Bret Stephens demonstra o quanto o Clube Fundamentalista do Senhor Scrooge (CFSS) preparou-se, com artilharia pesada e desfaçatez, para criar uma mitologia a respeito do Chile. Uma mitologia que, mais uma vez, deforma sua história e não guarda o mínimo respeito a qualquer racionalidade que não seja a da maximização dos ganhos. Custe o que custar, ou, como dizia um ex-presidente daqui, "duela a quien duela".

* Antonio Lassance, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), professor de Ciência Política e assessor da Presidência da República. É um dos autores do livro “Tecnologia social: uma estratégia para o desenvolvimento”.

06 março 2010

Perguntas (MARCASSA)

Primeiro trabalho
Com base no texto, responda:
1) O que é a família e qual foi a importância da proibição do incesto para a criação dos laços de parentesco?
2) O que é o patriarcalismo e qual era a condição da mulher e dos filhos nas sociedades patriarcais? Que tipo de poder tinha o pai?
3) Como surge a propriedade privada e qual a importância do Estado para manter as relações de propriedade?

Texto de referência:
MARCASSA. A origem da família, da propriedade privada e do Estado - Friedrich Engels.
Clique aqui para abrir e ler o texto.

Orientações:
  • Para responder, use a opção, logo abaixo, de " postar um comentário".
  • Responda sem usar o "copiar e colar". Use suas palavras, mas também os conceitos utilizados pela autora do texto.
  • Revise o texto antes de enviar. Faça frases curtas e claras.
  • Lembre-se de identificar-se, com nome completo, matrícula e email, para que seu trabalho seja registrado e possa ser lançado em sua menção final.
  • Quaisquer dúvidas, basta mandar um email para lassanceblog@gmail.com
  • Prazo final: 19/3.
Bom trabalho.

05 março 2010

Federalismo

Biblioteca digital
Bibliografia básica
  • Federalismo à Brasileira (2012)   LINHARES, Paulo de Tarso, CRONEMBERGER, Constantino e LASSANCE, Antonio (organizadores). Federalismo à Brasileira: questões para discussão. Brasília/Rio de Janeiro: IPEA, 2013.
  • LASSANCE, Antonio. Poder Executivo: configuração histórico-institucional. In: INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Estado, instituições e democracia: República. Brasília: IPEA, 2010. Coleção Estado, instituições e democracia, Volume 1. Páginas 65-95. Leia
  • LASSANCE, Antonio. Federalismo e Democracia. In: Vitrais: Revista do programa de pós-graduação do Instituto de Ciência Política (IPOL) da Universidade de Brasília. Brasília: IPOL-UnB, 2009. Leia.
  • STEPAN, Alfred. Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia: federações que restringem e ampliam o poder do demos. Dados: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 42, n. 2, p. 197-251 , 1999. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581999000200001 Acesso em 10 abr 2010.
  • HAMILTON, Alexander, James MADISON, e John JAY. 1787-1788. The Federalist Papers. Disponível em: Pennsylvania State University. Acesso em 13 mai 2009. 
  • TEXAS UNIVERSITY. Understanding Federalist 51 . Houston: Universidade do Texas. Disponível em www.uh.edu/constitutionday/Federalist_51_NT.ppt Acesso em 10 outubro 2008. (apresentação de slides)
  • MADISON, James. O Federalista N.º 10. A Utilidade da União como Salvaguarda contra a Facção e Insurreições Domésticas. Disponível em: http://migre.me/wtW9 Acesso em: 13 mai 2009.
  • MADISON, James. O Federalista nº. 51: a estrutura do governo deve fornecer os freios e contrapesos ("checks and balances") adequados entre os diversos departamentos http://migre.me/wtZa
  • LASSANCE. Apresentação sobre Stepan. Slides sobre o texto de Alfred Stepan, "Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia". (1ª. parte). Disponível em: http://migre.me/wuh5 Disponível em 10 Abr 2010.
  • LASSANCE. Instituições e variáveis de análise. Slides sobre o texto de Alfred Stepan, "Para uma nova análise comparativa do federalismo e da democracia". (2ª. parte). Disponível em: http://migre.me/wu5X Acesso em 11 Abr 2010.
  • RABAT, Márcio Nuno. A Federação: centralização e descentralização do poder político no Brasil. Brasília: Câmara dos Deputados, 2002. Disponível em: http://migre.me/wus2 Acesso em: 11 abril 2010.
  • CAMPELO DE SOUZA, Maria do Carmo. Federalismo no Brasil: aspectos politicos-institucionais (1930-1964). Revista Brasileira de Ciências Sociais. Vol. 21, nº 61, junho de 2006. Disponível em: http://migre.me/wujp Acesso em 11 abr 2010.
  • ARRETCHE , Marta. Federalismo e democracia no Brasil: a visão da Ciência Política norteamericana. São Paulo em Perspectiva. São Paulo, vol.15(4) 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/spp/v15n4/10369.pdf Acesso em 11 abr 2010.
  • ABRUCIO, Fernando Luiz. A coordenação federativa no Brasil: a experiência do período FHC e os desafios do Governo Lula. Revista Brasileira de Sociologia Política. Curitiba, 24, p. 41-67, jun. 2005. Disponível em: http://migre.me/wuv1 Acesso em: 11 abril 2010.
  • LEVY, Evelyn. Ganhar e ganhar: estratégias de negociação bem-sucedidas entre municípios, estados e União. São Paulo, Pólis; Programa Gestão Pública e Cidadania/EAESP/FGV, 2001. Disponível em: http://migre.me/wuB5 Acesso em: 11 abril 2010.
  • DRAIBE, Sônia M. A Reforma da Educação no Brasil: A experiência da descentralização de recursos no ensino fundamental. In: MARTINIC, Sergio et al. (eds.). Reformas en educación y salud en América Latina y el Caribe. Santiago de Chile: Cide/Ilades/BID/CIID, 1999.Disponível em http://migre.me/wuIH Acesso em: 11 abr 2010.

 Bibliografia complementar